Matrícula 20102667
Disciplina: Redes Sociais e Virtuais
O mercado de energia elétrica no Brasil está passando por uma transformação significativa em sua matriz de geração, ganhando maior participação de fontes intermitentes, como as fontes eólicas e solares, que atualmente somam uma participação de 23% na matriz elétrica.
No ano de 2024, o Brasil possui uma potência instalada e centralizada 200 gigawatts (GW), dos quais 84,25% são de fontes renováveis (ANEEL, 2024), uma das maiores matrizes energéticas do mundo é predominantemente baseada em fontes renováveis. Esses números puderam ser alcançados nas últimas décadas com o auxílio do governo brasileiro, que implementou políticas para promover a expansão de fontes renováveis e melhorar a eficiência energética. Programas como o PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) incentivaram a geração de energia eólica, solar e biomassa, enquanto iniciativas como o Plano Nacional de Energia 2030 definiram metas para a transição energética sustentável.
Fonte: (Região News, 2024)
A entrada dessas fontes intermitentes em larga escala impulsiona a necessidade de maior eficiência na distribuição dessa energia, afim de promover maior segurança energética e sustentabilidade ao sistema. Nesse cenário, a Inteligência Artificial (IA) surge como uma ferramenta capaz de otimizar processos, reduzir custos e promover a integração dessas fontes renováveis no sistema elétrico. A aplicação da IA no setor elétrico tem o potencial de otimizar a forma como geramos, distribuímos e consumimos energia, oferecendo soluções que não apenas melhoram a eficiência, mas também impulsionam a sustentabilidade.
Apesar de sua vasta capacidade, o país enfrenta desafios em termos de infraestrutura e integração de novas fontes de energia, como solar e eólica. Além disso, o crescimento populacional e industrial aumenta a demanda por eletricidade, pressionando ainda mais o sistema. O setor de energia elétrica no Brasil enfrenta o desafio de atender a uma crescente demanda por energia de forma sustentável. A infraestrutura de transmissão e distribuição precisa ser modernizada para acomodar a expansão das fontes renováveis, garantindo a segurança do fornecimento.
Smart Grids
As redes elétricas inteligentes, ou Smart Grids, são uma evolução das redes tradicionais de energia. Elas integram tecnologias avançadas de comunicação, automação e controle, permitindo uma gestão mais eficiente e flexível da eletricidade. Uma das principais vantagens das smart grids é a capacidade de coletar e analisar dados em tempo real, possibilitando um controle preciso do fornecimento de energia. Com o uso da Inteligência Artificial, essas redes podem prever falhas, otimizar a distribuição de energia e até mesmo antecipar a demanda futura.
Uma das maiores vantagens da IA aplicada às smart grids é a capacidade de prever falhas e responder imediatamente a qualquer anomalia detectada, o que é muito útil quando falamos de geração intermitente.
A IA pode identificar, por exemplo, quando um transformador está prestes a falhar e isolar automaticamente o problema antes que cause um apagão generalizado. Isso resulta em menos tempo de inatividade e em uma maior resiliência da rede. Tanto consumidores quanto distribuidores de energia se beneficiam do uso da IA em smart grids. Para os consumidores, a IA permite uma gestão mais eficaz do consumo doméstico, por meio de aplicativos pode oferecer insights sobre quando e como usar a energia de forma mais eficiente. Já para os distribuidores, a IA otimiza o fluxo de eletricidade, reduzindo custos e minimizando perdas durante a transmissão.
A IA também auxilia na redução de desperdícios ao otimizar o uso da energia. Por exemplo, ao analisar padrões de consumo, a IA pode identificar quando e onde a energia está sendo desperdiçada e implementar soluções para evitar perdas. Na China, por exemplo, a inteligência artificial já é utilizada para inspecionar as redes de distribuição, que são grande fonte de perda de energia.
Empresas brasileiras, como a Neoenergia já tem utilizado smart grids em suas operações, investindo significativamente em redes inteligentes para melhorar a qualidade e a eficiência da distribuição de energia. Entre os projetos de destaque estão a modernização da medição inteligente em Fernando de Noronha (PE), onde mais de mil medidores foram substituídos por dispositivos avançados que permitem atendimento remoto; o Projeto Energia do Futuro em Atibaia (SP), que desde 2020 opera uma rede com mais de 78 mil medidores inteligentes e um sistema completo de automação da rede com Self-Healing; e a implementação do sistema de restabelecimento de energia automático em várias regiões do Brasil, incluindo São Paulo, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Embora a IA tenha o potencial de transformar o setor de energia, sua adoção em larga escala enfrenta desafios significativos. O alto custo de implementação, devido à necessidade de infraestrutura tecnológica robusta e mão de obra especializada, é um dos principais obstáculos, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Além disso, há resistência à inovação no setor energético brasileiro, que é conservador e avesso a mudanças drásticas. A falta de conhecimento técnico sobre IA também dificulta sua implementação.
Ainda, a integração da IA em redes elétricas inteligentes traz questões de segurança cibernética, tornando as redes vulneráveis a ataques. Proteger esses sistemas e garantir a privacidade dos dados dos consumidores são prioridades que devem ser abordadas junto com a implementação da IA.
Em resumo, embora a implementação das smart grids enfrente desafios significativos, a adoção da inteligência artificial (IA) por grandes empresas do setor pode desempenhar papel crucial na superação dessas dificuldades. Ao demonstrar os benefícios e a viabilidade da IA, essas empresas servem como incentivo para outras organizações a investir em projetos semelhantes. Assim, a inclusão crescente da IA nos sistemas de operação energética não só aprimorará a eficiência e a confiabilidade das redes elétricas, mas também promoverá um futuro mais sustentável e tecnologicamente avançado para o setor energético.
REFERÊNCIAS
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https://www.regiaonews.com.br/brasil/matriz-eletrica-do-brasil-mudou-ao-longo-dos-ultimos-10-anos.
Acesso em: 21 out. 2024
S&P GLOBAL. Explore
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https://www.spglobal.com/en/research-insights/special-reports/look-forward/energizing-innovation-exploring-ai-s-impact-on-the-energy-industry. Acesso
em: 21 out. 2024
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