"Professor, eu tenho uma dúvida!" "Fulano, saia da sala!". Frases vocativas como essas são comuns em salas de aula no ensino infantil. Quem não se lembra daquela professora carrasca que quando entrava a turma já cochichava falando mal ou ficava quieta com medo de uma bronca? Ou os recreios, onde se lanchava e trocava figurinhas com os colegas? Pois bem, agora imagina um mundo onde, através de ferramentas de aprendizagem virtual, a comunicação fosse totalmente digital? Mudaria muita coisa, de fato.
O AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) já está presente em algumas escolas básicas do Brasil. Uma pesquisa¹ feita em uma escola do Rio de Janeiro para a construção de um artigo acadêmico aborda como o EAD vem não apenas como um facilitador do ensino musical, como no caso explorado, mas como uma ferramenta de inclusão digital para todos os níveis de ensino. Algumas crianças já até possuem, mas muitas não detém do conhecimento de informática, principalmente das oriúndas de baixa renda.
Para isso, existem dois tipos de ferramentas: as tecnológicas e as humanas. As ferramentas tecnológicas são os computadores, internet, salas de informática e todo o tipo de infra-estrutura necessária para o funcionamento de um AVA. As ferramentas humanas seriam os tutores e os desenvolvedores do material didático, no qual o tutor não necessita ser necessariamente o que constrói o material, mas será aquele que guiará a comunicação entre os alunos e o próprio tutor.
A vantagem de um ambiente virtual vão desde o "aprender a aprender" até a facilidade de se comunicar em ambientes geograficamente distintos. Com a tutoria apenas auxiliando o processo sistêmico de aprendizagem virtual, o aluno teria o poder do clique, podendo ver gravações, pausar e voltar, quando não compreendida, por exemplo. Outro ponto importante é a possibilidade de pesquisa fora do material didático disponível via intranet, podendo comparar conceitos diferentes de um mesmo objeto descrito. Lembrando que o conhecimento hoje não está só no professor, mas está em toda a rede de internet, dando a possibilidade de buscar várias fontes para efeito de comparações. A distância real que de maneira nua acaba dificultando a comunicação entre as pessoas, graças a tão citada (e já clichê em artigos acadêmicos) era do conhecimento e informação, podemos virtualizar essa distância com computadores, tablets e etc., podendo levar o conhecimento a pontos remotos onde seria inviável o aprendizado, tomando o exemplo de filhos de pessoas do exército que precisam estar morando em áreas isoladas sem chance de ter uma instituição de ensino.
Já as desvantagens vão mais para o lado sócio-pedagógico e afetivo. No caso de um Ensino Básico, a educação presencial é obrigatória perante a lei, podendo ser a distância somente para complementação da aprendizagem e situações emergenciais (como falta temporária de professores contratados e etc). A comunicação não verbal é ainda essencial para a socialização da criança na sociedade, assim como a construção do cidadão.
Não se dá para condenar um AVA visto a crescente evolução tecnológica de hoje. Muito do preconceito se via pela precariedade presente no ambiente virtual, tão quanto o medo dos professores de serem substituídos pelas máquinas, muito comum nos corredores pedagógicos dos anos 90. O que hoje já podemos perceber que já se passa de um passado esquecido e que o ambiente virtual não é só uma opção, mas já é essencial como complemento, e possível como educação 100% a distância em alguns casos, na escola básica sendo essencial para a construção da autodidática. Solução ou problema? Para mim, a solução de um problema, e dos grandes: a falta de conhecimento.
¹ - Artigo "Educação (Básica) a distância - Possibilidades", Vanessa Martinho e Mônica Repsold, Rio de Janeiro - RJ - abril de 2010.
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