sábado, 17 de abril de 2021

As redes sociais e o crescimento do mercado acionário brasileiro na pandemia de Covid-19

Fonte: Justin Sullivan/Getty Images/VEJA 

                                                       Universidade Federal de Santa Catarina

Autor: Gabriel de Souza

Artigo elaborado para a disciplina de Redes Sociais e Virtuais

A evolução da humanidade fez transcender o conceito de redes sociais e antes o que era ou poderia ser apenas uma ligação ou contato entre pessoas que conviviam em mesmo espaço geográfico, evolui para algo onde a barreira física não é impeditiva e aumenta os pontos de contato e absorção das informações.

Todos os setores evoluíram durante o processo de inserção da internet no cotidiano da vida, entretanto, é importante darmos foco ao mercado acionário brasileiro que apresenta crescimento elevado de novos CPF’s cadastrados, mês após mês e durante a pandemia do Covid-19, mesmo ao apresentar quedas marcantes em seu índice, bateu recorde de novos cadastros de usuários na bolsa.

Até que ponto as redes sociais apresentam influência nesse acesso de novos CPF’s no mercado financeiro? Qual o papel das mídias sociais e da rede de informações que giram em torno desse setor?

É através das redes sociais que hoje temos um debate, que por inúmeras vezes inclusive evolui para discussões acaloradas entre as partes. A comunicação evoluiu e o formato da informação chegar ao seu devido ponto ou, neste caso, leitor final, tem sido muito mais rápido através dos ambientes digitais, onde os internautas têm criado além da sua própria linguagem, formatos variados para expressar suas opiniões, desenvolver ideias, dividir conhecimentos e, perpetuar sátiras através de memes.

O mercado financeiro, de todos os setores, com certeza pode ser assimilado à um dinossauro, famoso “old school” que está na medida do possível, trocando sua roupagem de “tiozão” para se tornar algo mais “cool” ou no mínimo acessível a todos. É nesse jeito mais leve e inclusivo, remetendo ao então século 21 e todas as suas primaveras de libertações e lutas morais que este setor tem se aproximado dos novos usuários, cujo mais de 60% destes está entre a faixa de 26 e 45 anos, a famigerada geração millennials.

Pode se dizer que os filhos dos millenials já nascem com um celular nas mãos, mas se isso acontece, é por conta que toda essa geração trabalhou (efetiva ou não) para que isso se tornasse realidade. A absorção de novas tecnologias, o uso e interdependência destas no dia a dia fizeram com que a informação fosse como netinhos da vovó, quanto mais, melhor! Só que às vezes, até a vovó fica cansada e essa quantidade de informação disponível e sendo cada vez mais consumida também precisa de um filtro, a fim de melhor ser aproveitada ou mesmo, poder ser tomada como verídica.

As redes sociais têm sido um dos maiores meios de comunicação onde 66,9% dos usuários acompanham as páginas e perfis de empresas, produtos e serviços. São através destes canais que muitos desses usuários buscam informação e é deste meio que surge o #FinTwit, uma junção de “Financial Twitter” que nada mais é do que a forma informal que designa-se a comunidade do mercado financeiro presente na rede social. Nesta linha, se lançam os “gurus da finança”, gestores, analistas ou famosos “entendedores/influenciadores digitais” cujo além de falar de investimentos, comentam sobre cenários econômicos, produtos, dão dicas e até vendem suas marcas através dos canais.

Com a evolução das mídias, o conceito de rede une mais e mais capitais humanos e conhecimentos com intuito de pluralizar o entendimento das finanças e poder alcançar mais pessoas. Foi nesse contexto que durante a pandemia de Covid-19, a bolsa de valores teve mais de 900 mil nova contas abertas apenas na contagem de março a julho de 2020, mostrando a força da difusão da informação e o desejo por melhores retornos financeiros frente à uma queda até então inimaginável na taxa básica de juros ao patamar histórico de 2% ao ano.

A pandemia do corona vírus trouxe os lockdowns, que por sua vez gerou à uma poupança forçada por conta de todos os indivíduos conscientes estarem em seus lares sem poder gastar com coisas que não eram necessidades. Nesse sentido, a sobra salarial começou a ser direcionada para reservas que até então não existiam e, buscando um algo à mais, para uma tomada de risco mais elevada na procura por melhores retornos no mercado de ações, culpa essa da renda fixa, que já não se mostra mais à mesma e não deve tornar à dígitos elevados ou duplos de retorno no curto/médio prazo.

Esse meio entre redes sociais e informação borbulha. Tamanho crescimento e evolução traz consigo movimentos até então desconhecidos, como é o caso GameStop, onde um pequenos investidores por meio de uma comunicação ligada à um fórum do site Reddit realizou a compra em massa de ações da loja de games GameStop, criando uma distorção no jogo e realizando perdas bilionárias em fundos que operavam de forma vendida em relação à essas ações. Algo do tipo era inimaginável, porém, com está primeira ocorrência, temos uma corrida contra o tempo para buscar através dos órgãos reguladores e seus agentes de mercado tradicionais, trazer algum controle em meio ao possível caos.

Outro caso importante é que em mercados como o do Brasil, as redes sociais possuem expressiva participação na compra/venda de ativos, sendo estes analisados e proporcionais a quantidade de menções realizadas nas redes.



                          Relação entre as menções da Via Varejo e seu giro médio diário na bolsa.
                                                           Fonte: Valor Econômico


Relação entre as menções da Cogna e seu giro médio diário na bolsa.
Fonte: Valor Econômico.   

O período pandêmico tem sido um mantra de limpeza e evolução para a saúde do corpo e da mente, assim como o esforço pela otimização da saúde financeira que também foi foco durante todo esse período caótico e busca encontrar o equilíbrio entre as receitas e despesas da vida pessoal, sem se preocupar com problemas emergenciais que possam surgir à qualquer momento.

Em meio à uma enxurrada de conteúdos e marketings milagrosos, faz-se necessário estar adaptado ao momento e ao novo formato que essas informações são disponibilizadas. O mercado financeiro tem se adaptado para se tornar não só mais global e diversificado entre seus ativos, mas também inserir de forma mais abrangente a todos os tipos de investidores. Este meio que antes era dominado por poucos, passa a ser procurado por aqueles que começam a entender a lógica do juro composto e utilizam da afinidade com a internet e as redes sociais para estar ainda mais antenados ao meio.

Assim como já era de se esperar, é importante aproveitar-se desse momento para progredir em relação aos conhecimentos financeiros e quem sabe até ganhas alguns bons rendimentos, mas como sempre, toda a informação deve ser verificada e filtrada para que não se caia no conto do vigário.

Referências

¹Veja - Economia, São Paulo, 30 de janeiro de 2021 disponível em (https://veja.abril.com.br/economia/rede-social-mudara-mercado-de-acoes-como-fez-com-politica-diz-ex-bc/), acessado em 17 de Abril de 2021.

²Estadão - Economia & Negócios, São Paulo, 15 de agosto de 2020 disponível em (https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,rede-social-vira-espaco-de-gurus-em-financas,70003401067), acessado em 17 de Abril de 2021.

³Portal Adeca, São Paulo, 22 de outubro de 2020 disponível em (https://portaladeca.com/2020/10/22/as-redes-sociais-podem-influenciar-o-mercado-financeiro-brasileiro/), acessado em 17 de Abril de 2021.

4 Canal Tech, São Paulo, 20 de junho de 2016 disponível em (https://canaltech.com.br/redes-sociais/redes-sociais-os-novos-comportamentos-de-compra-e-consumo-70329/), acessado em 17 de abril de 2021.

5 Infomoney, São Paulo, 17 de agosto de 2020 disponível em (https://www.infomoney.com.br/mercados/enquanto-estrangeiro-recua-bolsa-ganha-900-mil-pessoas-fisicas-na-pandemia/), acessado em 17 de abril de 2021

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