A influência que as mídias passaram a possuir em um cérebro não totalmente desenvolvido ainda é nebulosa e polarizada. Apesar disso, existe embasamento científico que demonstra os danos e benefícios proporcionados pelas redes em crianças e adolescentes. Com uma gama de pesquisas que se amplia a cada ano, pode-se analisar dados exatos quantitativos precisos, assim como conclusões inexatas e ainda análises textuais e qualitativas sobre diversos âmbitos desse debate. Observa-se portanto que, mesmo com todo o material que já se possui, ainda é necessária a pesquisa na área.
Basilarmente, cabe citar que as redes sociais nos permitem atingir uma amplitude quase que inacreditável do globo. Através delas, podemos interagir com pessoas do outro lado do mundo, assistir e navegar por mídias em línguas totalmente diferentes da nossa e aprender e ensinar de diversas maneiras diferentes. Em ressalva desse último item, podemos adicionar a relação direta com a mais jovem geração atual, que pode aprender uma gama diversa de assuntos em poucos minutos de navegação nas redes. Através de um raciocínio simples, percebe-se que esse "poder" entregue a mãos curiosas e investigativas pode gerar consequências.
Nesse sentido, é válido mencionar o artigo publicado em 2018: Social Media and Children de Mustafa Ersoy. O autor, através de dados percentuais, analisa a influência da globalização na atual relação das crianças e redes sociais, concluindo que existem vantagens e desvantagens nessa ocorrência.
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Fonte: Social Media and Children de Mustafa ErsoyAtualmente, boa parte do planeta faz uso de redes sociais, fato que é comprovado por números: segundo os dados do Data Reportal de janeiro de 2021, de 7.83 bilhões de seres humanos na Terra, 4.2 bilhões deles são ativos em redes sociais. Ou seja, mais de 50% da população faz uso ativo dessas mídias, número que só tende a aumentar. Isso mostra que as mídias são algo que já atingiu o planeta todo, independentemente de cultura, classe social ou gênero. Porém, um fato importante a ser citado é que, apesar de atingir muitas pessoas, não significa que atinja da mesma maneira para todos os grupos.
Além disso, porcentagens altas apresentadas em julho de 2022, da população jovem mostram que desde cedo há o uso de diversas redes sociais, como Whatsapp, Instagram, Facebook, etc. Mais uma vez, vê-se que usuários de diversas idades já possuem acesso às redes. Na tabela abaixo, é apresentada também a diferença do uso masculino e feminino nas redes, mostrando que mesmo atingindo ambos os gêneros, ainda existem diferenciações em números entre eles. Isso se dá pelas diferenças de costumes, atividades, rotinas, etc.
A partir desses dados, já é possível notar que é indiscutível a influência da globalização no universo das mídias por conta dos altos índices de participação desses usuários. Voltando para o nicho crianças e adolescentes, pode-se afirmar que essa influência os atinge também. O artigo 'Developmental Science and The Media - Early Brain Development', escrito por Charles Thomspon e Ross Nelson, relata que as experiências vividas na juventude, mais especificamente na infância, moldam e estimulam a organização das interconecções neurais. Ou seja, um cérebro ainda não totalmente desenvolvido está apto a absorver experiências mais facilmente, ficando marcado por muito tempo. Tudo isso, ainda segundo o artigo, impacta e calibra as capacidades dessa criança. Sendo assim, conclui-se que o acesso às redes sociais quando em contato com neurônios ainda em desenvolvimento gera consequências difíceis de serem reparadas. Ainda nesse sentido, pode-se concluir que da mesma forma que essas consequências podem ser geradas por estímulos danosos, elas também podem advir de algo que estimula as capacidades neurais, auxiliando no desenvolvimento do jovem.
Inúmeras sugestões podem ser citadas para que o uso das mídias pare de ser algo prejudicial os jovens. Entre elas, uma opção válida seria a implementação de projetos dentro das escolas, apresentem as mídias sociais como algo didático, de fácil acesso e que é capaz de gerar produção e acesso de conteúdo, assim como interações sociais saudáveis, em poucos cliques. Porque, afinal, já que essas ferramentas já fazem parte do cotidiano dessas crianças, é útil que sejam implementadas alternativas que as façam benéficas.
Fonte: Wakke
Apesar de ser um campo fragmentado, existem algumas conclusões que são quase indiscutíveis. Ainda no artigo 'Crianças e Mídias Digitais: Um Diálogo com Pesquisadores', é citada a necessidade da relação entre estudos sociológicos da infância e estudos sociológicos das mídias porque, por serem divididos em vieses diferentes, podem ser tratados de formas separadas. Nesse sentido, unindo ambas sociologias, haveria a possibilidade de reduzir o afastamento entre os dois temas, trazendo novas possíveis soluções baseadas no comportamental dos jovens.
Por fim, conclui-se que a área de pesquisa dos impactos das mídias em crianças e adolescentes é algo que merece atenção pois, gera consequências diretamente ligadas ao futuro do planeta. Todos os estudos feitos a respeito ajudarão nessa caminhada de descobertas comportamentais, para que possamos reduzir os malefícios e aumentar os benefícios das redes sociais, algo universal e muito importante para o desenvolvimento do mundo..
ERSOY, Mustafa. Social Media and Children. Cumhuriety Universitesi. Turkey, 2019
THOMPSON, Ross; NELSON, Charles. Developmental Science and the Media: Early Brain Development. University of Neabraska, University of Minnesota. United States of America, 2001.
LOUREIRO, Carla; MARCHI, Rita. Crianças e Mídias Digitais: Um Diálogo com Pesquisadores. Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Regional de Blumenau, Educação e Realidade. Porto Alegre, 2021.
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