quarta-feira, 4 de novembro de 2020

COMO A PANDEMIA "EMPURROU" PAÍSES PARA A FRONTEIRA DIGITAL

     Burocracia, filas, atendimentos presenciais... todos esses processos fizeram parte dos sistemas que sofreram grandes alterações e paralisações devido à pandemia do novo Coronavírus. Países inteiros tiveram que se adaptar à nova realidade, apresentada pelo COVID-19, e mudar abordagens e métodos de acordo com as restrições impostas. Tais mudanças exigiram investimentos financeiros e de tempo, por parte dos governos, mas hoje apresentam vantagens significativas e melhorias relevantes.


Imagem: <a href='https://br.freepik.com/fotos/negocio'>Negócio foto criado por lyashenko - br.freepik.com</a>

    

  Aqui, no Brasil, temos um longo percurso até alcançarmos a digitalização de países como a Coreia do Sul, a Estônia, a Dinamarca e a Finlândia (o Brasil subiu duas posições e agora é o 20º, entre 193 nações, no Índice de Serviços Online (OSI)). Contudo, temos um nível avançado de oferta de serviços públicos digitais quando comparados com a Alemanha e o Canadá, por exemplo (acreditem, temos a ensinar a países desenvolvidos, em quesitos que nem imaginávamos) de acordo com a pesquisa sobre Governo Eletrônico 2020, publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

    A Alemanha, que já é conhecida por sua resistência à digitalização de processos e serviços públicos, teve que correr atrás do atraso tecnológico. De acordo com o jornal DW - em matéria de abril deste ano - mais de um mês após o início da pandemia, o Instituto de Berlim Robert Koch (que é a Agência governamental alemã de controle e prevenção de doenças) ainda estava presa à processos analógicos, usando fax para atualizar os números de infecções por COVID-19 entre órgãos de saúde pública e seus departamentos.

    Em pesquisa publicada pela companhia de consultoria digital, a McKinsey Digital, a média de adaptação dos países ao mundo digital evoluiu consideravelmente após a pandemia do novo Coronavírus. Abaixo, em gráfico extraído integralmente da pesquisa, podemos visualizar a evolução digital dos países (parte do gráfico em azul) comparada com  quanto do país já era digitalizado anteriormente (parte em preto). Pode-se perceber o quanto países, que não possuíam grande aderência ao mundo digital, tiveram que alcançar a evolução de países que já estavam consideravelmente na frente.


    As desvantagens, que países como a Alemanha alegam que existam nos processos digitais (como violação de privacidade, acesso público à informações pessoais, possibilidade de hackers e pessoas mal intencionadas acessarem dados privados...) podem persistir, mas os ganhos, com essa evolução, são inegáveis. Um exemplo brasileiro, de uma evolução tecnológica facilitadora e positiva, é a adoção do e-notariado. O e-notariado é uma plataforma online de serviços notariais desenvolvida pelo Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal em parceria com suas seccionais. É uma forma mais moderna, fácil, prática e segura de realizar procedimentos. Lançado em abril de 2019, o e-notariado já permite a emissão de atas notariais e validação de assinatura digital. A intenção dessa plataforma é prover também, ainda, a emissão de autorização de viagem para menores e a validação de contratos de compra e venda, contratos de aluguel e escrituras simples.
    
    A adoção de plataformas como o e-notariado permitiram, além da manutenção do distanciamento social, controle de gastos de tempo e dinheiro, agilidade de processos e serviços públicos, diminuição de esperas, sem contar em economias ambientais. De acordo com A Secretaria de Gestão Pública (Segep) do Ministério do Planejamento, a digitalização de documentos públicos estima reduzir em 68% os gastos com papel, em 62% os gastos com impressão, em 55% o custo com o aluguel de equipamentos de impressão, e em 100% o gasto com o material de montagem dos processos, como capas e grampos. Além da economia com estes insumos, o tempo médio da gestão de documentos e processos será reduzido em 90%.

    As mudanças de processos, no mundo inteiro e nos mais diversos setores, por conta do Coronavírus, são incontáveis e, muitas vezes, negativas quando consideramos nossas atividades de rotina e convívio social. Mas, quando vemos os ganhos que podemos obter através da evolução em larga escala, que o vírus "empurrou", vemos o lado positivo da situação que estamos vivendo, e, podemos encarar de maneira mais leve e otimista toda essa situação. "Não há crescimento sem mudança e sem continuidade" - parafraseando o escritor irlandês C. S. Lewis. Que possamos - através da situação em que nos encontramos e de todas as adversidades que essa pandemia nos trouxe - mudar, continuar e crescer.



Autora: Gabriela Nazari de Souza




Fontes:

https://www.dw.com/en/will-the-coronavirus-crisis-drive-digitization-in-germany/a-53205537

https://www.notariado.org.br/notariado/duvidas-frequentes-sobre-o-e-notariado/

https://www.mckinsey.com/business-functions/mckinsey-digital/our-insights/europes-digital-migration-during-covid-19-getting-past-the-broad-trends-and-averages#

https://unctad.org/news/coronavirus-reveals-need-bridge-digital-divide

https://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/2020/07/brasil-esta-entre-os-20-paises-com-melhor-oferta-de-servicos-digitais

https://youtu.be/WTk5mMjdu_8

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