O boom do Ensino a Distância e Remoto com a pandemia
Autor: WILSON SOARES JUNIOR – Aluno do Curso de Administração da Universidade Federal de Santa Catarina.
O final do ano de 2019 ficou marcado
com o surgimento de um novo coronavírus, o SARSCoV-2, na província de Wuhan, na China.
A doença provocada por esse novo
coronavírus foi classificada como COVID-19.
Em pouco tempo a doença se espalhou
por todo o mundo, tornando-se uma pandemia mundial, deixando os países, inicialmente,
face ao ineditismo do problema, de certa forma anestesiados.
Em fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde
brasileiro confirmou o primeiro caso da COVID-19 no país. Desde então, a
doença se espalhou provocando diversas
transformações na sociedade, com mudanças de hábitos, de comportamentos e da
rotina.
No início, assustados, sem ver uma luz clara de
esperança no final do túnel e, ainda, bombardeados com notícias nada
promissoras pela mídia apocalíptica, a sociedade se aquietou.
O isolamento físico, popularmente e
erroneamente chamado de social, foi amplamente recomendado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) como forma de reduzir o alastramento da
doença e o número de óbitos. Foi utilizado pelas autoridades constituídas,
algumas vezes de forma mais rígida, outras menos, mas, na maioria das vezes,
mantendo as aulas suspensas na maior parte desse período.
O Ministério da Educação e Cultura, face a essas
medidas de isolamento físico e as suspensões das aulas presenciais, autorizou, por
meio da Portaria
nº 343 publicada em 2020, até o retorno à normalidade, o
funcionamento dos cursos presenciais na educação a distância. Sabe-se lá, hoje,
quando retornaremos a essa normalidade e como será essa nova normalidade.
O ensino superior, em especial, as instituições
particulares, foram mais céleres e, cerca de dois meses depois do impacto da
pandemia, por meio de suas plataformas digitais, já navegavam na educação a
distância e no ensino remoto.
A educação a distância e o ensino remoto são
termos muito parecidos e com muitas semelhanças. O ensino a distância ocorre
quando a emissão e a recepção do conteúdo pedagógico ocorrem por meio de
tecnologias educacionais, de forma síncrona e assíncrona, e sem a presença
física de alunos e professores. Já, o remoto ocorre com as aulas ao vivo, num
horário definido e com a presença do professor e do aluno naquele ambiente
virtual.
As instituições de ensino superior públicas, umas
mais, outras menos, se mantiveram numa espécie de dispositivo de expectativa,
aguardando a definição de um cenário mais claro, para decidir, com
oportunidade, o que fazer. Como isso não aconteceu, não tiveram outra opção, se
não a de se lançar, também, no ensino a distância e no ensino remoto, por meio
dos ambientes virtuais de aprendizagem.
A educação básica, inicialmente, apresentou
alguma resistência a educação a distância, por entender que prejudicava as
práticas pedagógicas. Já, a educação infantil, alicerçada em atividades
presenciais, foi, sem sombra de dúvida, a mais afetada. Os professores que não
perderam seus empregos tiveram que produzir videoaulas “mágicas”, buscando
captar a atenção dos alunos.
Muitas instituições, até como forma de
sobreviver, tiveram que tempestivamente se adequar ao ensino a distância.
O Instituto
Península, por meio de pesquisa realizada com cerca de
7.734 professores em todo país, no período de 13 de abril a 14 de maio de 2020,
identificaram que cerca de 83%
dos professores se sentiam despreparados para dar aulas online.
Vale
destacar que a educação a distância não surgiu com a pandemia. Já existe no
Brasil há mais de 80 anos e vem crescendo ano a ano. No ano de 2018 superou o
número de matrículas na modalidade presencial. Em 2019, atingiu-se 1,4 milhão
de alunos matriculados no ensino a distância, número que corresponde a 52% do
total de matriculados.
A pandemia alavancou o ensino a distância, já em crescimento no país
nos últimos dez anos, e impulsionou a busca por plataformas
educacionais, reforçando o conceito de escola digital.
As escolas que não
tinham ou que ainda tinham alguma resistência a essas plataformas digitais, se
viram obrigadas a se alinhar aos ambientes virtuais de aprendizagem, sob pena
de deixarem de existir.
Vale
destacar, neste cenário ainda incerto, o esforço abnegado dos professores na
busca da educação de seus alunos, no entanto, face ao desequilíbrio
socioeconômico deste nosso país de dimensões continentais, várias adolescentes
e adultos, ainda sem condições de acesso à internet, ficaram a margem do
processo educacional.
O início da
vacinação no começo deste ano de 2021, embora ainda numa velocidade e
quantidade incipiente, trouxe esperança de vida e de um futuro melhor. No
entanto, vale destacar que, embora estejamos no século XXI, a vacina – sinal de
esperança e de vida, não chega nos países periféricos com a mesma quantidade,
nem de acordo com a proporcionalidade populacional de cada país, mostrando a
diferença de tratamento entre países ricos e pobres.
Passados 370 anos, a frase do filósofo inglês Thomas Hobbes
publicada na sua obra intitulada Leviatã: “O
homem é o lobo do homem”, parece ser, ainda, muito
atual, com vários exemplos de desrespeito e de individualismos de pessoas num
momento em que deveria prevalecer a união e a sinergia de forças e esforços em
prol do coletivo e do bem comum.
Com certeza, no final dessa pandemia, talvez ainda
não tenhamos um mundo ideal e justo, mas, com certeza diferente,
com novos hábitos, novas percepções, novos valores, novos sentimentos e com
mudanças na educação, particularmente, com o crescimento e o fortalecimento
da educação a distância e da remota.
REFERÊNCIAS
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