domingo, 29 de maio de 2022

4 lições do momento Clubhouse

Disciplina: Redes sociais e virtuais

Aluno: Marco Antônio Bisognin Severo

Matrícula: 19205774


4 lições do momento Clubhouse

No último ano, no meio ao momento das redes sociais e expansão das empresas de tecnologia, o mundo conheceu uma das mais fervorosas surpresas. Uma rede social de bate-papo ao vivo via áudio, chamada Clubhouse. Segundo os criadores da rede, o processo para esse desenvolvimento foi o via FOMO (Fear of Missing Out - Medo De Ficar de Fora), o resultado desse processo podemos verificar no gráfico abaixo, com milhões de usuários em semanas

 



O principal atributo do Clubhouse é seu meio: o áudio, que o diferencia das redes sociais estabelecidas. Serviços de mídia e mensagens como Facebook, Instagram, TikTok, WhatsApp e YouTube usam texto, foto, vídeo ou mix. O Clubhouse, por sua vez, combina estrutura de texto à moda antiga, ou seja, a conversa com o imediatismo e a emoção da voz humana. Como visualizamos na estratégia anterior, o mesmo imediatismo, resultou que ninguém gostaria de ficaria de fora, consequentemente a ascensão foi exponencial, principalmente por ter surgido em um período em que as pessoas estavam buscando conexão por um longo período. Como a interação funciona através do áudio, o fato de você escutar alguém ao vivo, contextualizando sobre um determinado tema e gerando novas perguntas entre os moderadores, foi um catalisador para o momento de isolamento e solidão que a população mundial estava imersa. A proposta foi tão interessante que, quase instantaneamente, o Twitter pensou em trazer esta funcionalidade para a sua rede e, logo em seguida, os podcasts começaram a entrar em ascensão, pois o formato era parecido: longas conversas, interatividade e conexão com o público que está acompanhando.


Podemos nos perguntar se o Clubhouse iria acabar como "outra rede social" como suas predecessoras (Facebook, Twitter ou Instagram), ou se existia um potencial para evoluir para algo mais interessante e inspirador. No entanto, o CEO da Apple, Tim Cook, disse uma vez que se o usuário não pagar pelo uso de redes sociais ou outros serviços relacionados, ela ou ele não é um cliente, mas um produto da própria rede social (Lomas, 2021). Além da questão de como monetizar esse novo negócio, a rede social se desvirtuou do propósito dos seus fundadores: O Clubhouse é um novo tipo de produto social baseado na voz, permitindo que pessoas em todos os lugares falem, contem histórias, desenvolvam ideias e criem amizades ao redor do mundo", visto que ela começou a gerar sucessivas bolhas de conversa e, além disso, o processo de entrada de usuário tornou-se conturbado - o medo de ficar sem gerou uma demanda por vendas de convites, gerando desgastes para a nova plataforma. Adicionalmente, percebeu-se que as conexões entre os usuários eram pequenas, o que restringiu o alcance dos influenciadores, os quais deixaram de acreditar no produto, pois não conseguiam comercializar/ monetizar o tempo dedicado para atender um público tão exclusivo.

Com toda a defasagem de produto mencionada e a reorganização mundial em função da vacinação, as pessoas voltaram às suas rotinas e, com isso, o tempo utilizado para o Clubhouse diminui. E quais lições ficam de uma rede social muito promissora - e que foi a queridinha de 2021 – mas que não conseguiu de perpetuar dentro do seu propósito?

Primeira lição: efeito manada. Efeito comum nas redes sociais que pode acontecer a qualquer momento em que ocorra a mobilização de um grande público. A facilidade de influenciar muitas pessoas nas grandes redes, às vezes sem medir as consequências, pode ser gravíssimo. Exemplo disso foi a venda de convites para entrar na plataforma, pois essa começou a gerar um desequilíbrio de oferta e demanda que não estava sob o controle dos administradores da plataforma, levando países a adotares restrições contra a plataforma. O questionamento que fica é: Será que o metaverso não é mais um efeito manada que estamos vivenciando?

Segunda lição, mesmos conteúdo. A proposta de apresentar conteúdos e conexões diferentes com o mundo inteiro, ficou somente na ideia. Na prática, a maioria dos usuários acabava seguindo influenciadores e pessoas conhecidas de outras redes sociais e, consequentemente, consumindo o mesmo conteúdo de outras redes. Portanto, o usuário permanecia dentro da sua própria bolha. Ou seja, quantas redes sociais precisamos para seguir as mesmas pessoas, será que queremos conhecer pessoas diferentes?

Terceira lição, conheça a proposta da rede. Conforme comentado anteriormente, este foi um momento que o mundo inteiro gostaria de participar, mas ao mesmo tempo os usuários não sabiam o que fazer. E, obviamente, nem todo mundo gosta de falar, da mesma forma que nem todos querem fazer vídeo com música. Nesta lição, é interessante refletir se a rede social tem o produto necessário para você. É isso mesmo que você quer conhecer e participar?

Quarta lição, essencialismo. Como já bem definido, é importante saber quais são as prioridades de cada pessoa. Assim, o movimento Clubhouse evidenciou um grande efeito manada e uma visão consumidora da rede mundial, trazendo a discussão sobre o que é realmente prioridade nas redes sociais, quais conteúdos são importantes? Que tipo de conteúdo gostaríamos?

Por fim, essas foram algumas lições sobre a ascensão e neutralidade do Clubhouse, que hoje está perdendo usuários, visto que as pessoas voltaram as suas rotinas e concentram suas energias em outras atividades. Ao mesmo tempo, a rede social pode ter desvirtuado do seu propósito quando não soube reter os influenciadores que a defendiam – quiçá porque não cedeu aos interesses destas pessoas ou porque gostaria de se diferenciar ainda mais. Portanto, ficam lições de negócios, marketing, design e convívio da rede social e de como somos influenciáveis em nossas decisões.


Referências:

HILL, Jasmine Diana. The Hustle Ethic and the Spirit of Platform Capitalism. Stanford University, 2020.

Fernandez, L., & Matt, S. J. (2020). Bored, Lonely, Angry, Stupid: Changing Feelings about Technology, from the Telegraph to Twitter. Harvard University Press

STRIELKOWSKI, Wadim. The Clubhouse phenomenon: do we need another social network?. 2021.


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