Por Maria Regina Munarini
A tecnologia está diariamente presente na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, desde que acordamos até a hora de dormir e as projeções é que isso esteja em 100% do mundo em alguns anos, como visto no almejado projeto de Ellon Musk de internet gratuita através de satélites e isso nos recorda como as tecnologias se transformaram muito desde seu surgimento. Hoje carregamos aparelhos minúsculos que nos permitem saber, a qualquer momento, sobre quase qualquer evento que for publicado, em qualquer parte da Terra. Esta incrível façanha de inovação era impensável há uma geração atrás. As ferramentas de informação nos conectam com enormes redes de interesses compartilhados, causas, sonhos, muito além dos nossos círculos sociais imediatos e os limites geográficos, conseguimos por exemplo acompanhar nossos governos e o mercado como afirma Lévy (2002): A tecnologia está permitindo também que se façam visíveis as ações públicas (não só as ações governamentais, mas também aquelas empresariais, societais, organizacionais, de todos os poderes de um modo geral.
As grandes empresas no mundo são em sua grande maioria são comunidades virtuais: elas se comunicam por e-mail, possuem sites na web, intranet etc. Atualmente, ser uma comunidade virtual e aperfeiçoar seus processos de cooperação intelectual tornou-se a norma das empresas e das instituições em geral.
Devemos ver esse progresso, porém, com ressalvas, já que hoje as tecnologias moldam toda a sociedade de forma estrutural, social e emocional, sendo uma grande fonte de informação e principalmente poder. Foucault nos aponta o poder como um jogo de relações, baseado no saber (conhecimento sistematizado, difuso, adquirido) e que funciona como uma "maquinaria, (...) uma máquina social que não está situada em um lugar privilegiado ou exclusivo, mas que se dissemina por toda a estrutura social". E se pensarmos numa fonte de poder que dissemina-se em toda a estrutura social, surge o questionamento de como somos afetados por isso. Nesse contexto, segue abaixo a animação do renomado Steve Cutts:
Escravos da Tecnologia
Admitindo ou não, nós nos viciamos. Fomos lenta e propositalmente viciados em tecnologias das mais variadas formas que hoje estão presentes em nosso cotidiano – um hábito já enraizado nas rotinas de milhões de pessoas.
De acordo com Paul Graham, investidor do Vale do Silício, é muito provável que o mundo fique mais viciado nos próximos 40 anos do que nos últimos 40 – e tudo isso ocorre devido a um mecanismo capaz de desenvolver novos hábitos em nós (e que as empresas conhecem muito bem).
Nesse contexto também ressalta-se o documentário de 2020 "Dilema das redes" que aborda a massiva coleta de dados por redes sociais e aplicativos e o que isso pode causar no indivíduo e na sociedade. Uma frase interessante falada no documentário é "Se você não paga pelo produto, o produto é você". Nisso, empresas gigantescas passaram a lucra em cima de anúncios direcionados que só são possíveis pelos dados que fornecemos todos os dias, manipulando de certa forma nossa própria independência como ser humano.
Mas, a tecnologia em si é agnóstica, isto é, tem poder para fazer o bem ou o mal, dependendo de quem a controle, e se analisarmos bem, isso ocorre desde sempre, os combustíveis fósseis poluem, os antibióticos levam às superbactérias resistentes e etc, mas também tem um papel importantíssimo na sociedade. E com essa maleabilidade de como a tecnologia pode ser usada, o importe é compreendermos que devemos preservar o mundo que vivemos, tornando-o mais consciente possível sobre o poder da tecnologia em boas ou más mãos.
O Documentário citado está disponível na plataforma Netflix com o nome Dilema das redes.
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