quinta-feira, 4 de maio de 2023

A disseminação de desinformação através das redes sociais e seu impacto na sociedade

Que todo o desenvolvimento da internet e das redes sociais foi um avanço para a humanidade, isso todos sabemos. Elas permitiram que nos conectássemos mais fácil e rapidamente com parentes que moram longe, amigos, nos permitiu que trabalhássemos no conforto de nossas casas, que compartilhássemos informações e nos mantivéssemos atualizados de tudo o que acontece na nossa cidade, estado, país e até no mundo inteiro. Todavia, infelizmente, juntamente com todos esses pontos positivos, a internet nos trouxe, também, muitos desafios e pontos negativos, sendo um deles a desinformação.

 

Fonte: Agência Brasil

A desinformação nada mais é do que uma informação falsa, incompleta ou enganosa que é compartilhada e disseminada com a intenção de, justamente, manipular o leitor. Dentre as mais recorrentes formas de se disseminar essa desinformação, as fake news e teorias da conspiração são as mais comentadas nos últimos anos, sendo seu principal canal de compartilhamento, as redes sociais; com foco principal no WhatsApp, Facebook e Instagram.

 

Além do fato de serem totalmente abertas a qualquer pessoa publicar, literalmente, qualquer coisa, sem necessidade alguma de verificação de sua veracidade por uma autoridade ou instituição de confiança, também proporcionam muita facilidade de compartilhamento destas postagens por qualquer usuário também, tornando então, as redes sociais um terreno extremamente vulnerável para que a desinformação se espalhe rapidamente.

 

Um exemplo de toda essa situação foi a disseminação de todas as teorias da conspiração a respeito da pandemia do COVID-19. Nas redes sociais, muitas pessoas compartilhavam, com muita frequência, teorias que falavam sobre a origem do coronavírus, seu tratamento, prevenção, etc, sendo, muitas vezes, tais informações falsas. Nesse contexto, até hoje, sinceramente, é difícil para mim entender, de fato, qual foi a origem de toda a disseminação do vírus em questão, já que recebi muitas – muitas – informações a respeito, tanto falsas quanto verídicas, e chega a um ponto que torna-se problemático acreditar em qualquer uma delas, independente de sua fonte. Acontece que, devido a todas as notícias compartilhadas, verídicas ou não, uma população em específico acabou por saindo prejudicada; até hoje, ano de 2023, ouve-se pelas ruas críticas e preconceitos para com a população asiática, em específico chinesa. E isso não se limita a ruas, mas se estende nas redes, onde palavras duras e extremamente ofensivas são compartilhadas, sem nem se questionar se o receptor irá se prejudicar e se afetar com tais atos.


Fonte: ABERGE


Nesse sentido, outro ponto que foi muito disseminado, inclusive por pessoas de alto poder em nossa sociedade e política, foi sobre a questão do tratamento da doença. O compartilhamento da ideia de tratamento precoce e ingestão de medicamentos que não tinham comprovação científica e médica nenhuma, a fim de evitar o avanço e desenvolvimento do vírus em nosso organismo, levou muitas pessoas a desenvolverem problemas físicos, a pessoas que, de fato, necessitavam de tal medicamento por outros problemas, ficarem sem estoque dos mesmos em farmácias e, como consequência, a descontinuidade de tal tratamento por determinado tempo, também.

 

Ademais, outro exemplo a ser citado ocorreu no fim do ano passado, vivenciado pela população brasileira durantes as eleições a presidência do Brasil. Tantas intenções de votos que foram alteradas devido ao espalhamento de informações falsas a respeito de candidatos, partidos políticos e processos eleitorais. Muitas pessoas acreditam, até hoje, nas publicações e compartilhamento que foram disseminados naquela época, o que tem como consequência a descrença na integridade das eleições, por exemplo. Também, pode levar a diminuição na confiança de instituições e prejudicar diversas e extensas camadas da sociedade, como a saúde pública, além da polarização, aumento da tensão social e, o mais preocupante de tudo, aumento da violência.  


Fonte: Jornal da USP


As empresas de mídias e redes sociais desempenham um importante papel na prevenção e disseminação de fake News, implementando medidas para identificar tais desinformações e removê-las de suas plataformas, como é o caso do WhatsApp. Quando esta rede identifica uma movimentação anormal no número, na quantidade de mensagens enviada por hora e qualidade de mensagens, o usuário tem seu número bloqueado e só recebe o desbloqueio depois de entrar em contato com o suporte, solicitar e explicar o motivo de tal maneira de uso. Todavia, ainda assim, devido a quantidade de informações publicadas diariamente, há uma grande dificuldade em determinar o que é verdadeiro ou falso, além da necessidade de proteger a liberdade de expressão de cada um. Cabe as mídias, ademais, educar seus usuários a respeito de como identificar e suspeitar dessas desinformações, com avisos ao entrar no site ou aplicativo, ao receberem mensagens e publicações suspeitas, entre outras alternativas.

 

Uma maneira considerada um caminho um pouco mais fácil para se combater a desinformação é a educação! As escolas tem um papel muito importante na formação de caráter, personalidade, conhecimento e, até mesmo, confiança e desconfiança de seus alunos, ainda mais quando o assunto é notícias encontradas nas mídias. Uma maneira de aproveitar da educação como meio de combate é incorporando a alfabetização midiática e educação cívica em seus currículos, além de palestras ofertadas aos estudantes durante os horários de aula ou intervalo a respeito dessa temática, como forma de alerta para não acreditarem em tudo o que recebem nas redes. Também, outra iniciativa super interessante seria a realização de campanhas de conscientização pública a fim de educar o público sobre a desinformação e todos seus efeitos pelos governos.

 

Portanto, as redes sociais possuem um gigantesco papel na disseminação de fake news, sendo um problema sério que afeta a sociedade em inúmeros níveis. Todavia, não depende somente dela para que esse problema seja, no mínimo, conscientizado. São necessários esforços em conjunto de governos, sociedade em geral e meios de comunicação para combater este problema. Talvez, dessa forma, em algum momento teremos uma sociedade mais preparada para receber tais desinformações e lidar com as mesmas. 

 

Referências:

CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura Vol. 2 - O Poder da Identidade. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 1999.

https://www.sanarmed.com/fake-news-e-falso-que-senadores-dos-eua-descobriram-a-origem-da-covid-19

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/03/fbi-nao-confirmou-origem-do-novo-coronavirus-ao-contrario-do-que-diz-tuite.shtml

https://www.aberje.com.br/saude-e-uma-das-areas-que-mais-sofrem-com-fake-news/

https://jornal.usp.br/atualidades/tse-firma-jurisprudencia-visando-a-punicao-de-fake-news-nas-eleicoes-de-2022/

https://jornal.usp.br/ciencias/tratamento-precoce-e-kit-covid-a-lamentavel-historia-do-combate-a-pandemia-no-brasil/

https://www.cartacapital.com.br/politica/grupos-bolsonaristas-dominam-redes-com-mentiras-e-criticas-a-pesquisas-eleitorais/

 

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