quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Algoritmos e Desinformação: Como as Redes Sociais Moldam o Nosso Mundo Digital

 

Matéria: Redes sociais e Virtuais
Aluno: Thiago Vinicius Angst Maffei
Matricula: 20205434

Imagem Portal comunicação Notícias falsas são impulsionadas por erros das plataformas sociais


Introdução

    Os algoritmos estão presentes em quase todas as redes sociais que usamos diariamente, influenciando o que vemos e como interagimos online. Ao definir o que aparece em nossos feeds, eles moldam nossas percepções e decisões, criando uma experiência digital que muitas vezes reforça nossas crenças e preferências. Embora essa personalização possa parecer conveniente, ela levanta questões sobre o quanto estamos realmente expostos a diferentes perspectivas e informações.


Personalização e Bolhas de Filtro

    Os algoritmos das redes sociais são programados para personalizar a experiência de cada usuário, com o objetivo de manter sua atenção por mais tempo. Com base no histórico de cliques, curtidas e interações, os algoritmos filtram o conteúdo, oferecendo postagens, vídeos e artigos que coincidem com as preferências individuais. Essa personalização, embora pareça benéfica, pode isolar o usuário em uma "bolha de filtro", onde ele é constantemente exposto a visões que reforçam suas crenças, em vez de desafiá-las.

    Um exemplo claro desse fenômeno ocorreu durante eleições recentes, em que usuários de diferentes espectros políticos recebiam apenas informações que confirmavam suas opiniões, contribuindo para a polarização. Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Stanford mostram que as bolhas de filtro nas redes sociais podem agravar a divisão política, dificultando o diálogo entre grupos com visões opostas​. Isso não só distorce a percepção da realidade, como também aumenta o risco de desinformação.

    Além de impactos sociais, essa personalização também pode afetar a saúde mental dos usuários. Ao serem constantemente expostos a versões “editadas” da realidade que reforçam ideais inalcançáveis de sucesso ou beleza, muitos usuários acabam desenvolvendo ansiedade ou uma visão distorcida de si mesmos. Pesquisas conduzidas pelo Instituto de Internet de Oxford mostram que as redes sociais podem gerar um efeito negativo na autoestima de adolescentes, exacerbando sentimentos de isolamento e inadequação.

Imagem: Portal UOL | Redes sociais afetam autoestima de crianças

    Combater as bolhas de filtro requer conscientização por parte dos usuários e das empresas de tecnologia. Os usuários podem buscar diversificar as fontes de informação que consomem, seguindo perfis e páginas com diferentes perspectivas, e questionando a veracidade do conteúdo apresentado. As plataformas, por sua vez, poderiam ajustar os algoritmos para oferecer uma gama mais ampla de conteúdos, estimulando debates construtivos e promovendo a pluralidade de vozes.

    O desafio é equilibrar a personalização sem sufocar a diversidade de ideias. Só assim poderemos garantir que as redes sociais sirvam ao seu propósito inicial de conectar pessoas e fomentar um espaço de interação saudável e inclusivo.


A Amplificação da Desinformação

    As redes sociais tornaram-se uma plataforma poderosa para a disseminação de notícias falsas, ou "fake news", muitas vezes amplificadas pelos algoritmos que priorizam conteúdos de alto engajamento. Esses conteúdos sensacionalistas, por serem mais propensos a gerar cliques, compartilhamentos e discussões acaloradas, acabam se espalhando muito mais rápido do que as notícias verdadeiras. Durante a eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016, por exemplo, notícias fabricadas favoráveis a Donald Trump foram compartilhadas 30 milhões de vezes, quase quatro vezes mais do que aquelas favoráveis a Hillary Clinton.

Imagem: G1 | Como Donald Trump venceu as eleições de 2016 com 3 milhões de votos a menos que a adversária Hillary Clinton

    Estudos sugerem que, embora as fake news tenham alcançado uma grande audiência, o impacto direto sobre o resultado das eleições foi mais limitado do que se pensava inicialmente. De acordo com uma pesquisa conduzida por Matthew Gentzkow, da Stanford University, os boatos mais amplamente disseminados atingiram apenas uma pequena fração da população americana, e menos da metade dos que visualizaram essas notícias acreditaram nelas. A pesquisa concluiu que, para uma única notícia falsa ter mudado o resultado eleitoral, teria sido necessário um nível de persuasão comparável a ver 36 anúncios de TV.

    Além das eleições, outro exemplo claro de amplificação da desinformação ocorreu durante a pandemia de COVID-19. Teorias da conspiração sobre vacinas e tratamentos não comprovados foram amplamente divulgadas em plataformas como o YouTube, o que prejudicou os esforços de saúde pública. Um estudo da Universidade de Oxford revelou que 88% dos vídeos mais vistos sobre COVID-19 continham informações incorretas​.

    Para mitigar a amplificação da desinformação, tanto plataformas quanto usuários têm um papel importante a desempenhar. Empresas de tecnologia já começaram a adotar medidas, como adicionar avisos de verificação de fatos em postagens suspeitas. No entanto, essas iniciativas ainda são insuficientes para lidar com o problema em escala global. É necessário que os algoritmos priorizem a confiabilidade das fontes, além de promover mais transparência sobre como o conteúdo é distribuído e amplificado.


O Papel dos Usuários e das Empresas

    O combate à desinformação nas redes sociais é uma responsabilidade compartilhada entre as plataformas de tecnologia e os usuários. Enquanto empresas como Facebook e YouTube adotam tecnologias automatizadas e revisões humanas para mitigar a disseminação de fake news e discurso de ódio, como a campanha "Facing Facts" do Facebook e as políticas mais rígidas do YouTube durante a pandemia​ , o volume massivo de conteúdo, como os 500 milhões de tuítes enviados diariamente no Twitter, torna impossível o controle completo​. Assim, é crucial que os usuários adotem uma postura crítica, desenvolvendo habilidades de alfabetização digital para identificar informações confiáveis.

    Apenas as ações das empresas não são suficientes; a regulamentação governamental também desempenha um papel importante. A Digital Services Act da União Europeia, por exemplo, impõe medidas mais rígidas às plataformas durante eventos críticos, como eleições​. A colaboração entre responsabilidade corporativa, regulamentação e educação dos usuários é essencial para criar um ambiente online mais seguro e combater a desinformação de maneira eficaz.


Conclusão

    O combate à desinformação nas redes sociais é um desafio complexo, mas essencial para garantir a qualidade da informação que consumimos. Tanto as plataformas de tecnologia quanto os usuários têm um papel crucial nesse processo. Enquanto as empresas adotam medidas como o uso de algoritmos aprimorados e revisões humanas para limitar a disseminação de fake news, como observado em iniciativas do Facebook e YouTube, é evidente que esses esforços precisam ser reforçados com regulamentações governamentais e maior educação digital​.

    O impacto futuro dessas ações pode redefinir a forma como nos conectamos e consumimos informações online. Se as plataformas e governos continuarem a trabalhar juntos para criar ambientes mais seguros, e os usuários se conscientizarem de suas responsabilidades em compartilhar informações confiáveis, poderemos mitigar os efeitos devastadores das fake news. O futuro das redes sociais depende de uma colaboração contínua entre todos os envolvidos, garantindo que a internet permaneça um espaço de conexão, informação verdadeira e confiança.


Referências

DESINFORMANTE. O poder dos algoritmos sobre o comportamento dos eleitores. Disponível em: https://desinformante.com.br/o-poder-dos-algoritmos-sobre-o-comportamento-dos-eleitores/. Acesso em: 20 out. 2024.

BORGES, Hélyda Moura; MAIA, Rodrigo da Silva. O impacto do uso do smartphone e das redes sociais na atenção, memória e ansiedade de estudantes universitários: revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 11, n. 15

STANFORD INSTITUTE FOR ECONOMIC POLICY RESEARCH. Examining fake news and the election. Disponível em: https://siepr.stanford.edu/news/examining-fake-news-and-election. Acesso em: 20 out. 2024.

GENTZKOW, Matthew; ALLCOTT, Hunt. Social media and fake news in the 2016 election. Stanford, 2017. Disponível em: https://web.stanford.edu/~gentzkow/research/fakenews.pdf. Acesso em: 22 out. 2024.

BROOKINGS. How should social media platforms combat misinformation and hate speech?. Disponível em: https://www.brookings.edu/articles/how-should-social-media-platforms-combat-misinformation-and-hate-speech/. Acesso em: 20 out. 2024.

Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: durante a preparação deste trabalho, os autores utilizaram ferramentas de IAG (ChatGPT) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. O(s) autor(es) assume(m) total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.



                                      





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