quinta-feira, 26 de outubro de 2023

O Uso Excessivo das Redes Associado ao Esgotamento e Ansiedade

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais

Autor/Aluno: Felipe H. Ruggeri

Matrícula: 19204506    

    Atualmente a presença quase onipresente dos smartphones nas mãos das pessoas tem transformado profundamente a maneira como interagimos. O celular, um dispositivo que se tornou uma extensão quase inseparável de nossas vidas, desempenha um papel central em nossa rotina diária, sendo utilizado para uma variedade de finalidades. Entre essas, a conexão às redes sociais tornou-se uma atividade quase universal, com aplicativos como WhatsApp, Twitter, Facebook e Instagram desempenhando um papel fundamental na maneira como nos comunicamos, compartilhamos experiências e mantemos contato com amigos, familiares e o mundo em geral (BORGES; MAIA, 2022). Esta revolução digital impactou não apenas a forma como nos relacionamos, mas também como consumimos informações e nos envolvemos em discussões e interações sociais.

Figura 1 - Indivíduo utilizando redes socias em seu Smarthphone

Fonte: https://www.publi.com.br/o-que-faz-um-social-media-e-qual-o-seu-papel-dentro-da-agencia/

    É bem notável os benefícios que as redes sociais trouxeram, como: a conexão entre as pessoas, possibilitando que amigos e familiares se mantenham em contato, independentemente de onde estejam; o aumento da conscientização sobre questões sociais, políticas e ambientais; o aprendizado e a educação através de plataformas como o YouTube, LinkedIn e grupos educacionais no Facebook oferecem oportunidades para aprender novas habilidades, obter informações valiosas e interagir com especialistas em diversas áreas; o acesso às notícias praticamente em tempo real, tornando mais fácil entender o que está acontecendo no mundo; entre outros benefícios.

Figura 2 - Mulher em aula no formato Ensino a Distância (EAD)

Fonte: https://vestibular.mundoeducacao.uol.com.br/ensino-distancia-ead

    Porém, o uso excessivo das redes sociais trouxe efeitos invisíveis e potencialmente prejudiciais, como má qualidade do sono, menor felicidade subjetiva, queda no desempenho acadêmico e consequências emocionais indesejáveis, como ansiedade e depressão (LIU; MA, 2018). Além disso, existe um fenômeno conhecido como fadiga das redes sociais ou esgotamento, caracterizado por uma redução no interesse em entrar e usar as redes sociais e até mesmo um desejo de se afastar dessas plataformas. O esgotamento de redes sociais é definido como o grau em que o usuário se sente exausto ao usar as redes sociais, por conta de três principais fatores: exaustão emocional, que ocorre quando usuário percebe que seus recursos, como tempo e esforço, foram esgotados pelo uso das redes sociais; despersonalização, que é a lacuna emocional entre o usuário e as redes sociais, que é o resultado do esgotamento; e ambivalência, que indica a ambiguidade em relação ao resultado favorável do uso das redes sociais Se as redes sociais não atenderem completamente às necessidades dos usuários, então o usuário questiona se deve abandonar ou permanecer na plataforma, considerando a utilidade limitada (LIU; MA, 2018).

    Estudos anteriores trouxeram um entendimento sobre como o esgotamento das redes sociais se desenvolve a partir de uma perspectiva de sobrecarga. Por exemplo,sugere-se que a diminuição do entusiasmo dos usuários pela atividade nas redes sociais pode ser causada por sobrecarga de informações, sobrecarga de comunicação, sobrecarga de sistema e sobrecarga social (LUQMAN; CAO; ALI; MASOOD; YU, 2017). No entanto, na literatura, não está claro de onde vem a sobrecarga. Uma fonte de sobrecarga pode decorrer da dependência das redes sociais. De acordo com o ponto central da teoria do processamento de informações, os indivíduos têm capacidade cognitiva limitada para processar informações (MILLER, 1956). Dessa forma, quando o fornecimento de informações excedesse a capacidade de processamento de alguém, o indivíduo experimentaria sobrecarga. Para indivíduos que usam muito as redes sociais, eles podem ser expostos a tantas postagens, comentários e requisitos de comunicação que podem ter capacidade de processamento reduzida, levando à sobrecarga.


Vídeo 1 - After A Few Minutes Of Social Media, This Happens - Neuroscientist Andrew Huberman


Outro ponto negativo muito relevante é a ansiedade. Ela geralmente surge do receio das pessoas em interagir com os outros ou em serem alvo de julgamentos negativos durante interações sociais. Há abundantes evidências que sugerem que as pessoas, de forma deliberada, evitam situações que possam desencadear ansiedade social, com o objetivo de se preservar de possíveis avaliações desfavoráveis. Até agora, a ansiedade social tem sido predominantemente estudada e mensurada em contextos presenciais e offline. No entanto, com o advento das redes sociais, há também a possibilidade de que, caso as pessoas vivenciem um aumento na ansiedade, isso possa levá-las a evitar ou reduzir o uso dessas plataformas, ou mesmo a evitá-las por completo.


Segundo Liu e Ma (2018), a ansiedade no uso de redes sociais mediou a relação entre a dependência de redes sociais e o esgotamento, ou seja, quanto maior o nível de dependência de redes sociais, maior o nível de ansiedade que o indivíduo pode experimentar, e, por fim, eles podem sentir um nível elevado de esgotamento. Assim, as configurações de redes sociais, como comunicações sociais, também podem desencadear ansiedade, assim como acontece em configurações do mundo real.


Vídeo 2 - Social Media + Mental Health: How to have a healthier experience online | Stanford



    

        Portanto, embora as redes sociais tenham trazido benefícios significativos, é fundamental reconhecer os desafios que surgem com o uso excessivo. Entender os efeitos negativos, como a fadiga das redes sociais e a ansiedade, pode ajudar os usuários a encontrar um equilíbrio saudável em seu uso, aproveitando os benefícios sem comprometer seu bem-estar. Além disso, pesquisas contínuas são necessárias para aprofundar nosso conhecimento sobre esse fenômeno em evolução e desenvolver estratégias para lidar com seus impactos.




REFERÊNCIAS

BORGES, Hélyda Moura; MAIA, Rodrigo da Silva. O impacto do uso do smartphone e das redes sociais na atenção, memória e ansiedade de estudantes universitários: revisão integrativa. Research, Society And Development, [S.L.], v. 11, n. 15, p. 1-13, 25 nov. 2022. Research, Society and Development. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i15.37422. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/37422. Acesso em: 25 out. 2023.


MILLER, George A. The magical number seven, plus or minus two: some limits on our capacity for processing information.. Psychological Review, [S.L.], v. 63, n. 2, p. 81-97, mar. 1956. American Psychological Association (APA). http://dx.doi.org/10.1037/h0043158.


LIU, Chang; MA, Jianling. Social media addiction and burnout: the mediating roles of envy and social media use anxiety. Current Psychology, [S.L.], v. 39, n. 6, p. 1883-1891, 13 set. 2018. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s12144-018-9998-0.



LUQMAN, Adeel; CAO, Xiongfei; ALI, Ahmed; MASOOD, Ayesha; YU, Lingling. Empirical investigation of Facebook discontinues usage intentions based on SOR paradigm. Computers In Human Behavior, [S.L.], v. 70, p. 544-555, maio 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.chb.2017.01.020


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