quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Redes sociais e sua relação com mobilidade social

Disciplina de Redes Sociais e Virtuais

Redes sociais e sua relação com mobilidade social


Lucas Gabriel Alves (19102964)


Quem nunca ouviu dos pais que para crescer na vida é necessário estudar, porém, apesar de fundamental, os estudos não são suficientes para explicar toda a mobilidade social ascendente de um indivíduo. Especialistas na área tem argumentado que um conceito de capital social seria um fator central para determinação de fenômenos sociais como desigualdade, renda e oportunidade econômica. Mas havia uma carência de dados em larga escala tem limitado a capacidade de pesquisas até que com o advento das redes sociais as conexões humanas passaram ser quantificáveis, não apenas com simples informações, mas conexões entre uma sociedade quase que inteiramente.  Assim um grupo de acadêmicos americanos utilizou dados de mais de 72 milhões de usuários do Facebook com idades entre 25 e 44 anos para construir e compreender quais tios de capital social importam para o crescimento pessoal e como podem efetivamente acrescentar capital social.


Mensuração do capital social


Para a pesquisa, os pesquisadores estipularam três categorias de organização e mensuração do capital social, são elas:

Conexões cruzadas: uma medida do quanto diferentes tipos de pessoas, por exemplo, pessoas de alta e baixa renda, são amigas entre si. Combina dados de conexão de amizades com características individuais;

Coesão de rede: é o grau em que as redes de amizade estão agrupadas em panelinhas e se as amizades tendem a ser relacionadas por outros amigos. Utiliza somente dados de conexão de amizades;

Engajamento cívico: medido por meio de índices de confiança e participação em organizações cívicas. Utiliza puramente caraterísticas de nível individual ou de comunidade;

Após estabelecidas as medidas de capital social foram estipulados mecanismos de redes para compreensão entre conectividade econômica e mobilidade social, de modo que observaram uma relação positiva entre ambos os parâmetros, assim sendo, em localidades com mais amizades no Facebook entre pessoas de baixo status socioeconômico (SES) com pessoas com alto (SES) possuem um maior índice da mobilidade social.


Por que Conectividade econômica é relacionada com mobilidade social?


Muitas teorias foram estabelecidas para relação entre conexão econômica e efeito causal positiva sobre mobilidade de renda, por exemplo, a mobilidade econômica pode ser facilitada por conexões com pessoas que podem moldar aspirações ou fornecer acesso a informações e oportunidades de trabalho. Foram avaliados pelo estudo três possibilidade de explicação para o fenômeno.


Causalidade Reversa


A primeira explicação é dada pelo conceito de causalidade reversa, em que maior mobilidade econômica é que levaria a maior conexão econômica. A ideia é de que, crianças de baixo SES que passariam por ascensão de renda manteriam, após adultas, as amizades que permaneceram com baixo SES. Pelos resultados obtidos pelo estudo, esta causa, se explicar, deve ser apenas uma pequena parcela da correlação.


Seleção


A segunda explicação é chamada de seleção, em que tipos de famílias possam ter taxas inerentes de mobilidade, pois possuiriam mais educação ou riqueza, independentemente de onde vivam. Entretanto, a conclusão do estudo é de que a correlação não é motivada simplesmente por diferenças nos tipos de famílias que vivem em áreas de alta conectividade econômica. Em vez disso, crescer em uma área com maior conectividade econômica é que causa taxas significativamente mais altas de mobilidade ascendente.


Conectividade versus outros fatores


O terceiro motivo busca avaliar se áreas de maior complexidade econômica podem gerar níveis mais altos de mobilidade, podendo ser por dois motivos: a próprias conectividades econômica tem um efeito causal na mobilidade ou lugares de alta conectividade econômica têm outras características que geram níveis mais altos de mobilidade, como escolas melhoras. Os resultados do estudo concluem que pobreza concentrada pode ser um mediador para afetar a mobilidade social, ou seja, morar em um bairro de baixa renda reduz a interação de pessoas com alto SES. Esse resultado levanta a possibilidade de que comunidades mais conectadas economicamente possam beneficiar famílias de baixa renda com a redistribuição e bens públicos. Apesar disto a influência sobre a conectividade econômica parece ser baixa.


Discussão


Como conclusão do estudo temos que conectividade econômica gera um maior nível de mobilidade social. Não que conectividade econômica seja o melhor, ou mais importante medida de capital social. Mas pode ser um preditivo para de mobilidade social, pois mobilidade é essencialmente a medida do grau com que indivíduos podem crescer seu próprio SES, tornando natural que conexões com indivíduos de alto SES estejam relacionados a isso.

 Além disso podemos compreender uma possível revolução que as redes sociais podem gerar na sociedade e nas ciências econômicas aplicadas. Amizades no Facebook não são necessariamente um fator causal para maior mobilidade social, mas esses dados liberam um laboratório recheado de dados para as ciências sociais aplicadas. Se até então havia uma falta de dados de conexões entre pessoas, agora há uma quase infinitude de informações a serem exploradas.


REFERÊNCIAS


CHETTY, Raj; JACKSON, Matthew O.; KUCHLER, Theresa; STROEBEL, Johannes; HENDREN, Nathaniel; FLUEGGE, Robert B.; GONG, Sara; GONZALEZ, Federico; GRONDIN, Armelle; JACOB, Matthew. Social capital I: measurement and associations with economic mobility. Nature, [S.L.], v. 608, n. 7921, p. 108-121, 1 ago. 2022. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41586-022-04996-4. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41586-022-04996-4. Acesso em: 12 out. 2022.

CHETTY, Raj; JACKSON, Matthew O.; KUCHLER, Theresa; STROEBEL, Johannes; HENDREN, Nathaniel; FLUEGGE, Robert B.; GONG, Sara; GONZALEZ, Federico; GRONDIN, Armelle; JACOB, Matthew. Social capital II: determinants of economic connectedness. Nature, [S.L.], v. 608, n. 7921, p. 122-134, 1 ago. 2022. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41586-022-04997-3. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41586-022-04997-3. Acesso em: 12 out. 2022.

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