quinta-feira, 13 de outubro de 2022

O documentário "O Dilema das Redes Sociais": uma visão síntese e argumentativa sobre a Influência das redes sociais nos dias atuais

Por Lyandra Monsores 

Universidade Federal de Santa Catarina  

EGC5020 - Redes Sociais e Virtuais

Vamos falar sobre a influência das redes sociais na atualidade? 

Ao longo do ano da estreia do documentário "O Dilema das Redes" (2020) na Netflix, o assunto ficou muito bem posicionado. Lembro-me das vezes em que o roteiro era citado em sala de aula, entre amigos e conhecidos. O intuito era alertar as pessoas, independente da idade e gênero, sobre os avanços da tecnologia e o uso muitas vezes indiscriminado das redes sociais. Entretanto o que é mais impactante, com o passar do tempo, é notar que o assunto deixou de ser abordado na recorrência que deveria ter continuado visto o quão importante é mantermos essa pauta. Trailer do documentário

No documentário podemos ouvir diversos relatos de funcionários e ex funcionário com relevantes cargos em empresas renomadas como: Google, Printerest, Instagram, Twitter, Facebook, TikTok e entre outros. Todos eles se uniram no propósito de alertar os usuários e nos fazer refletir sobre como estamos deixando as redes sociais interferirem em nossos dias, além de descorrer sobre seus próprios vícios e vivências.

Tristan Harris - ex funcionário da Google e pioneiro do movimento

Ao longo da trama, os relatos dos profissionais vão se intercalando aos acontecimentos paralelos de pessoas fictícias (atores) que encenam casos corriqueiros do dia a dia dentro de uma família, entre amigos e até mesmo as vivências que cada pessoa tem no íntimo com a interferência das mídias sociais em seu dia.

Aliás, um detalhe que eu particularmente observei após assistir o documentário foi sobre o meu irmão. Ele é uma das pessoas que eu mais me preocupo nessa vida e já nasceu imerso a esse mundo digital. Noto que para ele é muito difícil desvincular a rotina das redes do dia a dia com a vida fora dela e assim como num trecho do documentário é colocado em questionamento "Como se acorda de uma situação quando não se sabe que está nela?" (2020, O Dilema das Redes), boa pergunta.Todos nós possuímos no celular o tempo médio de uso diário no aparelho, solicitei ao meu irmão também que visualizasse seu tempo para ter algum parâmetro sobre o quanto de tempo estamos "perdendo" ao longo do dia enfurnados no celular, em mídias sociais. Levei um susto quando ele me falou que constava mais de 8 horas diárias em média, com dias que chegava a utilizar mais de 10h! Convido vocês a fazerem a mesma pesquisa. Imagina a enxurrada de informação diária que se recebe, de todos os lados e contextos. Será realmente necessária tanta "chupeta digital"?.

Nas entrevistas, os especialistas relatam como a vida virtual funciona, sobre como a inteligência artificial consegue prever o que nos prende ou não a atenção, sobre o porquê de conseguirmos ficar literalmente viciados em continuarmos conectados sem perceber as horas de passando, num momento são 8 horas da noite e no outro já se passaram 3 horas, que mais pareceram 2 minutos. Inconscientemente nos vimos vidrados em assuntos que nem estávamos pensando em ver ou mesmo reafirmando pontos de vista que já concordamos. Tudo isso acaba levando a alienação*. Os relatos mostram que cada vez mais uma geração inteira vem se tornando mais ansiosa e deprimida, menos crítica e mais comparativa. Pessoas se comparam umas com as outras, se acham melhor ou pior dependendo da forma do corpo, do que vestem, da quantidade de curtidas no Instagarm. As pessoas se cobram por isso. Se machucam, se mutilam, de dentro para fora, de fora para dentro e muitas vezes de forma fatal. O documentário deixa uma das grandes reflexões: Será que estamos conseguindo aproveitar as nossas vidas fora das telas? 

Gerações estão entrando num modo automático, isso é relatado em vários trechos da trama, quer aceitemos ou não, estamos nos tornando mais alienados e indo ao encontro de informações que nos cabem ao gosto, nos prendem, nos colocam uma mistura de sentimentos... é para isso que a inteligência artificial das redes sociais servem! Não precisamos pensar, falamos sobre algo, tudo é captado, se buscamos uma única vez algo para comprar, por exemplo, após alguns segundos só aparecem assuntos relacionados a tal. 

Conversas saudáveis estão cada vez mais ultrapassadas. Como na ficção do documentário demonstra, várias vezes estamos em família e amigos, mas apenas em corpo, nossa alma e pensamento estão longe a medida do dedilhar no celular. Jantares em família estão menos recorrentes, menos comunicativos e as pessoas ainda mais sem assuntos para compartilhar fora das telas. Aparentemente não existe mais "sua opinião ou minha opinião a ser debatida/conversada" e sim " o seu ponto de vista e o meu, coisas antagônicas que se tornam inimigas e sem a possibilidade de harmonia". Estamos numa era do 8 ou 80. Num meio digital frenético do belo e do feio, do certo e errado, e por aí vai. Será que o pior da sociedade está sendo despertado com o avanço da tecnologia ao invés de melhorar?

netflix.com

*Alienação é quando uma pessoa age sem saber das coisas. É uma pessoa que vive e faz sua parte, mas não se importa e não sabe o que acontece a seu redor.


Referências: 

https://www.youtube.com/watch?v=7X54fS0SQyw

https://wp.ufpel.edu.br/artenosul/2020/10/16/dilema-das-redes/

https://veja.abril.com.br/tecnologia/tristan-harris-ex-google-se-voce-puder-sair-das-redes-saia/ 

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