quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Deepfakes e o Desafio da Informação Confiável



Discente: Gabriel Schubert Gonçalves
Matrícula: 22101241
EGC5020-09318 (20252) - Redes Sociais e Virtuais



DE MITOS ANTIGOS À ERA DIGITAL

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial vem evoluindo constantemente e é impulsionada por inovações tecnológicas em modelos, maior poder computacional e melhor coleta de dados. Essa evolução vem sendo observada por empresas e governos, e está sendo aplicada dentro de órgãos e instituições para otimizar processos, automatizar tarefas e aprimorar serviços em diversos setores, como finanças, saúde, transporte e segurança. 

Porém, do contrário que possa se imaginar, a ideia da ferramenta conhecida como Inteligência Artificial pode ser, inicialmente, relacionada aos mitos e filosofias da Grécia antiga, onde havia discussões sobre seres artificiais autônomos e suas implicações éticas e morais de criar vida. Esses debates estavam em acordo com a própria mitologia grega. Pandora foi uma mulher criada artificialmente pelo ferreiro dos deuses, Hefesto, além de Talos, um gigante autônomo de bronze com o objetivo de proteger a cidade de Creta, também criado artificialmente por Hefesto. Mas claro, a ideia, contudo, envolvia muito mais o campo místico do que o real.

Mas podemos dizer que foi a partir de 1940 que o abstracionismo começou a caminhar para algo mais concreto, principalmente pela criação do primeiro computador, o Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC), na metade da década de 40. Esse avanço acabou levando a criação de experimentos e programas "inteligentes" nos anos subsequentes. 
                   
                                                 ENIAC, primeiro computador desenvolvido. Fonte: CNN BRASIL


A EVOLUÇÃO DA IA E O DESAFIO DAS DEEPFAKES

Vale ressaltar que mesmo com a criação do computador nos anos 40, o termo inteligência artificial só foi mencionado a primeira vez em 1956 pelo professor John McCarthy em uma conferência em Dartmouth, nos EUA, que seria a ciência responsável por construir máquinas com inteligência comparável aos seres humanos.

Sabe-se que esse momento inicial da inteligência artificial foi marcado pelo desenvolvimento notório de tecnologias avançadas para a época, principalmente quando olhamos para a capacidade operacional dos computadores daquele tempo. Porém, quando falamos de evolução, pensamos em fases, fases que podem ser consideradas "viradas de chave", e na história da IA, temos mais dois momentos marcantes: o surgimento das redes neurais artificiais de multicamadas e o avanço nas máquinas que se tornaram capazes de processar big datas.

O contexto atual da IA se deve, em muito, graças ao último ponto. Estamos vivendo um marco na história da tecnologia, porém essa ferramenta que já foi e ainda é muito útil tanto no campo de estudo quanto para tarefas diárias, está revelando que também pode ser usada de forma imprópria. É nesse sentido que surge a questão das deepfakes e a desinformação.

deepfake ocorre quando a inteligência artificial funde, combina, substitui ou sobrepõe áudios e imagens para criar arquivos falsos em que pessoas podem ser colocadas em qualquer situação, dizendo frases nunca ditas ou assumindo atitudes jamais tomadas, segundo publicação da CNN Brasil (2022). Para ilustrar, o vídeo abaixo mostra uma deepfake de Mark Zuckerberg, co-fundador do Facebook e sua empresa-mãe Meta Platforms, evidenciando o avanço de tecnologias de manipulação digital.



A disseminação de deepfakes representa primeiramente uma façanha tecnológica, porém, apresenta um sério desafio a confiabilidade da informação. Como apontado por Wang et at., os sistemas de detecção enfrentam dificuldades de transferência de domínio, ou seja, quando vídeos manipulados surgem com técnicas diferentes das utilizadas para treinar os detectores, sua eficácia cai significativamente. Além disso, de acordo com um estudo da Universidade de Copenhagen, há um vácuo na investigação sobre os fatores cognitivos que tornam uma pessoa vulnerável a acreditar num vídeo falso e a compartilhá-lo nas redes sociais, o que compromete tanto o jornalismo quanto, em casos extremos, a democracia.

Segundo o estudo Deepfakes and Disinformation, as deepfakes funcionam como um vetor de incerteza na busca pela informação: ao combinarem imagem, som e contexto de forma convincente, elas dificultam a distinção entre autêntico e fabricado, o que acaba por minar a confiança que temos em fontes de informação, sejam midiáticas ou pessoais. O trabalho aponta que, além do risco óbvio de fraude ou manipulação direta, há um efeito mais difuso que é quando usuários passam a duvidar de tudo ou a adotar um comportamento de "desconfio de tudo que vejo", o que pode ser totalmente danoso à sociedade.

Nesse cenário, a literacia digital, ou seja, a capacidade de avaliar criticamente o conteúdo que recebemos, emerge como um componente tão importante quanto o desenvolvimento técnico das ferramentas de detecção. Além disso, a legislação também avança. Por exemplo: a proposta da AI Act exige rotulagem de conteúdo sintético, reconhecendo que "o conteúdo gerado por IA pode pôr em risco a integridade da informação e a confiança nela".

Portanto, para construir um futuro digital mais seguro, é necessário um esforço conjunto entre técnica, educação e política. É essencial criar ferramentas de detecção cada vez mais eficazes, uma educação digital que permita ao usuário questionar e contextualizar o que observa, além de regulamentações que garantam transparência e rastreabilidade nas plataformas. Somente assim será possível assegurar que a inovação tecnológica retorne ao seu propósito social, sem comprometer a confiabilidade do que consumimos e compartilhamos. Nesse contexto, a busca por informações confiáveis não é mais apenas uma questão técnica, mas uma responsabilidade coletiva fundamental na era da IA.


REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NEGREIRO, M. Children and Deepfakes. European Parliament, 7 mar. 2025. Disponível em: https://www.europarl.europa.eu/thinktank/en/document/EPRS_BRI(2025)775855. Acesso em: 13 nov. 2025. 

WANG, T et al. Deepfake Detection: A Comprehensive Survey from the Reliability Perspective. Disponível em: https://arxiv.org/pdf/2211.10881. Acesso em: 10 nov. 2025.

VACCARI, C et al. Deepfakes and Disinformation. Disponível em: 

ITU. Do deepfake videos challenge the integrity of online information?. Disponível em:

CNN BRASIL. Saiba o que é deepfake, técnica de inteligência artificial que foi apropriada para produzir desinformação. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/noticias/saiba-o-que-e-deepfake-tecnica-de-inteligencia-artificial-que-foi-apropriada-para-produzir-desinformacao/. Acesso em: 13 nov. 2025.

ORACLE. O que é Big Data?. Disponível em: https://www.oracle.com/br/big-data/what-is-big-data/.
Acesso em: 12 nov. 2025.

DATA BRICKS. Rede Neural Artificial. Disponível em:


IMPORTANTE: Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: durante a preparação deste trabalho, o autor utilizou ferramentas de IAG (ChatGPT) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. O autor assume total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.




















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