sábado, 2 de novembro de 2024

A Terceira Idade e os Obstáculos da Era Digital

 

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais - EGC5020-09318/10316 (20242)
Autor: Lucas Elizeu de Souza
Matrícula: 22250138 

A Terceira Idade e os Obstáculos da Era Digital

Em 2022, o número de brasileiros com mais de 65 anos chegou a 10,9% da população, um crescimento de 57,4% desde 2010. Mas, segundo o Pew Research Center, dos 29 milhões de idosos no Brasil, apenas 5 milhões estão conectados à internet. Com o avanço da tecnologia trazendo tantas facilidades para o nosso cotidiano, essa exclusão digital dos idosos acaba os deixando à margem, sem acesso a ferramentas que poderiam facilitar muito suas vidas.


                               Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


Envelhecer, por si só, já traz desafios naturais. É uma fase de mudanças físicas, psicológicas e sociais, que cada pessoa vive de uma forma única. Envelhecer é uma etapa da vida que traz suas próprias transformações. Além disso, muitos idosos têm receio de não acompanhar o ritmo das gerações mais novas e se sentem intimidados pela tecnologia, o que pode criar uma sensação de inadequação. No meio de tantas novidades e informações, é natural que eles sintam ansiedade e até uma certa sobrecarga.

                                           Fonte: Foto wavebreakmedia – Shutterstock

Preconceitos e a Inclusão dos Idosos

Sommerhalder e Nogueira (2000) observam que, na nossa sociedade, ainda existe uma visão preconceituosa de que os idosos são frágeis e improdutivos, incapazes de acompanhar as demandas da vida moderna. Esse estereótipo acaba reforçando a ideia de que envelhecer é sinônimo de perda, o que é um erro. Para combater essa visão, é fundamental promover a inclusão social e digital dos idosos. Políticas públicas, incentivos e campanhas de conscientização são fundamentais para mostrar que eles podem, sim, se atualizar e fazer parte desse mundo digital. O uso da tecnologia pode tornar a vida mais leve, conectar as pessoas e abrir portas para novas possibilidades. Bez, Pasqualotti e Passerino (2006) destacam, por exemplo, as iniciativas de algumas universidades públicas que oferecem cursos gratuitos para a terceira idade, uma iniciativa que merece ser ampliada e fortalecida.

                                    Fonte: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre

 

A Vontade e a Necessidade de Aprender

Muitos idosos podem encontrar no uso da tecnologia uma forma de facilitar atividades cotidianas, como fazer compras, pagar contas, ler notícias e manter contato com amigos e familiares. Essas situações práticas servem de motivação para que eles participem de cursos e experimentem esse mundo digital. No entanto, esses cursos precisam ser pensados especialmente para eles, com uma metodologia acolhedora e voltada para o ritmo de cada um, além de resultados reais que os façam sentir-se capazes. Também é importante que o design e a interface das ferramentas sejam simples e acessíveis, evitando letras pequenas, ícones complicados e funcionalidades escondidas que acabam atrapalhando.

Aprender algo novo é um exercício que vai além do conhecimento técnico, é algo que dá um sentido de vitalidade, de pertencimento. Roldão (2009) aponta que a aprendizagem contínua está diretamente ligada à qualidade de vida dos idosos. Ela ajuda a se manterem atualizados, a verem suas próprias capacidades de forma positiva e a cuidarem da saúde mental. Participar de atividades em grupo também é uma forma de socialização que fortalece a resiliência diante dos desafios naturais da vida.


                                            Fonte: SENAC

 

 


Referências

PASQUALOTTI, Adriano. Desenvolvimento dos aspectos sociais na velhice: experimentação de ambientes informatizados. In: BOTH, Agostinho; BARBOSA, Márcia Helena S. Envelhecimento humano: múltiplos olhares. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, [ano de publicação].

PASSERINO, Liliana Maria; BEZ, Maria Rosangela; PASQUALOTTI, Paulo Roberto. “Atelier Digital”, uma proposta inovadora: relato de experiência com a terceira idade. Revista Renote: Novas Tecnologias na Educação, v. 4, n. 1, 2006.

ROLDÃO, Flávia Diniz. Aprendizagem contínua de adultos idosos e qualidade de vida: refletindo sobre possibilidades em atividades de extensão nas universidades. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 6, n. 1, p. 61-73, 2009.

SOMMERHALDER, C.; NOGUEIRA, E. J. As relações entre gerações. In: NERI, A. L.; FREIRE, S. A. (Orgs.). E por falar em boa velhice. Campinas: Papirus, 2000. p. 101-112.

BRASIL. Número de idosos na população do país cresceu 57,4% em 12 anos, segundo Censo 2022. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2023/10/censo-2022-numero-de-idosos-na-populacao-do-pais-cresceu-57-4-em-12-anos.

PEW RESEARCH CENTER. Brazil. 2023. Disponível em: https://www.pewresearch.org/collection/brazil/.

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