terça-feira, 20 de abril de 2021

Bem Estar No Trabalho

 Os estudos a respeito do conceito de felicidade têm aumentado nos últimos anos. O estudo desse tema busca o entendimento das experiências de prazer versus desprazer. A felicidade é uma preocupação científica. A literatura especializada adotou o bem estar como um sinônimo de felicidade, diversos autores têm se dedicado à pesquisa para compreender o bem-estar, principalmente por entenderem que está diretamente ligado a vários aspectos da nossa vida, como o trabalho, por exemplo. 

O tempo que se dedica ao trabalho representa uma parte significativa da vida do indivíduo, sendo então peça fundamental para a construção e o desenvolvimento do bem-estar pessoal e da felicidade. Portanto, é muito importante estudar o bem estar no trabalho. 

O conceito de bem-estar está fundamentado na psicologia positiva que o coloca como sinônimo de felicidade, destacando os aspectos positivos no ambiente de trabalho do colaborador. Dessa forma, aspectos como estresse ou esgotamento no trabalho, que caracterizam aspectos negativos, são assuntos relacionados a bem-estar, mas não caracterizam o bem-estar no trabalho propriamente dito, a quantidade de estudos na área de bem-estar está crescendo. Sobre o tema derivam duas perspectivas gerais: 

● Hedônica: define bem-estar subjetivo nos termos das ligações de prazer e desprazer , seu foco está na felicidade; 

● Eudaimônica, cujo significado se dá na auto-realização e define bem-estar psicológico como o grau de satisfação que uma pessoa tem em sua vida em geral. 

A principal diferença entre elas reside na concepção de felicidade adotada. O bem-estar é um estado afetivo, tanto que os afetos positivos prevalecem sobre os negativos, e tanto a expressão pessoal quanto a auto-realização se remetem à experiência subjetiva de cada um no desenvolvimento de habilidades, na realização das próprias potencialidades e nos avanços de seus objetivos na vida. Portanto, pelas evidências encontradas nessas diferentes pesquisas, o bem-estar é melhor conceituado como um fenômeno multidimensional, que inclui aspectos de ambas as concepções, tanto hedônicas quanto eudaimônicas. 

Os estudos sobre bem estar no trabalho têm sido marcados por algumas confusões conceituais após a adoção de termos como: qualidade de vida, satisfação e afeto no trabalho. Algumas vezes, as definições destes termos são parecidas na conceituação e, em outros, diferentes. Esta falta de clareza também se apresenta nos indicadores desses, em diferentes dimensões, tanto física e psicológica quanto social. A qualidade de vida no trabalho deriva da satisfação das necessidades básicas dos empregados. Isso teve origem nos estudos realizados no Instituto Tavistock, de Londres, em 1950, cujo objetivo era reorganizar o ambiente e os processos de trabalho mediante a análise e a reestruturação da tarefa, como forma de otimizar as metas organizacionais de produtividade e as necessidades dos empregados. 

Esses modelos de reorganização foram desenvolvidos com a preocupação básica de caracterizar e especificar as diferentes dimensões da tarefa e da organização, associadas à qualidade de vida no trabalho. Além disso, forneciam subsídios ao desenvolvimento de programas voltados à implementação de mudanças organizacionais destinadas a aumentar a satisfação do trabalhador. 

O movimento de qualidade de vida no trabalho estimulou não apenas a realização de pesquisas sobre seus determinantes, mas também sobre suas consequências, ou seja, sobre os indicadores individuais de bem-estar e saúde no trabalho. O termo afeto no trabalho surge em diferentes estudos, sustentado na literatura de humores e emoções. Nesses estudos também foi constatado que a experiência afetiva é mais do que a simples satisfação no trabalho. 

Os sentimentos vivenciados no trabalho poderiam ser considerados as causas da satisfação no trabalho ou de indicadores dela, a satisfação é um julgamento avaliativo acerca do trabalho, a satisfação com a vida e os afetos positivos e negativos são sub-dimensões do bem-estar subjetivo. Tanto as emoções prazerosas quanto a percepção de realização são importantes. Assim, situações diferentes levam a experiências de bem estar distintas. 

O bem-estar pode ser considerado como o estado afetivo do indivíduo e como a percepção de expressão e desenvolvimento de potenciais e avanço dos propósitos de vida. Dessa forma, são considerados critérios das perspectivas hedônica e eudaimônica. Definir o bem-estar ocupacional desta forma dá a merecida relevância às respostas do indivíduo, às experiências resultantes das interações do ambiente de trabalho e às suas características pessoais. As características pessoais mediam o impacto da organização sobre os indivíduos que nela trabalham, afetando assim o bem-estar destes, a depender da subjetividade de cada um. Neste sentido, define-se bem-estar pessoal nas organizações como a satisfação de necessidades e realização de desejos dos indivíduos no desempenho de seu papel organizacional, e apresenta dois extremos, os quais o indivíduo pode experimentar a gratificação e o desgosto.

Os ganhos seriam a valorização do trabalho, reconhecimento pessoal, autonomia, dando expectativa de crescimento, suporte ambiental, recursos financeiros e, principalmente, orgulho. A insatisfação seria o sentimento de mal-estar no indivíduo mediado por diferentes situações, seja desvalorização do seu trabalho, medo de não atender às exigências da organização, falta de habilidade para conseguir imprimir o seu estilo pessoal na execução de suas tarefas, falta de condições adequadas de trabalho para o alcance do desempenho esperado, percepção de injustiça salarial, e sentimento de frustração por pertencer à organização, entre outros.

Apesar de o desgosto estar presente na definição, são os indicadores de gratificação que contribuem para que as empresas se mantenham no mercado com produtividade e bem-estar dos funcionários. É possível constatar até o momento em que o afeto consiste num elemento essencial do bem estar ocupacional, porém não se pode ignorar a percepção de expressão e auto-realização sobre a realização de desejos dos indivíduos.

Considerando-se que todas as abordagens versam sobre a problemática da saúde no trabalho, sendo esta tratada como o bem-estar físico, mental e social do trabalhador, e não simplesmente como a ausência de doença, torna-se fundamental o estudo do bem-estar pessoal também no contexto organizacional. Considerando que o bem-estar ocupacional engloba tanto aspectos afetivos quanto cognitivos, o conceito de bem-estar ocupacional é o mais acurado.

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