quinta-feira, 13 de outubro de 2022

O uso das redes sociais para disseminar educação financeira

Em um momento de sociedade em que as pessoas estão cada vez mais conectadas a internet, o uso da tecnologia na disseminação da educação financeira tem se tornado cada vez mais comum. A terceira edição do estudo “Finfluence: quem fala de investimentos nas redes sociais” da Anbimaem parceria com o IBPAD, mostrou que apesar do número de influenciadores de investimentos ter caído, o engajamento não para de subir.


Em sua terceira edição, o estudo demonstra uma queda no número de influenciadores, contrariando o movimento de alta de seguidores e interações médias. O fato é que o retorno ao presencial pós pandemia trouxe desafios para a manutenção da criação de conteúdo, enquanto a demanda por educação financeira no Brasil não para de crescer.  


Uma pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto Locomotiva em parceria com a XP Educação mostrou que 7 em cada 10 brasileiros se viram sem renda suficiente para o custo de vida. O estudo também apurou que 8 em cada 10 entrevistados dizem ter objetivos financeiros definidos, mas que os principais pagamentos são para dívidas e formação de uma reserva de emergência, sendo que 29% desse total sequer acreditam que sua condição permitirá atingir essas metas.


A interação é essencial para o desenvolvimento dos conteúdos nas redes sociais, se atendo ao fato de que existem muitas informações disponíveis – a contraparte do consumidor pode nortear o criador de conteúdo, que precisará gerenciar uma nova comunidade que surge junto a audiência em questão. “Vale lembrar que, se não houver interação, não há produção de conhecimento, mas a mera reprodução da forma bancária: o depósito de informações por parte de alguns “produtores” para uma maioria de “consumidores” (Adams et al., 2013)


Nesse sentido, a capacitação desses criadores, bem como a criação de normas e diretrizes que certifiquem o tipo de informação divulgada é essencial. Vale pontuar, que quando falamos em mercado de capitais, a influência vai além do educacional, tem capacidade de direcionar recursos, e impactar no desenvolvimento e dinâmica do mercado financeiro. 



Até nessa linha, é possível ver que entre os produtos mais falados estão os de renda variável, com ligação direta a bolsa de valores e com altos índices de sensibilidade de preços. Dessa forma, a atuação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), bem como criação de regulações que protejam os investidores se faz essencial para controlar e qualificar as informações que são compartilhadas.  


A CVM planeja ainda neste ano de 2022, lançar uma audiência pública para coletar sugestões para criação de futuras normas sobre o assunto de forma a enquadrar a atuação dos influenciadores digitais às normas já existentes no mercado de capitais. As parcerias de grandes instituições com esses influenciadores também estão sendo acompanhada de perto, para entender as limitações e problemáticas geradas com o assunto.


Por fim, é importante entender que mesmo em um ambiente de expansão tecnológica, as desigualdades e dificuldade de acesso por parte de uma determinada parcela da população, pode se consolidar como um fator excludente – do que deveria ser uma democratização de conhecimento a respeito da educação financeira. É necessário pensar no acesso de todos a essas informações essenciais para o desenvolvimento de um indivíduo.  


“Trata-se de valorizar a tecnologia, para, com ela, ampliar as possibilidades dos processos educativos emancipadores, superando as absolutizações, os dogmatismos e oportunizando uma (re)construção abrangente e solidária de saberes” (Adams e Streck, 2010, p. 125).


A democratização da educação financeira através das redes sociais precisa considerar a parcela da população que não possui acesso. Possibilitando a inclusão tecnológica e desenvolvimento de uma sociedade que possui melhor relação com o dinheiro e consequentemente com o consumo. 


Referencias:


ADAMS, T.; STRECK, D.R. 2010. Educação popular e novas tecnologias. Revista de Educação, 33(2):119-127. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ ojs/index.php/faced/article/view/7346.


Educação Unisinos. Telmo Adams, Vitor A. Schütz, Gilmar Staub, Janaína Menezes. Tecnologias digitais e desenvolvimento no atual contexto deglobalização 


Anbima, IBPAD. Finfluence: quem fala de investimentos nas redes sociais. Disponível em: https://www.anbima.com.br/pt_br/noticias/audiencia-de-influenciadores-de-investimentos-alcanca-94-1-milhoes-de-seguidores.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário