Que todo o desenvolvimento da internet e das redes sociais foi um avanço para a humanidade, isso todos sabemos. Elas permitiram que nos conectássemos mais fácil e rapidamente com parentes que moram longe, amigos, nos permitiu que trabalhássemos no conforto de nossas casas, que compartilhássemos informações e nos mantivéssemos atualizados de tudo o que acontece na nossa cidade, estado, país e até no mundo inteiro. Todavia, infelizmente, juntamente com todos esses pontos positivos, a internet nos trouxe, também, muitos desafios e pontos negativos, sendo um deles a desinformação.
A desinformação nada mais é do que uma informação falsa,
incompleta ou enganosa que é compartilhada e disseminada com a intenção de,
justamente, manipular o leitor. Dentre as mais recorrentes formas de se
disseminar essa desinformação, as fake news e teorias da conspiração são
as mais comentadas nos últimos anos, sendo seu principal canal de
compartilhamento, as redes sociais; com foco principal no WhatsApp, Facebook e
Instagram.
Além do fato de serem totalmente abertas a qualquer pessoa
publicar, literalmente, qualquer coisa, sem necessidade alguma de verificação de
sua veracidade por uma autoridade ou instituição de confiança, também
proporcionam muita facilidade de compartilhamento destas postagens por qualquer
usuário também, tornando então, as redes sociais um terreno extremamente vulnerável
para que a desinformação se espalhe rapidamente.
Um exemplo de toda essa situação foi a disseminação de todas
as teorias da conspiração a respeito da pandemia do COVID-19. Nas redes sociais,
muitas pessoas compartilhavam, com muita frequência, teorias que falavam sobre a
origem do coronavírus, seu tratamento, prevenção, etc, sendo, muitas vezes,
tais informações falsas. Nesse contexto, até hoje, sinceramente, é difícil para
mim entender, de fato, qual foi a origem de toda a disseminação do vírus em
questão, já que recebi muitas – muitas – informações a respeito, tanto falsas quanto
verídicas, e chega a um ponto que torna-se problemático acreditar em qualquer
uma delas, independente de sua fonte. Acontece que, devido a todas as notícias
compartilhadas, verídicas ou não, uma população em específico acabou por saindo
prejudicada; até hoje, ano de 2023, ouve-se pelas ruas críticas e preconceitos
para com a população asiática, em específico chinesa. E isso não se limita a
ruas, mas se estende nas redes, onde palavras duras e extremamente ofensivas
são compartilhadas, sem nem se questionar se o receptor irá se prejudicar e se afetar com
tais atos.
Nesse sentido, outro ponto que foi muito disseminado,
inclusive por pessoas de alto poder em nossa sociedade e política, foi sobre a
questão do tratamento da doença. O compartilhamento da ideia de tratamento precoce e ingestão de medicamentos que não tinham comprovação científica e médica
nenhuma, a fim de evitar o avanço e desenvolvimento do vírus em nosso organismo,
levou muitas pessoas a desenvolverem problemas físicos, a pessoas que, de fato,
necessitavam de tal medicamento por outros problemas, ficarem sem estoque dos
mesmos em farmácias e, como consequência, a descontinuidade de tal tratamento
por determinado tempo, também.
Ademais, outro exemplo a ser citado ocorreu no fim do ano passado,
vivenciado pela população brasileira durantes as eleições a presidência do Brasil.
Tantas intenções de votos que foram alteradas devido ao espalhamento de informações falsas a respeito de candidatos, partidos políticos e processos eleitorais.
Muitas pessoas acreditam, até hoje, nas publicações e compartilhamento que
foram disseminados naquela época, o que tem como consequência a descrença na
integridade das eleições, por exemplo. Também, pode levar a diminuição na confiança
de instituições e prejudicar diversas e extensas camadas da sociedade, como a
saúde pública, além da polarização, aumento da tensão social e, o mais preocupante
de tudo, aumento da violência.
As empresas de mídias e redes sociais desempenham um
importante papel na prevenção e disseminação de fake News, implementando medidas
para identificar tais desinformações e removê-las de suas plataformas, como é o
caso do WhatsApp. Quando esta rede identifica uma movimentação anormal no número,
na quantidade de mensagens enviada por hora e qualidade de mensagens, o usuário
tem seu número bloqueado e só recebe o desbloqueio depois de entrar em contato
com o suporte, solicitar e explicar o motivo de tal maneira de uso. Todavia,
ainda assim, devido a quantidade de informações publicadas diariamente, há uma
grande dificuldade em determinar o que é verdadeiro ou falso, além da
necessidade de proteger a liberdade de expressão de cada um. Cabe as mídias, ademais,
educar seus usuários a respeito de como identificar e suspeitar dessas desinformações,
com avisos ao entrar no site ou aplicativo, ao receberem mensagens e
publicações suspeitas, entre outras alternativas.
Uma maneira considerada um caminho um pouco mais fácil para
se combater a desinformação é a educação! As escolas tem um papel muito importante na formação de caráter, personalidade, conhecimento e, até mesmo, confiança e
desconfiança de seus alunos, ainda mais quando o assunto é notícias encontradas nas mídias. Uma maneira de aproveitar da educação como meio de combate é incorporando
a alfabetização midiática e educação cívica em seus currículos, além de palestras
ofertadas aos estudantes durante os horários de aula ou intervalo a respeito
dessa temática, como forma de alerta para não acreditarem em tudo o que recebem
nas redes. Também, outra iniciativa super interessante seria a realização de
campanhas de conscientização pública a fim de educar o público sobre a desinformação
e todos seus efeitos pelos governos.
Portanto, as redes sociais possuem um gigantesco papel na
disseminação de fake news, sendo um problema sério que afeta a sociedade em
inúmeros níveis. Todavia, não depende somente dela para que esse problema seja,
no mínimo, conscientizado. São necessários esforços em conjunto de governos,
sociedade em geral e meios de comunicação para combater este problema. Talvez, dessa forma, em algum momento teremos uma sociedade mais preparada para receber tais desinformações e lidar com as mesmas.
Referências:
CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura Vol. 2 - O Poder da Identidade. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 1999.
https://www.sanarmed.com/fake-news-e-falso-que-senadores-dos-eua-descobriram-a-origem-da-covid-19
https://www.aberje.com.br/saude-e-uma-das-areas-que-mais-sofrem-com-fake-news/
https://jornal.usp.br/atualidades/tse-firma-jurisprudencia-visando-a-punicao-de-fake-news-nas-eleicoes-de-2022/
https://jornal.usp.br/ciencias/tratamento-precoce-e-kit-covid-a-lamentavel-historia-do-combate-a-pandemia-no-brasil/
https://www.cartacapital.com.br/politica/grupos-bolsonaristas-dominam-redes-com-mentiras-e-criticas-a-pesquisas-eleitorais/
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