Este é um espaço de reflexão sobre as redes sociais e virtuais. Ele é coordenado pelo Laboratório de Mídia e Conhecimento da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. O LABmídia é integrante do Grupo de pesquisa em Mídia e Conhecimento (CNPq/UFSC).
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Brain rot: desvalorização do foco ou a nova ferramenta de aprendizagem
Disciplina: EGC 5019 - Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Brain rot ou “cérebro podre”, é uma gíria da internet que se tornou um fenômeno relacionado à saúde dos indivíduos, não um diagnóstico clínico, mas trata da sensação de névoa mental, perda de foco e empobrecimento do pensamento causada pelo consumo excessivo de conteúdo superficial de baixa complexidade nas redes.
Veja a seguir um vídeo rápido explicando o que é brain rot e como evitar.
O termo ganhou destaque em 2024 ao ser eleito Palavra do Ano pela Oxford University Press, porém já havia sido utilizada em 1854, em Walden, de Henry David Thoreau, o autor criticava a falta de valorização de ideias complexas, comparando o brain rot ao apodrecimento de batatas na Inglaterra.
Imagem mostrando frequencia do uso da palavra brain rot.
Imagem da frequência do uso da palavra brain rot em 2024.
➤ O que a ciência diz sobre a causa e as consequências
Mesmo não sendo um diagnóstico clínico, há evidências de que os maus hábitos de uso das telas geram impactos físicos e químicos no cérebro, isso ocorre porque o cérebro humano tende a economizar energia, preferindo atividades com baixo gasto de energia. Assim, o uso excessivo das redes sociais cria um ciclo de recompensa de dopamina no qual o sistema neural recebe estímulos constantes e prazerosos, não querendo realizar tarefas mais complexas, como leitura, estudo ou atividades que exigem atenção profunda, de tal forma as redes se tornam uma distração fácil, imediata e muito atrativa. Pesquisas indicam que a redução da atenção, paciência, foco, memória e capacidade de aprendizado pode estar associada ao consumo digital massivo. O uso prolongado de telas está relacionado a mudanças estruturais e funcionais no cérebro, incluindo a redução da densidade de massa cinzenta, região responsável por funções como memória e raciocínio.
Figura mostrando diferença no escore z da ressonância magnética do cérebro para cada aumento de 1 desvio-padrão no tempo de exposição à televisão, de 599 participantes durante 20 anos.
Esses efeitos tornam-se ainda mais preocupantes durante o desenvolvimento infantil, período em que o cérebro passa por intensa maturação, o excesso de telas pode dificultar desenvolvimento de padrões cognitivos, reduzindo o interesse por interações sociais e outras atividades fora das telas.
➤ Brain rot além do entretenimento, também como ferramenta de estudo
Na educação surgiram os vídeos de “brain rot”, forma criada pelos estudante para tentar enfrentar a dificuldade de concentração, como estratégia de estudo transformam conteúdos densos em vídeos curtos e altamente estimulantes, onde vídeos de jogos com áudios de leitura automatizada passam o conteúdo de estudo, assim como os vídeos de entretenimento vistos nas redes sociais, isso usando de ferramentas como: Coconote, PDF to Brain Rot e TurnoLearn AI.
No entanto, essa tática pode ter impacto no desenvolvimento cognitivo, visto que o aluno pode se acostumar a leitura acelerada, não desenvolvendo habilidades de análise e interpretação devido a simplificação dos conteúdos, gerando uma falsa sensação de aprendizado.
➤ Conclusão
O brain rot é mais do que uma gíria, tornou-se um indicador da superficialidade resultante da velocidade do consumo de conteúdo digital.
Diante da crise de atenção na era digital, o papel da educação se destaca ainda mais como pilar da formação do pensamento crítico, mostrando como é importante desenvolver as habilidades necessárias para o uso consciente, crítico e responsável da tecnologia.
A relevância que palavras brainrot teve em 2024 reforça o modelo de negócios das redes sociais baseado em maximizar o tempo de engajamento e vender a atenção, na qual conteúdos banais se tornam virais enquanto temas relevantes perdem espaço. Esse fenômeno empobrece a capacidade crítica, favorece a desinformação e torna evidente a urgência de repensarmos nossa relação com a tecnologia, para protegermos a saúde mental e o bem-estar diante de estímulos digitais cada vez mais intensos.
YOUSEF, A. M. F. et al. Demystifying the New Dilemma of Brain Rot in the Digital Era: A Review. Brain Sciences, v. 15, n. 3, p. 283, 2025. Disponível em: https://www.mdpi.com/2076-3425/15/3/283.
Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: durante a preparação deste trabalho, a autora utilizou ferramentas de IAG (Exemplos: ChatGPT, Gemini, outros) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. A autora assume total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.
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