quinta-feira, 13 de outubro de 2022

O uso de mídias sociais por crianças e adolescentes e seus efeitos

O uso de mídias sociais por crianças e adolescentes e seus efeitos
EGC5020-09318/10316 - Redes Sociais e Virtuais
Bia Carolina Folle - 22100931
                                    
              Uma pesquisa voltada à dados, consequências e possíveis soluções

 

 A influência que as mídias passaram a possuir em um cérebro não totalmente desenvolvido ainda é nebulosapolarizada. Apesar disso, existe embasamento científico que demonstra os danos e benefícios proporcionados pelas redes em crianças e adolescentes. Com uma gama de pesquisas que se amplia a cada ano, pode-se analisar dados exatos  quantitativos precisos, assim como conclusões inexatas e ainda análises textuais e qualitativas sobre diversos âmbitos desse debate. Observa-se portanto que, mesmo com   todo o material que se possui, ainda é necessária a pesquisa na área 

        Basilarmente, cabe citar que as redes sociais nos permitem atingir uma amplitude quase que inacreditável do globo. Através delas, podemos interagir com pessoas do outro lado do mundo, assistir e navegar por mídias em línguas totalmente diferentes da nossa e aprender e ensinar de diversas maneiras diferentes. Em ressalva desse último item, podemos adicionar a relação direta com a mais jovem geração atual, que pode aprender uma gama diversa de assuntos em poucos minutos de navegação nas redes. Através de um raciocínio simples, percebe-se que esse "poder" entregue a mãos curiosas e investigativas pode gerar consequências. 

        Nesse sentido, é válido mencionar o artigo publicado em 2018: Social Media and Children de Mustafa Ersoy. O autor, através de dados percentuais, analisa a influência da globalização na atual relação das crianças e redes sociais, concluindo que existem vantagens e desvantagens nessa ocorrência.  

Fonte: Social Media and Children de Mustafa Ersoy
        
        Atualmente, boa parte do planeta faz uso de redes sociais, fato que é comprovado por números: segundo os dados do Data Reportal de janeiro de 2021, de 7.83 bilhões de seres humanos na Terra, 4.2 bilhões deles são ativos em redes sociais. Ou seja, mais de 50% da população faz uso ativo dessas mídias, número que tende a aumentar. Isso mostra que as  mídias são algo que atingiu o planeta todo, independentemente de cultura, classe social ou gênero. Porém, um fato importante a ser citado é que, apesar de atingir muitas pessoas, não significa que atinja da mesma maneira para todos os grupos. 

Fonte: Data Reportal
        Além disso, porcentagens altas apresentadas em julho de 2022, da população jovem mostram que desde cedo o uso de diversas redes sociais, como Whatsapp, Instagram, Facebook, etc. Mais uma vez, -se que usuários de diversas idades possuem acesso às redes.  Na tabela abaixo, é apresentada também a diferença do uso masculino e feminino nas redes, mostrando que mesmo atingindo ambos os gêneros, ainda existem diferenciações em números entre eles. Isso se pelas diferenças de costumes, atividades, rotinas, etc. 

                                                                   Fonte: Data Reportal
            A partir desses dados, já é possível notar que é indiscutível a influência da globalização no universo das mídias por conta dos altos índices de participação desses usuários. Voltando para o nicho crianças e adolescentes, pode-se afirmar que essa influência os atinge também. O artigo 'Developmental Science and The Media - Early Brain Development', escrito por Charles Thomspon e Ross Nelson, relata que as experiências vividas na juventude, mais especificamente na infância, moldam e estimulam a organização das interconecções neurais. Ou seja, um cérebro ainda não totalmente desenvolvido está apto a absorver experiências mais facilmente, ficando marcado por muito tempo. Tudo isso, ainda segundo o artigo, impacta e calibra as capacidades dessa criança. Sendo assim, conclui-se que o acesso às redes sociais quando em contato com neurônios ainda em desenvolvimento gera consequências difíceis de serem reparadas.  Ainda nesse sentido, pode-se concluir que da mesma forma que essas consequências podem  ser geradas por estímulos danosos, elas também podem advir de algo que estimula as capacidades      neurais, auxiliando no desenvolvimento do jovem.  
  
                               Cérebro em desenvolvimento. Fonte: Revista Pesquisa - Fapesp


                  Um artigo que também cabe ser citado é o 'Crianças e Mídias Digitais: Um Diálogo com  Pesquisadores', escrito por Carla Loureiro e Rita Marchi. Nele, é realizado um diálogo menos  polarizado e mais voltado à questão do que as crianças fazem de fato com as mídias. Uma  questão citada no estudo foi o imediatismo sentido pelos jovens usuários de redes sociais: ao ficarem offline e não entrarem em contato com as redes por um curto período de tempo,    prontamente sentiam a culpa e o ressentimento de estarem gerando desentendidos por não estarem respondendo e visualizando tudo no tempo presente. Isso certamente gera um canal de ansiedade mútuo pois, ambas as partes (offline e online) passam a sentir desconfortos. Além disso, o artigo cita a importância de reconhecer as redes sociais não como entretenimento e lazer   apenas, mas também como espaços sociais. Um ponto importante a ser levantado porque, muitas das conexões interpessoais desses jovens existe além do mundo físico: no virtual. 
                   Também no artigo citado anteriormente ‘Social Media and Children’ de Mustafa Ersoy, é trazido um pensamento voltado à necessidade do uso das redes sociais, algo que pode gerar desconforto no pensamento de pessoas menos conectadas às mídias. As habilidades digitais geram desenvolvimento social, globalização, expressão, compartilhamento de informações e aprendizados a respeito do mundo todo. Analisando um pouco mais profundamente, -se que essas habilidades são primordiais para conseguir certas vagas de emprego, por exemplo. Ou quem sabe para apresentar um seminário na universidade. Unindo esse pensamento com o do estudo 'Developmental Science and The Media - Early Brain Development', percebe-se que essas habilidades, se introduzidas na infância, moldarão o cérebro de uma criança, para que, se estimulada de maneora correta e consciente, poderá aprimorá-las virtualmente cada vez mais, algo que não era possível em poucas décadas atrás. 
               Portanto as mídias também são capazes de gerar benefícios, desde que reconhecidas como  algo danoso se utilizadas por muito tempo e sem fiscalização, e utilizadas de forma útil para os  usuários. Ademais, apesar da boa gama de estudos realizados a respeito do assunto, vê-se necessária a continuação das pesquisas, com uma gama ampla de vieses (cultura, gênero, classe social) para que, cada vez mais, o mundo se adapte à essa nova realidade 

              Inúmeras sugestões podem ser citadas para que o uso das mídias pare de ser algo prejudicial   os jovens. Entre elas, uma opção válida seria a implementação de projetos dentro das escolas, apresentem as mídias sociais como algo didático, de fácil acesso e que é capaz de gerar produção e   acesso de conteúdo, assim como interações sociais saudáveis, em poucos cliques. Porque, afinal, que essas ferramentas fazem parte do cotidiano dessas crianças, é útil que sejam implementadas  alternativas que as façam benéficas 


Fonte: Wakke

          Apesar de ser um campo fragmentado, existem algumas conclusões que são quase indiscutíveis. Ainda no artigo 'Crianças e Mídias Digitais: Um Diálogo com Pesquisadores', é citada a necessidade da relação entre estudos sociológicos da infância e estudos sociológicos das mídias porque, por serem divididos em vieses diferentes, podem ser tratados de formas separadas. Nesse sentido, unindo ambas sociologias, haveria a possibilidade de reduzir o afastamento entre os dois temas, trazendo novas possíveis soluções baseadas no comportamental dos jovens.

           Por fim, conclui-se que a área de pesquisa dos impactos das mídias em crianças e adolescentes é algo que merece atenção pois, gera consequências diretamente ligadas ao futuro do planeta. Todos os estudos feitos a respeito ajudarão nessa caminhada de descobertas comportamentais, para que possamos reduzir os malefícios e aumentar os benefícios das redes sociais, algo universal e muito importante para o desenvolvimento do mundo..  


 Referências

ERSOY, Mustafa. Social Media and Children. Cumhuriety Universitesi. Turkey, 2019

THOMPSON, Ross; NELSON, Charles. Developmental Science and the Media: Early Brain Development. University of Neabraska, University of Minnesota. United States of America, 2001.

LOUREIRO, Carla; MARCHI, Rita. Crianças e Mídias Digitais: Um Diálogo com Pesquisadores. Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Regional de Blumenau, Educação e Realidade. Porto Alegre, 2021.



 

 

         

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