domingo, 30 de abril de 2023

A tecnologia como ferramenta facilitadora: Acesso à educação e mercado de trabalho para pessoas com deficiência

A tecnologia como ferramenta facilitadora: A ampliação do acesso à educação e mercado de trabalho para pessoas com deficiência

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais (EGC5020)
Aluna: Ana Clara Tripoloni de Souza (19102387)

Imagem autoral desenvolvida no Canva


Cenário brasileiro de pessoas com deficiência e os principais desafios



Segundo dados divulgados pelo o último censo feito pelo IBGE em 2010, cerca de 24% da população brasileira, o que equivale a quase 46 milhões de pessoas, possui algum grau de dificuldade em habilidades como enxergar, ouvir, caminhar ou subir escadas, além de deficiência mental ou intelectual. O IBGE considera “pessoa com deficiência” aqueles que relatam muita dificuldade em pelo menos uma dessas habilidades (IBGE, 2010).


Entretanto, por mais que o país tenha um elevado número de pessoas com deficiência elas ainda enfrentam diversas dificuldades em relação a inclusividade, acesso à educação e inclusão no mercado de trabalho. De acordo com os dados de pesquisa divulgados em 2019 pelo IBGE, o índice de participação dessa população no mercado de trabalho era de 28,3%, sendo menor do que a de pessoas sem deficiências, que é de 66,3%. De forma que, sete em cada dez pessoas com alguma deficiência estão fora do mercado de trabalho. Essas lacunas ainda podem ser percebidas em relação a remuneração, pois enquanto pessoas sem deficiência tem um rendimento médio de R$ 2.619, pessoas com alguma deficiência possuem um rendimento médio de R$ 1.639 mensais.








A tecnologia como facilitadora da inclusão na educação de pessoas com deficiência

Fonte: Euro Anglo (2020).


Levando em consideração os dados apresentados, alguns meios vêm sendo desenvolvidos na sociedade para facilitar o acesso destas pessoas no mercado de trabalho e possibilitar que elas tenham maior acesso à educação, a tecnologia tem facilitado a vida das pessoas em diversas áreas, desde mecanismos simples como talheres até dispositivos mais complexos como computadores e telefones celulares. Na área educacional, especialmente na educação especial, há uma crescente atenção para o uso de tecnologia, a socialização e o ambiente computacional promovem mudanças significativas no desenvolvimento do aluno, permitindo a colaboração com outros alunos e com o professor para produzir algo que não poderia ser alcançado sozinho (TRINDADE, 2016). 


As tecnologias de informação e comunicação têm sido classificadas de diversas formas, dependendo dos objetivos de cada explorador. Desse modo, a evolução tecnológica tem sido cada vez mais direcionada para beneficiar a humanidade, com destaque para a educação especial. A colaboração e o trabalho em conjunto entre os alunos e o professor, juntamente com o uso de tecnologias, proporcionam um ambiente propício para o desenvolvimento do aluno e sua aprendizagem significativa (TRINDADE,2016).



A tecnologia como facilitadora da inserção no mercado de trabalho pessoas com deficiência


Fonte: Mapfre (2021)

A tecnologia pode atuar como uma grande facilitadora da inserção no mercado de trabalho de pessoas com deficiência. Isso ocorre porque a tecnologia oferece uma série de recursos e ferramentas que podem ajudar a superar barreiras físicas e de comunicação, permitindo que essas pessoas possam realizar suas atividades de trabalho com mais autonomia e eficiência. A tecnologia pode ajudar na comunicação entre colaboradores e clientes, por meio de softwares de tradução automática, por exemplo, que permitem que pessoas com deficiência auditiva possam se comunicar com mais facilidade em ambientes de trabalho multiculturais (KUMAR; KRISHNA, 2018).


A tecnologia também pode proporcionar mais flexibilidade no ambiente de trabalho, permitindo que pessoas com deficiência possam trabalhar remotamente ou em horários diferenciados, adaptando as condições de trabalho às suas necessidades específicas. Pode-se dizer que a tecnologia não é a solução para todos os desafios enfrentados por pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mas pode ser uma ferramenta importante para ajudá-las a superar barreiras e conquistar novas oportunidades (KUMAR; KRISHNA, 2018).

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Tecnologias assistivas

Para o Comitê de Ajudas Técnicas – CAT, da Secretaria de Direitos Humanos da República, a tecnologia assistiva é uma área interdisciplinar que engloba produtos, recursos, estratégias, práticas e serviços com o objetivo de promover a funcionalidade, atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida. O termo foi instituído no Brasil pela portaria nº 142 do Comitê de Ajudas Técnicas em 16 de novembro de 2016. As tecnologias assistivas são obrigatórias em empresas e escolas que possuem funcionários ou alunos com deficiência ou mobilidade reduzida como uma forma de promover a inclusão social (ICOM, 2021).

Essas categorias incluem diversos recursos, desde produtos até ações e práticas que promovem a inclusão, tais como produtos adaptados, dispositivos de voz, softwares de leitura e interpretação de textos, rampas, elevadores, almofadas, bengalas, telelupas e sistemas com tradução para a língua brasileira de sinais, entre outros. Seu propósito é proporcionar autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social, de modo que, a tecnologia assistiva não se limita a dispositivos tecnológicos, mas também inclui metodologias e práticas inclusivas que devem ser implementadas em ambientes de trabalho para promover a comunicação e a plena realização de atividades para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida (ICOM, 2021).

  • Soluções de Inteligência Artificial para pessoas com deficiência visual:


Já existem há algum tempo as tecnologias de assistência para cegos, como leitores de tela e monitores em braille, porém recentemente a IA trouxe melhorias significativas para essas tecnologias. Com algoritmos mais poderosos de síntese de voz e dispositivos assistivos dedicados, o uso da tecnologia text-to-speech (TTS) tornou-se mais flexível, permitindo o uso ad-hoc móvel, como por exemplo, ouvir um e-book com as mãos livres. Pode-se afirmar que se relaciona aos avanços no reconhecimento óptico de caracteres (OCR), para tornar o texto acessível para síntese de voz. Sistrmas de fala para texto (STT) também permitem que seja feita a  comunicação de texto móvel sem complicações, sem ´rcisar de um teclado (MATUSCHECK, 2021)..


  • Soluções de IA para deficiências auditivas e de fala:


A inteligência artificial pode ser programada para fornecer suporte às pessoas com limitações na audição ou fala. Para aqueles que possuem alguma destreza motora para digitação, o texto para fala (TTS) pode ser útil ao permitir que eles se comuniquem através da voz gerada pelo software. O caso de Stephen Hawking é um exemplo famoso em que ele utilizou um software de síntese de voz especialmente projetado para se expressar. Além disso, existem ferramentas de transcrição em tempo real (STT) disponíveis, como as legendas ao vivo oferecidas pelo YouTube e Instagram em vários idiomas. Essas ferramentas podem disponibilizar uma variedade de recursos educacionais e de entretenimento para um público mais amplo (MATUSCHECK, 2021).


Fonte: Revista Galileu (2015)
 

  • Soluções de Inteligência Artificial para próteses:


A pesquisa de IA tem por objetivo ajudar diretamente pessoas com deficiência, especialmente na área  das próteses. Com algoritmos combinados com chips mais poderosos, as próteses modernas respondem mais rapidamente ao estímulo do sistema nervoso e se adaptam melhor ao ambiente, permitindo um movimento mais natural e intuitivo. Além disso, a IA pode ajudar na fisioterapia, permitindo uma avaliação mais precisa e a criação de planos de tratamento personalizados.O programa de identificação de imagens tem a capacidade de avaliar discrepâncias sutis na maneira de andar e na postura, possibilitando recomendar atividades físicas personalizadas, cujo progresso pode ser acompanhado mais de perto, acelerando os resultados e aumentando a motivação (MATUSCHECK, 2021)..


Startups que oferecem tecnologias para pessoas com deficiência


Para finalizar, pode-se mecionar algumas startups que desenvolvem soluções inovadoras e tecnologicas para pessoas com deficiência, com o intuito de gerar um real impacto e fazer com que diminuam as limitações deste grupo.



Be My Eyes: é um aplicativo que conecta pessoas com deficiência visual a voluntários que podem ajudá-las em tarefas diárias por meio de videochamada.


EyeControl: é um dispositivo que permite que pessoas com deficiência física se comuniquem por meio do movimento dos olhos.


Dot Incorporation: é uma empresa que desenvolveu um relógio inteligente em braille, para pessoas com deficiência visual.


RightHear: é uma plataforma que fornece informações em áudio sobre ambientes internos para pessoas com deficiência visual ou auditiva.


MyVoice: é um aplicativo que ajuda pessoas com deficiência de fala a se comunicar por meio de símbolos e imagens.


BrainQ: a startup israelense desenvolveu um dispositivo de estimulação cerebral não invasivo para ajudar pessoas com deficiências motoras a recuperar a mobilidade.


Essas são apenas algumas startups que oferecem soluções tecnológicas para pessoas com deficiência. O ecossistema de startups é dinâmico e diverso, e há muitas outras iniciativas em desenvolvimento que podem ajudar a melhorar a vida das pessoas com deficiência.




Referências


KUMAR, A.; KRISHNAN, A. Impact of Assistive Technologies on the Employment of People with Disabilities: A Systematic Review. Disability and Rehabilitation: Assistive Technology, v. 13, n. 7, p. 695-706, 2018. DOI: 10.1080/17483107.2017.1360875.


 MATUSCHEK, Michael. Inteligência artificial para pessoas com deficiência. Embarcados, [S.l.], 27 set. 2021. Disponível em: https://embarcados.com.br/inteligencia-artificial-para-pessoas-com-deficiencia/. Acesso em: 30 abr. 2023.


IBGEEDUCA. IBGE - Educa | Jovens. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20551-pessoas-com-deficiencia.html>.


TECNOLOGIA Assistiva. ICOM Libras, [S.l.], 4 out. 2021. Disponível em: https://www.icom-libras.com.br/2021/10/04/tecnologia-assistiva/. Acesso em: 29 abr. 2023.


TRINDADE, Henrique Piovezan. Tecnologias Assistivas e sua aplicação no processo de inclusão escolar. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/169718/TCC_Trindade.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 29 abr. 2023.


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