terça-feira, 29 de outubro de 2019

O caso Devumi e o "mercado negro" das redes sociais.

O caso Devumi e o "mercado negro" das redes sociais.

Por: Bruno Amorim

Neste mês de outubro de 2019 a FTC (Federal Trade Comission), órgão independente do governo americano que possui a missão de proteger o consumidor por meio da prevenção de atos anticompetitivos ou enganadores, chegou à um acordo no valor de 2,5 milhões de dólares com a empresa Devumi e seu CEO, German Calas Jr., ato que consequentemente abre precedência para que casos similares sejam julgados criminalmente no futuro.

O que fazia a Devumi?

A Devumi era uma empresa que vendia seguidores, curtidas, retweets, visualizações e basicamente qualquer tipo de número e falso engajamento nas redes sociais. Sua gama de clientes ia dos mais simples, como pessoas que tinham o sonho de se tornarem influenciadores digitais, até personalidades reconhecidas mundialmente, como políticos, atores, esportistas e cantores. A estimativa é de que a empresa tenha vendido cerca de 250 mil engajamentos entre os anos de 2015 e 2017 e que isso tenha rendido cerca de 15 milhões de dólares para a empresa.

Para tornar isso possível, além de criar contas completamente aleatórias e sem nenhuma conexão com a realidade, a Devumi fazia uma espécia de roubo de identidade virtual, onde pegava nomes e fotos de pessoas reais, inclusive menores de idade, para criar perfis que publicassem tudo o que seus clientes desejassem. Toda essa junção de fatos repudiáveis fez com que o jornal americano The New York Times investigasse a Devumi e publicasse uma espécie de dossiê sobre ela, fato que fez com que fosse iniciada uma investigação oficial em cima da organização.

Mercado negro?

Por mais antiético e desleal que seja, o ato de comprar seguidores e engajamento nas redes sociais não era um ato ilegal até então, ele ia apenas contra as políticas de uso destas redes, se tornando uma zona cinza do ponto de vista legal.

Essas redes sociais, por sua vez, vivem e faturam à base de cliques e números, fato que faz com que muitas delas acabem fazendo vista grossa para essa prática agora ilegal. No Twitter, por exemplo, estima-se que existam 48 milhões de contas robotizadas gerando influência e criando tendências com base em enganações vendidas por dezenas de empresas ao redor do mundo.

Esperanças para o futuro

O caso da Devumi é apenas um no meio de tantos existentes, mas que nos traz uma luz no fim do túnel para que possamos ter uma Internet livre de fakes e pautada apenas em dados e contas reais. Além de números, essas empresas ajudam a gerar falsas influências que consequentemente impactam nas decisões das pessoas que estão mais conectadas com as redes sociais, podendo esse impacto ser em uma simples opção de compra por um tênis ou até mesmo em questões eleitorais. Conforme disse Letitia James, a advogada geral de Nova York e responsável pelo caso, essas novas medidas mostrarão que qualquer um que tente enganar ou se utilizar de uma identidade que não lhe pertence nas redes sociais estará quebrando a lei.

Referências:

https://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/138405-ilegal-vender-curtidas-seguidores-redes-sociais.htm

https://www.nytimes.com/interactive/2018/01/27/technology/social-media-bots.html


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