Este é um espaço de reflexão sobre as redes sociais e virtuais. Ele é coordenado pelo Laboratório de Mídia e Conhecimento da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. O LABmídia é integrante do Grupo de pesquisa em Mídia e Conhecimento (CNPq/UFSC).
Nos anos 90, na ânsia de combater a exclusão digital e testar uma hipótese pedagógica, o Dr. Sugata Mitra, chefe de pesquisa e desenvolvimento numa empresa indiana, começou um experimento e, seguindo a premissa onde a inclusão digital é um dever de todos, iniciou o projeto denominado a “The Hole in The Wall” - O Buraco no Muro.
Mitra instalou um computador com internet totalmente liberada em um muro de uma região carente em Nova Deli, na época o equipamento era inacessível ao público da região, a ideia era observar o que aconteceria sem qualquer instrução formal de utilização.
Como resultado, foi incrível constatar o quanto e principalmente as crianças obtiveram um aprendizado rápido e autônomo, mostrando que a curiosidade e o acesso à informação traz curvas inimagináveis para a evolução no ser humano Trecho do documentário
No documentário podemos ouvir relatos das crianças e observar o novo mundo que estava desenvolvendo-se no íntimo de cada criança, transformações que com certeza mudariam as perspectivas de visão de futuro e aprendizagem das próximas gerações.
Imagem 1 - Dr. Sugata Mitra
Mais do que um simples movimento de inclusão digital, o documentário traz reflexões importantes sobre o acesso da população carente a tecnologia e o desenvolvimento das futuras gerações. Além de uma crítica ao sistema educacional e governamental mostrando que, com as motivações certas, podemos destravar a capacidade intelectual de um indivíduo.
O muro simboliza a divisão física e socioeconômica entre a tecnologia e a pobreza, além de uma barreira institucional imposta para a classe. Com a quebra dessa “barreira” as crianças, que nunca tinham visto um computador em suas vidas, rapidamente se unem num aprendizado informal e colaborativo entre eles demonstrando um gigantesco potencial resolutivo.
Por fim, O “Buraco no Muro" é um documentário poderoso sobre a agilidade, evolução e aprendizado da mente humana e uma crítica a arcaicas práticas educacionais em diversas regiões do mundo. A experiência do Dr. Mitra demonstra que, quando as barreiras são removidas e o acesso é garantido a todos, a auto-motivação e a inteligência coletiva florescem. O documentário não só provou a eficácia do modelo, mas também mostra uma visão esperançosa de que a educação de qualidade pode ser alcançada por todos. Basta apenas um computador, um buraco no muro e a crença inabalável na curiosidade humana.
Disciplina: EGC5020 - Redes Sociais e Virtuais Autora: Alice Oliveira da Silva Matrícula: 19102410
(Fanart de Aelin Galathynius, personagem da saga Trono de Vidro)
Se você é fã de fantasia e romantasia como eu, com certeza já se perdeu nas páginas de sagas como Trono de Vidro, Quarta Asa ou Corte de Espinhos e Rosas. A experiência de leitura é imersiva, mas o que acontece quando a imaginação encontra a tecnologia? Nos últimos anos, uma revolução silenciosa, impulsionada pela Inteligência Artificial (IA) generativa, tem transformado a forma como os fãs interagem com seus universos literários favoritos, especialmente no vibrante cenário do BookTok.
Do livro à tela: a ascensão do bookTok e da fanart
Para entender essa transformação, é preciso olhar para o BookTok, a comunidade literária que explodiu no TikTok. Com a hashtag global acumulando cerca de 215 bilhões de visualizações e a versão brasileira, #BookTokBrasil, ultrapassando 20 bilhões (MACHADO, 2024), a plataforma se tornou um motor de vendas e um espaço de engajamento sem precedentes. O sucesso de um livro pode "estourar nas livrarias" rapidamente, impulsionado por vídeos curtos e apaixonados.
Essa febre digital deu origem a uma cultura intensa de fanarts, onde leitores talentosos buscam materializar suas visões de personagens e cenas. É aqui que a IA generativa entra em cena, atuando como uma ferramenta poderosa e acessível.
Materializando a fantasia com IA de imagem e vídeo
A IA de imagem e vídeo permite que leitores e criadores de conteúdo transformem descrições textuais complexas em representações visuais impressionantes. Não é mais necessário dominar pincéis digitais ou técnicas de animação; um prompt bem elaborado pode invocar a imagem de um dragão imponente ou de um casal de romantasia em um cenário épico.
Essa capacidade de "materializar" a fantasia tem um impacto profundo na experiência de leitura. O engajamento dos fãs é amplificado, pois eles podem compartilhar e debater suas interpretações visuais com uma velocidade e facilidade inéditas. A IA atua como uma ponte entre a imaginação individual e a comunidade, permitindo que a visualização de um leitor se torne a realidade compartilhada de milhares.
(No primeiro vídeo, fanart da saga Corte de Espinhos e Rosas; No segundo vídeo, fanart da saga Quarta Asa)
O lado sombrio da magia: desafios éticos
Apesar do potencial criativo, o uso da IA generativa no fandom não está isento de dilemas éticos. O principal ponto de atrito reside nos direitos autorais. Muitos modelos de IA são treinados em vastos conjuntos de dados que incluem obras protegidas, levantando a questão da violação de direitos e da indefinição sobre a autoria das criações geradas (RODOLFO, 2025).
Além disso, há a preocupação com os vieses algorítmicos. Se a IA é treinada em dados predominantemente eurocêntricos ou heteronormativos, ela pode perpetuar representações enviesadas, limitando a diversidade e a inclusão que muitos fãs buscam nas narrativas alternativas. A geração de imagens que se assemelham a atores ou pessoas reais também levanta sérias questões sobre o direito de imagem e o consentimento.
Criatividade e responsabilidade: um caminho equilibrado
A IA generativa é uma ferramenta, e como toda ferramenta, seu valor reside no uso que se faz dela. Em vez de ver a IA como uma ameaça, podemos encará-la como um catalisador. Ela pode liberar tempo para a criatividade e a análise crítica, permitindo que os fãs explorem e expandam as narrativas de formas inovadoras.
O caminho a seguir exige responsabilidade. É fundamental que a comunidade de fãs e criadores de conteúdo se engaje em um debate ético contínuo, buscando diretrizes claras que equilibrem inovação e a proteção dos direitos autorais e humanos. Ao usar a IA de forma consciente, respeitando as obras originais e promovendo a diversidade, o fandom de fantasia e romantasia pode continuar a florescer, usando a tecnologia para tornar seus mundos imaginários ainda mais vívidos e compartilháveis.
RODOLFO, Bruno. Implicações Éticas das Tecnologias de Inteligência Artificial: Direitos Autorais, Privacidade, Segurança e Regulação. Comunicação e Sociedade, Braga, v. 47, p. 1-19, 5 jun. 2025. DOI: 10.17231/comsoc.47(2025 ).6088. Disponível em: https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6088. Acesso em: 17 nov. 2025.
A autora declara que foram utilizadas as ferramentas de inteligência artificial Notebook LM e Manus AI durante a elaboração deste trabalho. Estas ferramentas foram empregadas especificamente para o refinamento e ajuste textual, visando aprimorar a clareza e a coesão. A autora revisou e assume total responsabilidade pelo conteúdo final apresentado.
Sem dúvida as redes sociais são uma ferramenta muito importante na democratização da comunicação, acesso a informações e compartilhamento de opiniões. No entanto, com a facilitação do acesso a está ferramenta, os algoritmos mais complexos e focados em entregar conteúdos cada vez mais nichados a fim reter os usuários por mais tempo, é perceptível que a sociedade tem se dividido em tribos de forma mais rápida e radical do que nunca antes.
Fonte: Getty Images
Essa radicalização é causada e potencializada pelas seguintes questões:
* Criação de bolhas de conteúdo:
O fenômeno de grupos com crenças diferentes é muito mais antigo do que as redes sociais, mas com a existência delas esses grupos conseguem se conectar com mais facilidade, então as "bolhas de eco", um ambiente onde todos pensam igual e repercutem o mesmo discurso reforçando as crenças pré-estabelecidas se tornam muitos maiores, criando a sensação de que uma visão nichada e específica de mundo é compartilhada por todos.
* Popularização de aplicativos com vídeos curtos:
Para entender qual a influencia desses aplicativos, como Tiktok, Instagram Reels, é preciso entender como as redes sociais sugerem conteúdo para seus usuários. Como a sugestão é entregue conforme os conteúdos já consumidos, o fato de agora os conteúdos serem mais rápidos tornam o processo de aprendizado do algoritmo acelerado. Dessa forma, segundo um estudo da Universidade Dublin em 2024, um jovem que acessa o Tiktok e engaja com conteúdos de bolhas radicais por 2 horas, tem 77% das recomendações seguintes ligadas a essa bolha.
* Aumento do Isolamento social:
O aumento do isolamento social, advindo da sociedade pós pandemia e a digitalização social contribui muito para a radicalização por meio das redes, pois com o este, a única forma pela qual o indivíduo percebe a sociedade é por meio das opiniões que vê nas redes, e uma vez dentro de uma "bolha de eco" o comportamento se tornará cada vez mais radical. Com isso em vista, os grupos que costumam mais se radicalizar dentro das redes são, jovens que não tem um convívio fora das redes sociais e idosos que já não tem mais tanta proximidade com a família e encontram nesses grupos online, seja no Whatsapp ou Discord um local onde podem socializar e sentir que suas opiniões são aceitas.
Fonte: Financial Times
O processo de oposição entre tribos diferentes sempre foi natural, porém com o advento das redes sociais foi potencializado, principalmente pelo ponto de vista de tornar todas as opiniões cada vez mais nichadas e extremas. Olhando para situação na prática, um jovem que acessa as redes sociais hoje, e passa a se aprofundar em uma bolha, tem acesso a um número tão grande de pessoas que tem um opinião similar, que até mesmo visões de mundo extremamente radicais considerando a população como um todo se tornam um consenso dentro da bolha.
A Inteligência artificial no auxílio à venda
de ingressos e no atendimento pré-evento
Disciplina: EGC5019 Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Autor: Diego de Souza Mendes
Matrícula: 22250219
1. Transformação Digital no Setor de Eventos
O setor de eventos especialmente o universitário, passou por mudanças
significativas nos últimos anos, seja impulsionado pela digitalização ou pela
aparição de novas ferramentas tecnológicas. O público não deseja apenas comprar
ingressos online, mas também espera que todo o processo seja feito através de
uma forma mais rápida, fácil e sem frustrações. A comunicação que antigamente
dependia exclusivamente de atendimentos individuais, agora estão sendo substituídas
por sistemas automatizados que respondem em segundos o que antes se levava
alguns minutos. Nessa perspectiva, a Inteligência Artificial (IA) veio como
protagonista oferecendo suporte tanto na venda de ingressos quanto no
atendimento pré-evento. A sua presença não é mais um diferencial, mas sim uma
necessidade para que organizadores, comissários e equipes de venda lidem de
forma satisfatória com a demanda crescente e com o perfil exigente dos
consumidores.
A
convergência entre plataformas digitais e IA permite que os eventos ofereçam
uma experiência eficiente desde o primeiro contato. Isso reflete uma mudança de
mentalidade: não se trata apenas de vender um ingresso, mas de proporcionar ao
público uma jornada informativa clara, contínua e acessível. Essa transformação
amplia o alcance das festas, melhora a organização e fortalece a imagem dos
eventos perante o público.
2. IA como Facilitadora na Venda de Ingressos
Vender ingressos
sempre foi uma etapa crucial para o sucesso de qualquer evento. Com a implementação
da IA, isso se torna mais rápido, organizado. Adicionar chatbots às redes sociais e plataformas de venda facilita
enviar, em poucos segundos, links para a compra, verificar a disponibilidade dos
lotes, informar mudanças de preço e até explicar diferenças entre tipos de
ingressos quando há variações nos setores.
Outro ponto
fundamental é a capacidade da IA de identificar sinais de intenção. Sempre que
alguém interagir com um botão, visitar uma página de compra ou fazer uma
pergunta sobre lotes, o sistema pode registrar esse interesse. Com isso é
possível acionar mensagens automáticas lembrando a pessoa da virada de lote, da
proximidade do evento ou até do encerramento das vendas. Esse acompanhamento
aumenta as chances de conversão e reduz a desistência por esquecimento ou falta
de informação.
Essa
automação ajuda a evitar erros comuns, informações desencontradas, valores
incorretos e respostas confusas recorrentes do atendimento manual. Com a IA, a
padronização das respostas e a organização dos dados oferecem maior segurança
para o comprador, que se sente mais confiante no decorrer do processo. Isso é
especialmente importante em ambientes universitários, onde a reputação de quem
vende como comissários influencia diretamente na decisão do público.
Imagem gerada por IA
3. Atendimento Pré-Evento Automatizado
O período
que antecede o evento é sem dúvida, o momento que mais aparecem dúvidas como: “que
horas abre?”, “pode entrar depois?”, “qual é o local exato?”, “o que pode
levar?”, “pode entrar com mochila?”, “precisa de documento físico?” e muitas
outras dúvidas se repetem dezenas de vezes, principalmente quando o evento
atrai grande público.
Chatbots
equipados com IA são capazes de responder instantaneamente essas perguntas e
tantas outras em questão de segundos, reduzindo o tempo de espera do
participante e garantindo que todos tenham acesso às mesmas informações. A
disponibilidade 24 horas é especialmente relevante para o público jovem, que
envia mensagens em horários variados, inclusive madrugada, quando dificilmente
há alguém disponível para responder manualmente.
Além disso,
o atendimento automatizado ajuda a diminuir a sobrecarga das pessoas.
Organizadores e comissários deixam de gastar horas respondendo várias perguntas
repetidas e passam a focar em atividades mais estratégicas, como
relacionamento, divulgação e resolução de situações específicas. Para o público
em geral, isso significa receber informações completas, padronizadas e
confiáveis, o que diminui inseguranças e evita problemas de última hora.
4. Impacto na Experiência do Público
A IA não
apenas agiliza processos: ela transforma a experiência da pessoa. Com
respostas imediatas, notificações relevantes e informações claras, o público se
sente mais preparado e mais confiante. Quanto menos incertezas, maior a
satisfação e isso se reflete tanto no pré-evento quanto na entrada.
Quando uma pessoa chega ao evento sabendo exatamente que documento levar, onde fica
o local, o que é permitido e qual o horário de abertura, as chances de
enfrentar problemas diminuem. Isso reduz filas, evita discussões e melhora a
imagem da organização. A experiência do usuário é ampliada não apenas pelo que
acontece dentro do evento, mas pela forma como ele foi preparado antes de
chegar lá.
AIA, nesse
sentido, atua como uma ponte entre o evento e o público, garantindo que a
comunicação funcione mesmo quando os organizadores não estão disponíveis.
5. Interação entre IA e Atendimento Humano
Mesmo com
todos os avanços tecnológicos, o papel humano continua fundamental. A IA pode
responder dúvidas simples e automatizadas, mas situações que envolvem
negociação, confiança, improviso ou sensibilidade ainda exigem contato humano.
O público reconhece isso e muitas vezes prefere conversar diretamente com uma
pessoa para assuntos mais complexos: como troca de titularidade, dúvidas
específicas sobre lotes ou informações que não constam no chatbot.
A atuação
dos comissários, nesse contexto, se torna ainda mais estratégica. Em vez de
gastar energia com perguntas repetitivas, eles conseguem focar nas conversas
que realmente fazem diferença, fortalecendo sua credibilidade e aumentando suas
vendas. A IA funciona como um apoio, aliviando a carga operacional e permitindo
que a parte humana brilhe onde ela é insubstituível.
6. Desafios e Cuidados no Uso da Inteligência
Artificial
Apesar dos
benefícios, o uso da IA exige atenção. Um chatbot com uma configuração errada
pode gerar informações incorretas, orientações confusas ou respostas
inadequadas. Caso ocorra essa má configuração, essa ação pode prejudicar a
experiência do público e em certos casos acabar comprometendo a imagem do
evento. Outra questão muito delicada envolve a segurança de dados: é
fundamental que as informações coletadas sejam utilizadas de forma responsável
e protegidas por boas práticas de privacidade. Além disso, é indispensável que
todo o processo esteja em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD), garantindo transparência, consentimento adequado e tratamento seguro
das informações dos usuários. Além disso, a IA não possui compreensão
emocional. Situações que envolvem frustração, reclamações ou conflitos exigem
delicadeza e empatia algo que somente o atendimento humano pode oferecer. Por
isso, é importante construir um equilíbrio entre automação e acompanhamento
humano, garantindo que o atendimento seja completo, confiável e empático.
Considerações finais
A
Inteligência Artificial hoje em dia é uma ferramenta indispensável na venda de
ingressos e no atendimento pré-evento. Com a boa utilização dela se otimiza
processos, melhora a comunicação, aumenta as vendas e eleva significativamente
a experiência do público. Mas na sua contrapartida seu potencial só é melhor
aproveitado quando combinado com o atendimento humano, criando um sistema
híbrido que combina eficiência tecnológica com sensibilidade e confiança. O
futuro dos eventos perpassa por essa interação entre pessoas e máquinas e quem
souber integrar ambas as dimensões de forma adequada estará mais preparado para
atender às expectativas de um público cada vez mais conectado e exigente.
Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: durante a preparação deste trabalho, o autor utilizou ferramentas de IAG (Exemplos: ChatGPT, Gemini, outros) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. O autor assume total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.
Brain rot ou “cérebro podre”, é uma gíria da internet que se tornou um fenômeno relacionado à saúde dos indivíduos, não um diagnóstico clínico, mas trata da sensação de névoa mental, perda de foco e empobrecimento do pensamento causada pelo consumo excessivo de conteúdo superficial de baixa complexidade nas redes.
Veja a seguir um vídeo rápido explicando o que é brain rot e como evitar.
O termo ganhou destaque em 2024 ao ser eleito Palavra do Ano pela Oxford University Press, porém já havia sido utilizada em 1854, em Walden, de Henry David Thoreau, o autor criticava a falta de valorização de ideias complexas, comparando o brain rot ao apodrecimento de batatas na Inglaterra.
Imagem mostrando frequencia do uso da palavra brain rot.
Imagem da frequência do uso da palavra brain rot em 2024.
➤ O que a ciência diz sobre a causa e as consequências
Mesmo não sendo um diagnóstico clínico, há evidências de que os maus hábitos de uso das telas geram impactos físicos e químicos no cérebro, isso ocorre porque o cérebro humano tende a economizar energia, preferindo atividades com baixo gasto de energia. Assim, o uso excessivo das redes sociais cria um ciclo de recompensa de dopamina no qual o sistema neural recebe estímulos constantes e prazerosos, não querendo realizar tarefas mais complexas, como leitura, estudo ou atividades que exigem atenção profunda, de tal forma as redes se tornam uma distração fácil, imediata e muito atrativa. Pesquisas indicam que a redução da atenção, paciência, foco, memória e capacidade de aprendizado pode estar associada ao consumo digital massivo. O uso prolongado de telas está relacionado a mudanças estruturais e funcionais no cérebro, incluindo a redução da densidade de massa cinzenta, região responsável por funções como memória e raciocínio.
A Figura mostra como o aumento do tempo de exposição à televisão, medido ao longo de 20 anos, se relaciona com mudanças no cérebro de 599 participantes, vemos que a cada de 1 desvio-padrão no tempo assistindo TV está associado a uma redução no escore z do volume de massa cinzenta, uma medida usada para comparar o tamanho ou integridade de regiões cerebrais em relação à média da população. Isso sugere que hábitos prolongados de sedentarismo cognitivo podem estar ligados a alterações estruturais cerebrais, reforçando a importância de atividades intelectualmente ativas e diversificadas.
Esses efeitos tornam-se ainda mais preocupantes durante o desenvolvimento infantil, período em que o cérebro passa por intensa maturação, o excesso de telas pode dificultar desenvolvimento de padrões cognitivos, reduzindo o interesse por interações sociais e outras atividades fora das telas.
➤ Brain rot além do entretenimento, também como ferramenta de estudo
Na educação surgiram os vídeos de “brain rot”, forma criada pelos estudante para tentar enfrentar a dificuldade de concentração, como estratégia de estudo transformam conteúdos densos em vídeos curtos e altamente estimulantes, onde vídeos de jogos com áudios de leitura automatizada passam o conteúdo de estudo, assim como os vídeos de entretenimento vistos nas redes sociais, isso usando de ferramentas como: Coconote, PDF to Brain Rot e TurnoLearn AI. No entanto, essa tática pode ter impacto no desenvolvimento cognitivo, visto que o aluno pode se acostumar a leitura acelerada, não desenvolvendo habilidades de análise e interpretação devido a simplificação dos conteúdos, gerando uma falsa sensação de aprendizado.
O brain rot é mais do que uma gíria, tornou-se um indicador da superficialidade resultante da velocidade do consumo de conteúdo digital.
Diante da crise de atenção na era digital, o papel da educação se destaca ainda mais como pilar da formação do pensamento crítico, mostrando como é importante desenvolver as habilidades necessárias para o uso consciente, crítico e responsável da tecnologia.
A relevância que palavras brainrot teve em 2024 reforça o modelo de negócios das redes sociais baseado em maximizar o tempo de engajamento e vender a atenção, na qual conteúdos banais se tornam virais enquanto temas relevantes perdem espaço. Esse fenômeno empobrece a capacidade crítica, favorece a desinformação e torna evidente a urgência de repensarmos nossa relação com a tecnologia, para protegermos a saúde mental e o bem-estar diante de estímulos digitais cada vez mais intensos.
6. NEUROCIÊNCIA EM DOBRO. Como a tecnologia está afetando sua memória. YouTube, 2024. Disponível em: https://youtu.be/dY2sJxCW6WQ. Acesso em: nov. 2025.
7. NEUROCIÊNCIA EM DOBRO. Como o excesso de estímulos muda o cérebro. YouTube, 2024. Disponível em: https://youtu.be/xWkbCaGh4ys. Acesso em: nov. 2025.
11. YOUSEF, A. M. F. et al. Demystifying the New Dilemma of Brain Rot in the Digital Era: A Review. Brain Sciences, v. 15, n. 3, p. 283, 2025. Disponível em: https://www.mdpi.com/2076-3425/15/3/283. Acesso em: nov. 2025.
Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: durante a preparação deste trabalho, a autora utilizou ferramentas de IAG (Exemplos: ChatGPT, Gemini, outros) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. A autora assume total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.
O
início do uso de tecnologia no ambiente acadêmico veio com a inserção de
computadores no ensino, depois com aplicativos e finalmente em dispositivos
portáteis simplificando atividades, o acesso à informação se tornou mais fácil
e o conhecimento melhor estruturado e organizado facilitando o aprendizado, todavia
com o crescimento mundial da internet, novos paradigmas surgiram, nos últimos anos
com o boom das redes sociais as opiniões quanto ao seu impacto nos estudos - principalmente
das crianças - foram ambíguas enquanto alguns alegavam que as redes só serviam
para desconectar os alunos das aulas e torná-los preguiçosos outros viam a gama
de novas possibilidades que elas traziam como o acesso mais democrático a
informação, a possibilidade de estar conectado com os alunos mesmo fora da sala
de aula.
No
documentário Uma escola entre redes sociais (produzido pelo
observatório jovem/UFF de 2013) eles trazem depoimentos de alunos e professores
quanto ao uso de redes sociais, é interessante ouvir a opinião dessas pessoas
doze anos antes de medidas nacionais como a proibição de celulares em escolas
terem que ser tomadas, os jovens se mostram muito animados com a possibilidade
de ter acesso à informação através das redes e com a nova forma de interação
com os colegas, já os professores se mostram receosos quanto aos efeitos das redes
em sala de aula, alguns gostam de poder interagir com os alunos de forma mais descontraída
enquanto outros se sentem “atrasados” pois não são tão ativos. O documentário também
traz como pauta a necessidade de privacidade já que alunos e professores dizem
se policiar mais nas redes em perfis de interação entre si.
Mais atualmente a utilização de Inteligência Artificial (IA) na educação vem se
destacando como uma tendência promissora, capaz de mudar significativamente como
as pessoas adquirem conhecimento.A
utilização da IA na educação pode ser realizada de diversas formas, desde a
criação de sistemas de ensino personalizados, como foi feito em uma escola em Maranhão, até a simplificação de tarefas, como correção de provas e avaliações. Um dos principais
benefícios da IA na educação é a possibilidade de personalização do ensino.Com o uso de algoritmos de machine learning,
por exemplo, é possível criar sistemas que analisam o desempenho de cada aluno individualmente,
identificando pontos fortes e fracos e adaptando o conteúdo segundo as necessidades
específicas de cada um.
Por
fim as redes sociais e as IA’s vieram para ficar e cabe a nós como sociedade
encontrar formas de gerir elas de maneira a minimizar seus prejuízos,
recentemente saiu o resultado de um estudo que mostrou o impacto da proibiçãode celulares nas escolas que eu citei acima, os resultados são que 83% dos
alunos declararam uma melhora na atenção durante as aulas o que é um ótimo resultado
mas em contra partida eles também tem sentido mais tedio (principalmente entre
os alunos do fundamental), e os professores também relatam o aumento na ansiedade
dos alunos, o estudo ainda diz que ouve diminuição no cyberbullying apesar de
nesse último parâmetro os professores e gestores terem sentido uma mudança
maior que os alunos o que pode ser motivado por casos não reportados. Ainda assim
são resultados promissores que marcam apenas o início de uma longa jornada de
regulação.
Referências:
Trajano,
J. R., & Pinho, A. M. (2024). INTERFERÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO
ATRAVÉS DOS ALGORITMOS . Revista Ibero-Americana De Humanidades,
Ciências E Educação, 10(6), 2249–2263. https://doi.org/10.51891/rease.v10i6.14486
dos
Santos, A. A., Lucio, E. O., Barbosa, V. G., Barreto, M. S., Alberti, R., da
Silva, J. A., Joerke, G. A. O., Placido, R. L., Placido, I. T. M. P., &
Saraiva, M. do S. G. (2023). A aplicação da inteligência artificial (ia) na
educação e suas tendências atuais. Cuadernos De Educación Y Desarrollo
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WERHMULLER,
Claudia Miyuki; SILVEIRA, Ismar Frango. Redes sociais como ferramentas de apoio
à Educação. Revista de Ensino de Ciências e Matemática, [S.L.], v.
3, n. 3, p. 594-605, 1 out. 2012. Cruzeiro do Sul Educacional. http://dx.doi.org/10.26843/rencima.v3i3.522.