Bruno Calixto Helena
20100874
Ambientes Virtuais de Aprendizagem
NFTs e a segregação social virtual
Recentemente, o assunto das chamadas NFTs (Token Não-Fungível) veio bastante à tona na sociedade devido a sua escandalosa e notória ascensão no mundo das criptomoedas e também no mundo dos famosos. Com NFTs sendo arrematadas no mercado por preços que chegam na casa dos milhões, esse assunto tomou conta dos noticiários e da internet, também por terem sido adquiridas por grandes celebridades como Neymar Jr, Justin Bieber e Madonna. Contudo, pode-se perceber um padrão na classe e condição financeira das pessoas que compram esse tipo de artigo virtual, devido a seu alto valor agregado. Sendo assim, e também pelo fato das NFTs serem apenas imagens virtuais, que possuem seus direitos de uso comprados por tais celebridades, podemos dizer que isso é uma forma de segregação social também na internet?
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O que é NFT?
Para abrirmos a discussão ao longo do artigo, primeiramente é necessário definir o conceito de NFT, que tanto é falado hoje em dia, porém que pode não estar tão claro para todo mundo. NFT é uma sigla em inglês que significa “Non-fungible Token", que em português pode ser traduzido para "Token não-fungível". Esse termo é utilizado para descrever ativos digitais que são adquiridos e, a partir de então, se tornam “únicos”, ou seja, se tornam propriedade de quem os comprou. A chave para entender de fato o significado de NFT está na parte dele ser fungível ou não fungível.
No mundo da economia, itens fungíveis são aqueles que são itens únicos e que podem ser negociados, como por exemplo uma moeda de R$ 1, que é um item fungível, pois você pode trocá-la por outra moeda do mesmo preço e ainda sim ter R$ 1 em mãos. Uma obra de arte, por outro lado, pode ser definida como um item não fungível, já que, caso você troque uma obra de arte por outra, o resultado não vai ser o mesmo, pois são dois itens diferentes; uma obra de arte nunca vai ser igual a outra. É exatamente nesse conceito que mora a notoriedade das NFTs e, por conta disso, são bastante usadas no mundo das obras de arte digitais, como na imagem 1 ilustrada acima.
Dessa forma, é possível atrelar uma imagem, vídeo, mensagem, arquivo de áudio, entre outras coisas, a uma pessoa que adquiriu essas coisa, tornando sua propriedade, como uma “certificado digital”. Assim, tornando uma obra de arte digital, por exemplo, uma propriedade sua, acaba no final das contas, gerando-se uma certa demanda por ela, gerando mercado em cima disso, como funciona hoje no mundo das famosas NFTs. Essa exclusividade de bens é gerada via blockchain. Sendo assim, diversas pessoas famosas ao redor do mundo adquiriram recentemente NFTs, como as do grupo “Bored Ape Yacht Club”, que famosos como por exemplo Neymar Jr, Eminem e Justin Bieber.
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NFT e a Reflexão sobre Segregação no Espaço Virtual
Sendo assim, com os argumentos apresentados acima, trazemos aqui a reflexão a respeito da segregação que se cria dentro do espaço virtual com a compra desse tipo de ativo e a exclusividade gerada através dele. Como dito nos parágrafos anteriores, diversos famosos já adquiriram as chamadas NFTs e saíram nas mídias sociais devido ao alto valor agregado e alto preço que foi pago nas obras de arte. Um exemplo disso, é o Bored Ape Yacht Club (BAYC), um clube que possui uma coleção de NFTs, que possuem várias pessoas famosas que fazem parte dele.
Algumas celebridades como Neymar Jr, Snoop Dogg, Justin Bieber, Eminem, entre outras adquiriram as imagens digitais. Segundo levantamento do NFT Club e também com base em sites de monitoramento como o DappRadar, Snoop Dogg possui uma das maiores e mais valiosas coleções de NFTs, avaliada em torno de R$ 100 milhões. Seguindo na mesma direção, Neymar adquiriu um NFT do clube BAYC, com um valor estimado em torno de R$ 5,6 milhões.
Com isso, é possível perceber o alto valor agregado nesse tipo de ativo online. Isso aconteceu devido à onda de celebridades que começaram a adquirir esses produtos, além de ser uma grande novidade no mercado, sendo uma novidade bastante disruptiva dentro do mundo digital, essa possibilidade de comprar imagens dentro da própria internet.
Por fim, a reflexão que fica é: vai se criando um tipo de segregação também no mundo virtual? Devido aos argumentos apresentados acima e também os valores que foram compartilhados, podemos perceber que há uma certa exclusividade sendo criada em torno desse tipo de ativo online. Claro que, sempre existiu e ainda hoje existe essa questão da exclusividade em pessoas que possuem uma alta condição financeira. Essa “camarotização” que se cria também no mundo virtual é um reflexo da sociedade real, ou apenas um caminho natural do sistema em que estamos inseridos?
REFERÊNCIAS
https://oglobo.globo.com/brasil/o-fenomeno-da-camarotizacao-15085003
https://boredapeyachtclub.com/#/
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