sábado, 7 de novembro de 2020

Consequências da pandemia e do ensino à distância (EAD) na educação


Logo que o coronavírus se espalhou pelo mundo a sociedade se viu forçada a realizar uma paralisação global, a educação foi uma das primeiras a sentir o impacto e uma das instituições que mais tiverem que se transformar para continuar exercendo seu papel. No Brasil o primeiro caso ocorreu em 26 de fevereiro de 2020, rapidamente todas as instituições de ensino adotaram a quarentena e paralisaram suas atividades em meio a incertezas generalizadas de como combater a nova doença.

Imagino que para o ensino haverá um antes e depois da pandemia, se antes falar em aulas à distância no ensino formal, principalmente nas escolas, era especular um futuro distante onde um dia conseguiríamos ter a infraestrutura para tal realidade. A realidade não liga para a burocracia, quando se fez necessário o ensino à distância teve que ser adotado de forma acelerada, cada instituição e localidade tentou responder da melhor forma, a prefeitura de São Paulo, por exemplo, buscou a compra de 465 mil tablets para conectar seus alunos a internet.

Professores e estudantes foram separados por telas e nenhum dos dois estavam preparados para isso. Entre os dias 16 e 28 de maio, a Nova Escola realizou uma pesquisa com mais de 81 mil respondentes da educação básica, “A Situação dos Professores Brasileiros Durante as Pandemias”. Destes, apenas 8% disseram que se sentiram melhor ao comparar sua saúde emocional com o período pré-pandemia. Outros 28% consideraram como péssimo ou ruim e 30% consideraram razoável. Nos comentários, entre os termos que os professores mais usam para descrever essa situação são: ansiedade, cansaço, estresse, preocupação, ansiedade, medo, exigência e angústia.

As consequências do afastamento das crianças das salas de aula é um assunto que será necessário muito estudo para responder como esse longo período de aulas remotas pode prejudicar o desenvolvimento do público infantil.

Em reportagem para o Canaltech o Dr. Clay Bright reconhece que as pandemias afetaram a saúde mental das crianças. O pediatra diz que não foi um efeito linear ou uniforme, mas cada família foi afetada de maneiras diferentes porque cada uma tem um perfil diferente de personalidade, direção e características. Os especialistas enfatizam algumas das características causadas por esse efeito. "Em algumas crianças pode levar a sintomas depressivos, transtornos de ansiedade, fobias. A criança pode passar a ter distúrbios do sono, problemas alimentares e outros grupos de criança podem piorar quadros de irritabilidade, de agressividade, dificuldade de lidar com regras", afirma.

Enquanto isso, o pediatra diz que outras crianças foram favorecidas com o isolamento social porque os pais passaram a estar mais presentes no dia a dia da criança, o que teve efeito e “saldo” positivo para elas.

A educação superior já dispunha do ensino à distância, mas de forma nenhuma se compara com o grau de adoção atual. O que se percebe é que praticamente todas as instituições Brasileiras adotaram o EAD. O título de uma notícia do G1 “Faculdades particulares de SP lotam salas virtuais com até 180 alunos e demitem mais de 1.600 professores durante pandemia” ilustra bem como essa oportunidade esta sendo vista pelas instituições de ensino particular, uma forma de enxugar os gastos e aumentar os lucros juntando em uma única sala pessoas de todo o Brasil, que antes estariam distribuídas em inúmeras salas de aula presenciais.

Do lado público o MEC quer ampliar ensino à distância nas universidades federais, Wagner Vilas Boas, secretário de educação superior do MEC, disse em entrevista coletiva "Nós verificamos que essa tendência já está muito forte no setor privado. E no setor público, principalmente na rede federal, a gente atua fortemente no ensino presencial"

O Conselho Nacional de Educação (CNA) aprovou uma resolução estendendo a permissão para o ensino à distância em todos os níveis de ensino até 31 de dezembro de 2021. Ao mesmo tempo, as prefeituras estadual e municipal têm autonomia para decidir quando e como retomar as aulas presenciais e já estão caminhando nessa direção.

Nesse cenário incerto, até mesmo para 2021, para muitos alunos e professores resta lidar com problemas como a falta de acesso a aparelhos como notebooks e smartphones, falta de Internet em casa e a constante instabilidade da rede.

Para Reginaldo Pinheiro, presidente em exercício da Apeoc, sindicato dos servidores públicos de educação e cultura do Ceará, é hora de o estado investir na melhoria da experiência de alunos e professores. A entidade propõe uma reestruturação escolar a partir da análise do seu perfil socioeconômico para saber quais escolas precisam de mais internet e equipamentos.

Este é um momento estratégico para o governo fazer mudanças e melhorias grandes e claras, que irão beneficiar a sociedade como um todo. Infelizmente, nada vem sendo feito.

Autor: Renan Müller

Fontes:

Um comentário: