segunda-feira, 19 de abril de 2021

AS MULHERES NA LIDERANÇA DE STARTUPS NO BRASIL.

ECOSSISTEMA DE STARTUPS


O surgimento de tecnologias disruptivas contribuiu para mudar todo o cenário competitivo em que pequenas organizações começaram a influenciar o comportamento dos consumidores e estão se consolidando como as novas grandes empresas. O ecossistema de startups apesar de ser novo possui uma característica de crescimento muito grande e ágil. Antes mesmo de serem intituladas com essa nomenclatura, na década de 1990 as startups já começavam a surgir e tomar espaço no Vale do Silício, hoje uma das regiões mais influentes e tecnológicas dos Estados Unidos.

Na América Latina, uma ascensão das iniciativas públicas e privadas começaram a surgir impulsionando o surgimento e desenvolvimento de mais startups no ecossistema, desde 2016 a cada ano o investimento de capital de risco tem dobrado na região traçando uma estratégia interessante de crescimento. O Brasil é considerado um grande protagonista na América Latina, tendo mais startups no seu território e mais da metade dos investimentos alocados, embora a maioria dos investimentos captados pelas startups brasileiras sejam estrangeiros (LAVCA, 2020). Ainda refletindo um amadurecimento do país, uma pesquisa feita pela plataforma Crunchbase (2020) mostra que cerca de 7 em cada 10 startups adquiridas por outras corporações na América Latina são brasileiras, com isso, nota-se que o país vem se posicionando e despertando maiores interesses de iniciativas para o crescimento.

Neste contexto, é notório que startups possuem um importante papel na geração e sustentação da inovação no mercado, por proporcionar um ecossistema dinâmico, que traz uma eficiência à produtividade dos setores industriais, proporciona novas fontes de conhecimento e ainda é capaz de promover empregos e, consequentemente, de gerar renda, (MATOS; RADAELLI, 2020).  Porém 16% das mais de 50 mil startups globais, mapeadas por uma das melhores plataformas de dados de inovação, afirma que têm pelo menos uma fundadora (CRUNCHBASE, 2018), assim também no Brasil apenas 15,7% das mais de 12 mil startups mapeadas pela Associação Brasileira de Startups (2019) são lideradas por mulheres. 

Nesse contexto, é importante discutir a disparidade de gênero nas startups e a influência que o incentivo do capital pode ter nessas organizações.


MULHERES NA LIDERANÇA


A divisão sexual do trabalho tem sido alvo de bastante discussão e engajamento nos últimos tempos, visto que as mulheres têm adquirido mais espaço na força de trabalho e exerce um peso considerável na distribuição de oportunidades. 

Durante muitos anos as atividades femininas estavam vinculadas ao trabalho produtivo no setor secundário e na prestação de serviços, pois eram caracterizadas com habilidades comportamentais que possuíam mais êxitos do que os homens, da mesma forma outras tarefas consideradas mais tecnicamente mais complexas foram culturalmente destinadas aos homens. Com isso, por muito tempo, as funções femininas se limitavam aos afazeres domésticos, cuidados do marido e dos filhos e este cenário começou a mudar, sobretudo, a partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, na medida em que as indústrias se fortaleciam, a necessidade de mão de obra aumentava e a mulher se inseria no mercado de trabalho. 


Desde a infância, o trabalho doméstico está relacionado a uma atividade feminina e a construção desse comportamento pode ser observada na baixa participação dos meninos nesta atividade. Em 2005, cerca de 83% das meninas, de 10 a 17 anos de idade, realizaram tais afazeres, enquanto que entre os meninos nesta mesma faixa etária a proporção foi de 47,4%. O tempo despendido nessas atividades diferencia significativamente entre os sexos: meninos 8,2 e meninas, 14,3 horas semanais.( IBGE, 2007, pag. 1)


Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres estão mais presentes nas vagas de emprego, porém ainda abaixo dos homens. De acordo com o estudo mais recente do International Business Report da Grant Thornton, realizado com 4.812 empresas em 32 países, as mulheres no Brasil ocupam 34% dos cargos de liderança executiva nas empresas, mas embora esse número tenha crescido ainda precisamos melhorar as políticas de incentivo à paridade de gênero.

A Associação Brasileira de Startups mapeou mais de 12 mil startups no país e destacou que  26,3% de startups do Brasil não possuem nenhuma mulher na equipe e apenas  15,7% dos negócios são liderados por uma mulher. Da mesma forma, a discrepância é vista no estudo da consultoria McKinsey&CO no qual a representação de mulheres em cargos de vice-presidente sênior cresceu de 23% para 28%, e a representação na diretoria cresceu de 17% para 21%, contudo as mulheres continuam sub-representadas, principalmente as mulheres negras.
Assim, é evidente que é uma tarefa que exige conscientização e mudanças internas nas startups e nas corporações.


Figura 4 - O progresso das mulheres no meio corporativo

Fonte: McKinsey & Company, 2020.


Portanto, a equidade de gênero no empreendedorismo é um fator importante, que precisa ser considerado pelas instituições, como fundos de investimento, que tem condição de apoiar o crescimento de startups lideradas por mulheres no Brasil, pois é por meio da atividade empreendedora que podemos gerar empregos, ter um crescimento econômico e prosperar, e quando ampliamos para diferentes perspectivas e democratizamos a geração desses ganhos mais empreendedores ganharão.



REFERÊNCIAS

- ABSTARTUPS. Startupbase, 2020. Disponível em <https://startupbase.com.br/home>. Acesso em: nov. de 2020.

- MATOS, Felipe; RADAELLI, Vanderléia. Ecossistema de startups no Brasil: Estudo de caracterização do ecossistema de empreendedorismo de alto impacto brasileiro, 2020. Disponível em: <https://publications.iadb.org/pt/ecossistema-de-startups-no-brasil-estudo-de-caracterizacao-do-ecossistema-de-empreendedorismo-de>. Acesso em: dez. de 2020.

- CRUNCHBASE. Funding to the Female Founders, 2020. Disponível em <https://about.crunchbase.com/wp-content/uploads/2020/03/Funding-To-Female-Founders_Report.pdf>. Acesso em: dez. de 2020.

- LAVCA. Annual Review of Tech Investment in Latin America, 2020. Disponível em: <https://lavca.org/downloads/inside-the-4th-consecutive-peak-year-lavcas-annual-review-of-tech-investment-in-latam/>. Acesso em: dez. de 2020.

- MCKINSEY. Mulheres no Local de Trabalho, 2020. Disponível em <https://www.mckinsey.com/featured-insights/diversity-and-inclusion/women-in-the-workplace>. Acesso em: dez. de 2020.





Emanoella Gonçalves.

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