sexta-feira, 8 de julho de 2022

A influência das redes sociais na autoestima dos seus usuários

Redes Sociais e Virtuais 

Júlia Rodrigues Ramos - 20103844


    As redes sociais hoje em dia estão muito presentes na vida de toda a população, independente do seu lugar no mundo, sempre podemos estar conectados virtualmente. Essa possibilidade de conexão a distância, de poder acompanhar a vida de pessoas que não estão ao nosso alcance enriquece nossa experiência nas plataformas. Mas será que todas essas trocas trazem algo positivo para a gente?

    Nós criamos o nosso mundo virtual da maneira que achamos coerente naquele momento, compartilhamos as informações que achamos relevante nossos seguidores acompanharem e assim acontece em todos os perfis, inclusive dos influenciadores que vendem aquele lifestyle ideal, saudável, com belas paisagens, refeições bonitas e naturais, eles acordam cedo, praticam exercício físico, têm corpos definidos, são felizes em seu trabalho, estão sempre sorrindo e ainda conseguem viajar com frequência. Isso nos faz pensar, e aquela correria do dia-a-dia? Correria esta que é normal na vida de pessoas adultas, que trabalham, estudam, tem uma família para cuidar. Será que acompanhar essas vidas que parecem ideais e que não encaixam no nosso padrão, nos faz bem mesmo, traz um sentimento positivo ver esse estilo de vida?  

    Podemos considerar então, que as redes sociais tem um peso enorme, ainda mais em pessoas jovens onde suas referências são modelos, influencers, artistas e famosos, referências essas todas semelhantes, todas em um mesmo padrão de corpo, majoritariamente branca e com um mesmo estilo de vida. E essas referências que estão tão próximas mas tão distantes ao mesmo tempo, onde basta estar com um celular, computador ou tablet com acesso a internet e uma enxurrada de informações de imagem invadem quem utiliza as redes, esses usuários passam-se questionar o próprio corpo, a objetificar e a querer ser “normal” como as referências observadas.

    Com esse bombardeio de informações e “Se imagens de corpos “perfeitos” são veiculados e essas pessoas as veem repetidamente, começam a acreditar que é uma versão da realidade, e não alcançar tal ideal é motivo de frustração e insatisfação”. (LIRA et al., 2017, p.169) 

    De acordo com o relatório “Girls Attitudes Survey 2020”, 80% das meninas de 11 a 21 anos pensam sobre mudar sua aparência. A psicóloga Tamara Macedo explicou para a Agência Maurício Tragtenberg que as redes sociais influenciam bastante nessa elevada parcela de jovens com baixa autoestima. Segundo ela, o uso desses aplicativos virtuais pode ser a principal causa do problema: “A comparação com influenciadores digitais impacta negativamente a autoestima das pessoas, principalmente os mais jovens. Se já é difícil para adultos, para adolescente é pior, porque eles ainda estão em processo de desenvolvimento.”.

    Podemos associar essa insatisfação com o próprio corpo com o aumento do uso dos filtros e edições irreais nas fotos. Postar uma foto nas redes sociais vem se tornando cada vez mais delicado, assim a busca por essas ferramentas serviram para melhorar a confiança no momento da postagem, e consequentemente a autoestima. Abaixo segue exemplos de alterações que os filtros realizam nas fotos.

       É notável a diferença discrepante na foto com o filtro, ele transforma em algo irreal, realiza alterações em todas as partes do rosto. Essas mudanças causam um mal imperceptível,  as fotos naturais já diminuíram e essa tendência é só aumentar, as pessoas não se sentem bonitas sem filtro e isso pode causar sérias doenças e problemas psicológicos, como por exemplo, distúrbios alimentares, transtorno de imagem, dismorfia corporal e síndrome de borderline. Por isso é necessário monitorar o tempo de uso nesses aplicativos, evitar comparações e reavaliar quem você está seguindo, influenciadores que “vendem vidas irreais” não deveriam ser influenciadores. 

    Com o passar das décadas novos padrões de corpos foram surgindo e consequentemente o padrão anterior acabou tornando-se invalido. Atualmente o corpo se tornou apenas uma imagem que é transmitida às pessoas, um objeto de desejo, consumo, e que deixou de se ver como a morada do ser humano.

As mídias têm um grande poder nesse modo de visualizar o corpo e criar novos padrões de beleza, pois sempre está mostrando e reforçando aquilo que está na moda, que é belo, requintado e que deve ser o padrão, consequentemente o que não está nesse padrão não é “normal”, não é aceito e acaba tornando algo banal em uma busca incessante para atingir a felicidade, felicidade essa que só será validada se estiver de acordo com os padrões estabelecidos.

    As redes sociais estão tendo um poder de uma influência gigante, foram criadas com o intuito de compartilhar ideias, fotos, aproximar amigos e parentes, porém, se tornou uma grande vitrine onde sempre se procura mostrar a “vida perfeita, emprego perfeito e corpos perfeitos”.

    Com a expansão das redes sociais, onde cada vez mais estão presentes no dia a dia, foram surgindo estratégias para manter os usuários cada vez mais conectados, estratégias como,  “marketing de Influência e seus influenciadores no processo de produção de conteúdo associado a uma determinada marca, induzindo o ato de compra por meios digitais através de sua reputação” (SANTOS, S.; SILVA; SANTOS J., 2016), influenciando assim o usuário a adquirir produtos e serviços, desde produtos básicos até produtos do mundo da beleza, este por sua vez, crescendo e expandindo.

    Uma pesquisa realizada com adolescentes em São Paulo, com o intuito de avaliar a relação do uso das mídias sociais com a satisfação corporal mostraram que 80% dessas adolescentes estão insatisfeitas com sua imagem corporal e que essas jovens que “despendiam mais de 20 horas por semana na internet eram mais suscetíveis à insatisfação corporal” (LIRA et al., 2017, p.168-169). Os menores de idades é a categoria de usuário que mais encontramos nas redes sociais, isso mostra um dado preocupante, pois mostra o quão amplo é o acesso deles a qualquer tipo de informação que podemos encontrar na internet. Como forma de proteção até o meio deste ano a plataforma "TikTok" já excluiu 20 milhões de perfis suspeitos de serem de menores de 13 anos, conforme mostra a matéria da CNN.

    De acordo com a ISAPS (Sociedade Internacional de cirurgia plástica estética) no ano de 2019 os procedimentos cirúrgicos tiveram aumento total de 7,4% e os não cirúrgicos 7,6% em relação ao ano de 2018 (ISAPS, 2019).

    Ou seja, cada vez mais as pessoas estão insatisfeitas com seus corpos, procurando por alterações por meio de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos, além da aquisição de produtos para emagrecimento, dietas milagrosas, treinos e horas na academia.  

    Como podemos observar no gráfico abaixo, a opção que representa satisfação com o corpo quase não aparece e esta representa ainda uma satisfação baixa.

            Ao completar 18 anos, Alicia Keyt, a estudante de direito, comemora ao conseguir realizar sua primeira cirurgia plástica. A mãe da jovem ofereceu um carro como presente do seu 18° aniversário, mas Alicia disse que preferia trocar este presente por implantes de silicone. Ela conta ao jornal da USP que o desejo de realizar o implante surgiu ao acreditar que seu corpo estava fora do padrão de feminilidade.


Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), durante os últimos dez anos, teve um aumento de 141% no número de procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos. As cirurgias mais frequentes são os implantes de silicone, a rinoplastia e a lipoaspiração. Para o psicólogo Michel Simões, as redes sociais desempenham um papel importante nesse processo de insatisfação. Todo esse mecanismo dificulta a integração daquilo que se tem a oferecer e torna os recursos pessoais de cada um insuficientes, porque, aquilo que é natural é imperfeito e, portanto, diferente daquilo que se posta e compartilha, comenta Michel. 

Precisamos de muita maturidade ao enfrentar todo esse bombardeio de informações que encontramos na internet, não podemos absorver qualquer conteúdo e ter noção que aquilo que é exposto nem sempre é real, e não é a realidade de todos é essencial. Para isso precisamos compartilhar mais mensagens que espalhem estas informações, conscientizar todos os usuários e principalmente, os jovens. Todos os corpos são bonitos e nenhum corpo precisa de filtro para ser exposto.


Referências 


LIRA, Ariana Galhardi et al. Uso de redes sociais, influência da mídia e insatisfação com a imagem corporal de adolescentes brasileiras. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 66, n. 3, p. 164-171, Set.  2017 .  Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852017000300164>. Acesso em 14 de junho de 2022 

ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). ISAPS INTERNATIONAL SURVEY ON AESTHETIC/COSMETIC PROCEDURES performed in 2019, {s.l} 2019, disponível em <https://www.isaps.org/wp-content/uploads/2020/12/Global-Survey-2019.pdf>. Acesso em 14 de junho de 2022.

SANTOS, Samir Magoya de Medeiros; SILVA, Pablo Petterson Praxedes da; SANTOS, Joseylson Fagner dos. Gabriela Pugliesi: uma análise sobre o marketing de influência na rede social Instagram. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE, 2016, – Caruaru. Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Mossoró, Intercom, 2016. p. 1-15.

A ANÁLISE ESTATÍSTICA DO RISCO RELATIVO ENTRE A PERCEPÇÃO CORPORAL E O INTERESSE EM REALIZAR CIRURGIAS PLÁSTICAS. São Paulo: Revista Brasileira de Cirurgia Plastica, 2019. Disponível em: http://www.rbcp.org.br/details/2649/pt-BR/a-analise-estatistica-do-risco-relativo-entre-a-percepcao-corporal-e-o-interesse-em-realizar-cirurgias-plasticas. Acesso em: 16 jun. 2022.

GABRIELE, Beatriz et al. REDES SOCIAIS PODEM SER UMA MÁQUINA DE MOER A AUTOESTIMA. Agência Maurício Tragtenberg, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 1-1, set. 2021. Disponível em: https://agemt.pucsp.br/noticias/redes-sociais-podem-ser-uma-maquina-de-moer-autoestima. Acesso em: 27 jun. 2022.

LOPES, André. Por que o Instagram decidiu banir filtros que alteram feições dos usuários Leia mais em: https://veja.abril.com.br/tecnologia/por-que-o-instagram-decidiu-banir-filtros-que-alteram-feicoes-dos-usuarios/. Revista Veja, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 1-2, mar. 2021. Disponível em: https://veja.abril.com.br/tecnologia/por-que-o-instagram-decidiu-banir-filtros-que-alteram-feicoes-dos-usuarios/. Acesso em: 27 jun. 2022.


LOURENÇO, Tainá. Cresce em mais de 140% o número de procedimentos estéticos em jovens. Jornal da Usp. São Paulo, p. 1-2. maio 2022. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/cresceu-mais-de-140-o-numero-de-procedimentos-esteticos-em-jovens-nos-ultimos-dez-anos/. Acesso em: 27 jun. 2022.



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