A educação a distância evidenciou ainda mais a desigualdade social que o Brasil carrega.
A pandemia pegou o sistema de ensino brasileiro de surpresa, fazendo com que as escolas fossem fechadas em março de 2020 e que o ensino remoto se tornasse uma nova realidade. Mas junto com o ensino a distância vieram muitas questões preocupantes que deixaram em evidência a desigualdade social que o país carrega.
Segundos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) 2018 do IBGE, um a cada quatro brasileiros não possuem acesso à internet, somando 46 milhões de pessoas, sendo mais presente na área rural. As motivações para essa falta de acesso à rede são muitas.
O portal de notícias G1, mostrou em Junho de 2020 a história de Priscielle Almeida de Oliveira, estudante da rede pública que reside na zona rural do estado de Minas Gerais e para conseguir ter acesso aos conteúdos do ensino à distância, ela precisa procurar sinal para o celular, o que muitas vezes leva horas fora de casa andando pelos pastos. Na tentativa de reduzir esse dano, a escola enviou apostilas pra ela mas ela continuou sem acesso as aulas.
Deve ser levado em consideração também que em casa nem sempre há local para estudar e se concentrar, muitas famílias possuem um grande número de pessoas e uma casa com pouco espaço, tornando difícil criar uma estrutura de estudo.
Outro ponto que dificulta a educação remota, principalmente para crianças, é o fato de precisar ficar em casa e ter a supervisão dos pais, que muitas vezes trabalham o dia inteiro e não têm tempo para acompanhar os estudos dos filhos ou também possuem baixo grau de escolaridade para os auxiliar. Pensando também nessa questão de ficar em casa, para alunos mais pobres, a escola era um local de segurança durante o dia, já que muitos pais trabalham o dia todo, e também era o local onde conseguiam se alimentar com as merendas da escola, muitas famílias vivem em situação de fome no país, e a internet se torna o menor dos problemas.
Em entrevista ao Brasil de Fato, a professora Elisa Mara Goulart disse “A gente acredita na interação social. A escola não é só conteúdo. É uma troca também de experiências, e essas vivências se refletem no fazer pedagógico e na construção do humano. É preciso sempre olhar pra isso”.
Todos os anos alunos do ensino médio prestam vestibulares os quais precisam estudar muito durante o ano todo, suas vagas dependem da possibilidade de ter acesso a informação e qualidade de ensino, trazendo assim outra consequência do ensino remoto, os alunos que não possuem recursos e não conseguiram estudar perderão sua oportunidade de ingressar no ensino superior podendo retardar sua entrada no mercado de trabalho e conquista dos seus objetivos.
Essas questões expostas anteriormente trazem um enorme prejuízo, caminhando para o sucateamento do ensino brasileiro e principalmente para os alunos de baixa renda, aprofundando assim a desigualdade social e gerando impactos para o futuro desses alunos, tendo em vista que serão prejudicados e atrasados em relação a alunos que possuem estrutura e recursos para o ensino, as consequências são graves, desanimadoras e duradouras.
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