quinta-feira, 12 de junho de 2025

Ensinar e Aprender no Mundo Conectado

Ensinar e Aprender no Mundo Conectado:
Desafios Éticos da IA e das Redes Sociais

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais - EGC5020

Autora: Emanuella Paula de Jesus Cardoso
Matrícula: 22103559

O início da terceira década do século XXI apresenta uma cultura juvenil significativamente mediada pelas plataformas de redes sociais digitais (Santos, 2022b). Tecnologias que antes eram vistas como mera distração passaram a desempenhar papéis fundamentais no aprendizado e nas interações sociais (Educamundo, 2025). A pandemia de COVID-19 acelerou essa transição, revelando a urgência em compreender o papel dessas tecnologias na educação (Valente; De Almeida, 2022).

A geração nascida a partir de 1995 cresceu imersa na internet e nos smartphones, utilizando plataformas digitais para mediar relações sociais e até mesmo a percepção entre público e privado com esse cenário impõe desafios e oportunidades não apenas no campo social e psicológico, mas especialmente na educação (Santos, 2022b).

Este artigo tem como objetivo contextualizar e refletir sobre a educação mediada pelas tecnologias digitais e pelas redes sociais, que estão em contato permanente com os estudantes (Santos, 2022a). Analisa-se a influência dos algoritmos, o papel da inteligência artificial na educação e as redes sociais como espaços de formação cidadã (Educamundo, 2025). Justifica-se essa discussão pela crescente presença dessas ferramentas no cotidiano escolar e social, com vistas a compreender melhor o fenômeno e fomentar reflexões sobre seus impactos na aprendizagem e na formação cidadã (Santos, 2022a).

Educação com Inteligência Artificial

A inteligência artificial (IA) na educação se manifesta de diversas formas, desde algoritmos simples até sistemas complexos (Santos, 2022a) eles são definidos como conjuntos de regras e procedimentos lógicos para a solução de problemas, são a base dos sistemas digitais (Santos, 2022b). Na educação, a IA aparece em chatbots, motores de aprendizagem adaptativos, sistemas de recomendação e correção automatizada de avaliações (Valente; De Almeida, 2022).

Entre seus benefícios, destaca-se a personalização do ensino, adaptando-se às necessidades específicas de cada aluno (Valente; De Almeida, 2022) podendo identificar lacunas de aprendizagem e sugerir percursos personalizados, além de utilizar recursos interativos que aumentam a motivação dos alunos (Valente; De Almeida, 2022).

Contudo, há desafios importantes, como a "dataficação" da educação, as plataformas coletam e processam dados em grande escala, criando perfis detalhados dos alunos, o que levanta preocupações sobre privacidade e uso comercial dessas informações (Santos, 2022b; Valente; De Almeida, 2022). Esses dados podem ser usados para publicidade direcionada ou decisões automatizadas que não consideram a complexidade da trajetória de aprendizagem de cada aluno.

Outro ponto crítico é a ética no uso dos algoritmos, muitas vezes “caixas-pretas” cujo funcionamento é opaco (Santos, 2022b) e não se sabe quem define os critérios de análise, nem se é saudável expor crianças a monitoramento constante por sistemas automatizados (Valente; De Almeida, 2022). A hiper personalização também pode limitar o acesso a conteúdos diversos, criando “câmaras de eco”, como já ocorre nas redes sociais (Valente; De Almeida, 2022).

A possível substituição do professor ou mudança em seu papel pedagógico também gera preocupação diante da adoção massiva de tecnologias sem validação adequada, podendo enfraquecer o papel do educador, sobretudo se faltar formação técnica e pedagógica (Valente; De Almeida, 2022). Garantir que essas tecnologias respeitem o direito à educação e cumpram metas como o ODS 4 exige supervisão rigorosa das empresas de EdTech, assegurando que dados sejam utilizados com responsabilidade (Valente; De Almeida, 2022).

Redes Sociais e Educação Cidadã

As redes sociais são hoje parte essencial da vida dos jovens, mediando suas interações, comunicação e construção identitária (Santos, 2022b), para muitos, o smartphone é uma extensão do corpo, e comunicar-se por essas plataformas tornou-se uma exigência social (Santos, 2022b).

Essas plataformas podem ser espaços de aprendizagem, troca de ideias e mobilização, ferramentas como Facebook, Instagram, YouTube, X (Twitter), WhatsApp e Pinterest são usadas com fins educacionais (Educamundo, 2025). Projetos como o Juventudes do SESC SP utilizaram WhatsApp para distribuir materiais e promover protagonismo juvenil; experiências como a da EMEF Badra Perus usaram Facebook e WhatsApp para engajar alunos durante o ensino remoto (Valente; De Almeida, 2022).

Entretanto, o uso das redes sociais levanta questões delicadas sobre desinformação, cidadania e democracia, os algoritmos são projetados para maximizar engajamento, privilegiando conteúdos polarizadores, sensacionalistas ou até falsos (Santos, 2022b). Fake news e teorias da conspiração geram reações intensas e alto tráfego, tornando-se lucrativas para as plataformas (Valente; De Almeida, 2022).

Além disso, os algoritmos criam bolhas de informação — as “caixas de ressonância digital” — que limitam o contato com pontos de vista divergentes, ampliando a polarização e dificultando o diálogo democrático (Santos, 2022b), afetabdo diretamente a formação de opinião política e a qualidade do debate público (Santos, 2022a).

A superficialidade das interações digitais, associada à lógica do engajamento, pode reduzir a empatia, aumentar a agressividade e comprometer a saúde mental dos jovens, impactando sua autoestima e segurança (Santos, 2022a). Apesar dos riscos, as redes sociais também possibilitam a mobilização de minorias e a democratização do acesso à informação, nesses contextos, o papel do professor como curador de conteúdos e mediador crítico é fundamental (Santos, 2022b).

A relação entre redes sociais e controle social é complexa, pois os algoritmos são opacos e pertencem a grandes corporações que visam principalmente o lucro, representando o que Santos (2022b) define como “capitalismo de vigilância”, além disso, a concentração de poder nas mãos de poucas plataformas impõe limitações à liberdade dos usuários (Santos, 2022a), assim como acontece no mercado de EdTech (Valente; De Almeida, 2022).

A integração entre tecnologias digitais, inteligência artificial e redes sociais na educação e na sociedade representa um processo multifacetado, as redes sociais moldam a forma como os jovens interagem e acessam informações e os algoritmos que as regem priorizam o lucro, o que favorece a desinformação e a polarização e a IA, por sua vez, oferece possibilidades de personalização, mas acarreta riscos significativos relacionados à privacidade e à ética no tratamento de dados. Os desafios são numerosos: distração em sala de aula, ansiedade juvenil, falta de preparo docente, desigualdades digitais e a concentração de poder nas mãos de empresas privadas, mas há também oportunidades: personalização do ensino, comunidades de aprendizagem, desenvolvimento de habilidades digitais e ampliação do acesso ao conhecimento.

O futuro da educação dependerá de nossa capacidade de combinar ensino presencial e digital de maneira ética, crítica e transformadora, formando sujeitos capazes de navegar com responsabilidade no ecossistema digital e exercer plenamente sua cidadania.

Referências

Guia completo sobre educação nas redes sociais para educadores | Blog do Educamundo. , 5 maio 2025. Disponível em: <https://educamundo.com.br/blog/guia-completo-educacao-nas-redes-sociais/>.

SANTOS, Rodrigo Otávio dos. A relação público/privada na juventude mediada pelas plataformas de redes sociais digitais. Cadernos Metrópole, v. 24, p. 871–890, 8 ago. 2022. 

SANTOS, Rodrigo Otávio dos. Algoritmos, engajamento, redes sociais e educação. Acta Scientiarum. Education, v. 44, 2022. 

VALENTE, Por José Armando; DE ALMEIDA, Bianconcini. Tecnologias digitais, tendências atuais e o futuro da educação. 2022.  Declaração sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) e tecnologias assistivas no processo de escrita:
Durante a elaboração deste trabalho, Eu Emanuella Cardoso, a autora utilizei ferramentas de inteligência artificial generativa (IAG), ChatGPT, Zotero e NotebookLM, nas etapas de planejamento, aprimoramento textual e melhoria da legibilidade. Todo o conteúdo produzido com o auxílio dessas ferramentas foi posteriormente revisado, editado e validado, assegurando sua conformidade com os princípios do método científico. A autora assume total responsabilidade pelo conteúdo desta publicação.


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