O termo MOOC foi cunhado em 2008 por Stephen Downes e George Siemens para se referir a um curso deles intitulado “Conectivism and Connectivity Knowledge", eles tinham a intenção de explorar as interações entre uma grande variedade de participantes, por meio de ferramentas online, proporcionando um ambiente rico de aprendizagem.
Na época, vinte e cinco estudantes participaram do curso no campus da Universidade de Manitoba, no Canadá e mais 2.300 de todo o mundo participaram online.
De 2008 para cá mais e mais cursos foram surgindo com esta nomenclatura, incluindo universidades de grande renome, como Stanford, MIT e Harvard.
Com a percepção deste emergente mercado, diversas empresas foram surgindo para explorar as possibilidades de atingir um grande público com cursos online, entre elas temos a Udacity, Udemy, Coursera, edX, além da brasileira Veduca.
Com a pandemia de COVID-19 o crescimento dos MOOCs foi ainda maior, segundo dados da
Class Central, de todos os alunos que já se registraram em uma plataforma MOOC, um terço o fez em 2020, o que fez com o que movimento dos MOOCs modernos alcançasse o patamar de mais de 180 milhões de alunos.
Além do número de novos alunos, outro dado que chama a atenção no levantamento realizado pela Class Central é o crescimento de novos cursos ofertados, conforme pode ser observado no gráfico abaixo.
Revelando por trás do crescimento do número, não apenas o maior interesse dos alunos, mas, também de empresas em capitalizar este mercado, que segundo
relatório, está projetado para atingir US $ 67,18 bilhões em 2027.
Como funcionam?
Um MOOC não funciona como uma graduação, MBA ou pós-graduação, o charme dos MOOCs é a possibilidade de qualquer pessoa poder estudar, se aprofundar em um hobby, descobrir um novo campo do conhecimento, bem como aprimorar habilidades úteis para seu desenvolvimento pessoal ou profissional.
A estrutura dos MOOCs foi inspirada com base na teoria do conectivismo, o que significa que os alunos têm autonomia e o conhecimento é construído de forma colaborativa entre os colegas e tutores.
Pelo menos nos MOOCs conectivistas, isso porque como você verá a seguir, os pesquisadores costumam dividir os MOOCs em duas tipologias:
- MOOCs conectivistas (cMOOC)
- MOOCs de nova geração (xMOOC)
Cada tipo com características específicas, conforme exposto quadro abaixo de autoria própria, com base na bibliografia consultada.
Aprendizagem colaborativa
Podemos entender Aprendizagem Colaborativa como um conjunto de abordagens educacionais. Esta abordagem defende que o conhecimento é algo que as pessoas constroem trabalhando juntas, direta ou indiretamente, chegando a um consenso.
Para isso, a Aprendizagem Colaborativa encoraja a participação do aluno no processo de aprendizagem, deixando de o ver como um sujeito passivo, que está ali para receber o conhecimento.
Pelo contrário, através de diversas ferramentas a aprendizagem é realizada através de um processo ativo e efetivo, de forma que o conhecimento é construído socialmente, na interação entre pessoas e não na clássica transferência professor-aluno.
Apesar da Aprendizagem Colaborativa não depender da tecnologia, afinal, sua prática tem origem em diversas correntes de pensamento, remontando desde a Grécia Antiga, podemos afirmar que:
As tecnologias podem potencializar a Aprendizagem Colaborativa, criando conteúdos e espaços de aprendizagem mais interativos, onde professores e alunos interagem entre si, pesquisem, discutem e constroem conhecimento coletivamente.
Afirmação esta que nos leva ao próximo ponto deste artigo, a relação entre os MOOCs e a aprendizagem colaborativa em rede.
MOOCs e aprendizagem colaborativa em rede
É importante aqui, voltarmos a origem dos MOOCs, lembra que Stephen Downes e George Siemens criaram este termo justamente para se referir a curso deles sobre Conectivismo e Conhecimento de conectividade, em tradução literal, pois bem, a intenção deles era explorar através da tecnologia as interações entre uma grande variedade de pessoas.
O conectivismo é um ponto crucial para entender importância da colaboração para os MOOCs iniciais e as críticas feitas por muitos pesquisadores ao analisar o mercado de MOOCs atual.
Nesta teoria, rede, aprendizado colaborativo e tecnologias se conectam de maneira surpreendente, veja a definição de Siemens, extraída do artigo "Os benefícios dos MOOCs no auxílio ao aprendizado".
Se você já fez um MOOC, seja na plataforma do Coursera ou em outro site que hospeda este tipo de curso online, pode estar com alguns pontos de interrogação na cabeça, assim como eu fiquei ao pesquisar sobre o assunto.
Será que eu fiz um MOOC mesmo?
Onde estavam os espaços para construir conhecimento junto a outros alunos?
Não era para ser gratuito?
Bom, é importante deixar claro que nem todos os cursos que são oferecidos com o nome MOOC, seguem a linha pedagógica proposta por Siemens, ou seja, baseiam-se no conectivismo, provavelmente, você acabou se deparando e realizando um xMOOC como citado anteriormente e não um cMOOC.
Do mesmo modo, existem diversos cursos com espaços de aprendizagem colaborativa que apesar de não se intitularem como MOOCs, se encaixam na ideia dos MOOCs conectivistas.
Percebe-se que apesar de a aprendizagem colaborativa ser cada vez mais necessária e benéfica no contexto acadêmico e na vida profissional, existem desafios para disponibilizar cursos que a promovam.
Ou seja, favorecem a interação entre pessoas para construção de conhecimento, formam grupos para debates, chats para tirar dúvidas e conversar com colegas, fóruns, além de tecnologias que favorecem a personalização do ambiente de aprendizagem.
Conclusão
Os MOOCs surgiram com o objetivo de explorar as interações humanas, de modo a construir conhecimento colaborativamente, já sabemos a muitos anos os benefícios que este tipo de abordagem traz ao ser humano.
A tecnologia permite cada vez com mais facilidade a criação de ambientas virtuais de aprendizagem que possibilitem este tipo de interação, cabe a nós, como alunos e pontos nesta rede buscar, se for do nosso interesse, estes espaços.
Seguem algumas recomendações de MOOCs, intitulados MOOCs ou não, mas, que incentivam a colaboração:
- Cursos Reaprendizazgem Criativa, Cricricri - Criando Crianças Criativas, Desconstruindo Apresentações, Duvido Tu Não meditar, do Murilo Gun, disponíveis gratuitamente, até o momento na plataforma Keep Learning School.
- Cifra Club para os interessados em aprender sobre música.
- Mindfulness para regular emoções na plataforma MiríadaX.
Espero que você tenha aproveitado a leitura deste artigo, vou adorar saber o que você pensa sobre isso e conversar mais sobre o assunto.
Fique a vontade para deixar um comentário aqui embaixo.
Autoria: Amanda Ramos Silveira (17200723)
REFERÊNCIAS
DIAS JUNIOR, José Barbosa. META-MOOC: uma ferramenta para geração de Moocs adaptativos e personalizáveis. 2017, 135 f. : il. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica.
Global Massive Open Online Course (MOOC) Market Report 2020-2026. 18 de mar. de 2021. Research and Markets. Disponível em: <https://www.globenewswire.com/news-release/2021/03/18/2195245/0/en/Global-Massive-Open-Online-Course-MOOC-Market-Report-2020-2026.html?fbclid=IwAR2iP4AS0-Ka66T514LlnovySBwEKN1uVXcGoIM9Rz2EJmIU8fLmk86K2lw>. Acesso em 14 de abr. de 2021.
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SHAH, Dhawal. The Second Year of The MOOC: A Review of MOOC Stats and Trends in 2020. Class Central, 14 de dez. de 2020. Disponível em: <https://https://www.classcentral.com/report/the-second-year-of-the-mooc/>. Acesso em: 14 de abr. de 2021.
TORRES, Patrícia Lupion; IRALA, Esrom Adriano Freitas. Aprendizagem colaborativa: teoria e prática. Complexidade: redes e conexões na produção do conhecimento. Curitiba: Senar, p. 61-93, 2014. Disponível em: <https://www.agrinho.com.br/site/wp-content/uploads/2014/09/2_03_Aprendizagem-colaborativa.pdf>. Acesso em 15 de abr. de 2021.
YAMAMOTO, Iara; SOUSA, Maria das Neves A. de; SANTOS, Maurício Visnardi dos; MARINHO, Bernadete de Lourdes; CORRÊA, Hamilton Luiz. Os benefícios dos MOOCs no auxílio ao aprendizado. XVI Congreso Latino-Iberoamericano de Géstion Tecnológica. Porto Alegre: ALTEC, 2015. Disponível em: <http://altec2015.nitec.co/altec/papers/705.pdf>. Acesso em: 14 de abr. de 2021.
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