quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O impacto das redes sociais na visibilidade do futebol feminino

O Brasil é considerado internacionalmente como país do futebol, com muitos atletas reconhecidos pelo mundo todo. Infelizmente o futebol feminino não possui a mesma visibilidade, repercussão e investimentos que o masculino, mas isso não significa que não exista público alvo para esse esporte. Com a evolução da internet e das redes sociais a facilidade de encontrar o público para o futebol feminino está crescendo cada vez mais, provando para muitos que existem sim pessoas interessadas em assistir esse esporte. Foi com esse intuito que o projeto Dibradoras foi criado em 2015, com o objetivo de criar um espaço onde mulheres pudessem debater sobre futebol sem serem julgadas e sofrerem preconceitos. Inicialmente o projeto começou com um grupo no Facebook, e quatro anos depois o projeto já possui um canal no Youtube, um programa de Podcasts no site Central 3 e um blog na UOL. Tudo isso sendo administrado por três mulheres, a Renata Mendonça, a Angélica Souza e a Roberta Nina Cardoso. Posteriormente, com a evolução do projeto, o foco se tornou os esportes femininos como um todo, e não apenas sobre o futebol feminino. E tudo isso só se tornou viável devido a internet, que possibilitou juntar diversas mulheres de várias regiões no país em um só lugar com interesses em comum.

Em Julho de 2019 ocorreu na  França a oitava edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, sendo transmitida pela primeira vez em TV aberta no Brasil. Porém os números expressivos foram nas redes sociais, onde existe uma comunidade de fãs do futebol feminino, principalmente no Twitter, e é lá que sempre são compartilhadas as informações sobre as jogadoras da cada time. Antes da competição começar, o projeto Dibradoras criou um Observatório de Futebol Feminino para mensurar o efeito da participação do público durante os jogos do mundial nas redes sociais. E foi nessa edição da Copa do Mundo que os números de audiência foram recordes, se comparados com as edições anteriores. O engajamento dos fãs, principalmente nas redes sociais, aumentou a popularidade do esporte. No último jogo do Brasil contra a França nas quartas de finais mais de 35 milhões de pessoas assistiram, sendo a partida uma das mais comentadas nas redes sociais.


No Brasil as ligas existentes são o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino na modalidade A1, na modalidade A2, na modalidade Sub-18 e a modalidade Sub-16 está sendo criada. Sendo a emissora de TV Bandeirantes a responsável por transmitir os jogos, porém isso não ocorre em todas as partidas. Assim, os fãs acabam se informando sobre as partidas por meio do Twitter oficial de cada time e por páginas de fãs clubes. A liga de futebol feminino brasileira ainda é muito precária, principalmente em visibilidade e falta de investimento. Em 2019 a CBF, com auxílio do Fundo de Legado da Copa do Mundo, realizou um investimento nas edições deste ano, com foco em melhorar o campeonato e torna-los mais competitivos e profissionais. Segundo o site oficial da CBF, as transmissões dessa temporada foram divididas nas redes sociais. Sendo do campeonato da Série A1, o Twitter com 23 transmissões, a TV bandeirantes com 8 transmissões e a plataforma MyCujoo com 48 transmissões. Na Série A2 a TV Bandeirantes teve 4 transmissões e a MyCujoo com 61 transmissões. No campeonato Sub-18 a MyCujoo teve 83 transmissões e a plataforma do GloboEsporte teve 2 transmissões.


Nos Estados Unidos existe a National Women's Soccer League (NWSL), composta por nove times profissionais. A NWSL tem um forte engajamento do público por meio das redes sociais, e ainda conta com um aplicativo da liga disponível para Android e IOS chamado "NWSL". Por meio desse aplicativo é possível assistir aos jogos ao vivo, obter informações sobre as escalações dos times, a tabela de pontos, e outras informações fundamentais para os amantes do futebol feminino. Recentemente a ESPN comprou os direitos de transmissão das partidas da liga aqui no Brasil, e os jogos não são mais transmitidos gratuitamente pelo aplicativo. Esse tipo de aplicativo facilita as informações, fato esse que não existe nos campeonatos brasileiros. Quando uma jogadora está machucada ou suspensa, essa informação são publicadas no aplicativo e também postada no Twitter oficial do time. Outro tipo de engajamento que a NWSL tem são as votações conforme cada partida em relação a melhor jogadora, o melhor lance da partida e a melhor defesa de goleira. Essa votação é feita pelo Twitter, e são os fãs que escolhem as melhores de cada partida. No final da temporada a jogadora que possuir mais títulos ganha como melhor da temporada. Esse é um tipo de engajamento para atrair mais o público, e também para transmitir as melhores jogadas. A liga Americana também conta com várias atletas brasileiras, sendo a Marta a mais conhecida.
Outra liga que vem crescendo tanto em audiência como em investimentos é a Women's Super League (WSL) que é a Super Liga Feminina da Inglaterra, que conta com times como Arsenal, Chelsea, Manchester City, Liverpool entre outros. A WSL também disponibiliza um aplicativo, para Android e IOS, chamado "THE FA PLAYER", ocorrendo transmissões totalmente gratuitas em qualquer lugar do mundo, sendo apenas necessário ter acesso a internet. Nesse aplicativo também contém diversas informações sobre os times, os horários dos jogos, as escalações, a tabela de pontos entre outras informações fundamentais para quem gosta de acompanhar os times. O engajamento por parte da organização da liga é muito forte nas redes sociais, principalmente no Twitter.


As redes sociais vieram para agregar e chamar mais atenção ao futebol feminino. Tanto no Twitter, no Instagram e nos próprios aplicativos de cada Liga, a principal função é disponibilizar as informações para os fãs, pois devido a falta de visibilidade que o esporte tem as redes sociais vieram para facilitar. As redes sociais servem como um meio de transmitir as informações de forma mais geral e com maior abrangência. O Futebol Feminino ainda tem muito o que melhorar, o primeiro passo seria mais investimentos na modalidade, mas enquanto isso não acontece a existência das redes sociais vem chamando cada vez mais pessoas que amam o esportes para assistirem a apoiarem essas atletas.

REFERÊNCIAS

CBF, Assessoria. Com auxílio do Fundo de Legado da Copa do Mundo, CBF proporciona ano inédito ao futebol feminino. CBF, 2019. Disponivel em: <https://www.cbf.com.br/futebol-brasileiro/noticias/campeonato-brasileiro-feminino/fundo-de-legado-da-copa-do-mundo-2014-proporciona-ano-inedito-no-futeb

HYPENESS, Redação. Dibradoras lançam Observatório de Futebol Feminino para acompanhar números da Copa. Hypeness, 2019. Disponivel em: <https://www.hypeness.com.br/2019/06/dibradoras-lancam-observatorio-de-futebol-feminino-para-acompanhar-numeros-da-copa/>

MERLI, Karina. Por trás dos dribles femininos - Quem são as Dibradoras. Jornalismo Júnior, 2018. Disponivel em: <http://jornalismojunior.com.br/por-tras-dos-dibres-femininos-quem-sao-as-dibradoras/>

NINA, Roberta. O impacto da Copa feminina e da estreia do Brasil nas redes sociais.  UOL, 2019. Disponível em: <https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/06/10/o-impacto-da-copa-feminina-e-da-estreia-do-brasil-nas-redes-sociais/>

NWSL. About the NWSL. Disponivel em: <http://www.nwslsoccer.com/about-the-nwsl>

SENECHAL, Alexandre. Brasil registra a maior audiência do mundo para a final da Copa feminina. Veja, 2019. Disponivel em: <https://veja.abril.com.br/placar/brasil-registra-a-maior-audiencia-do-mundo-para-a-final-da-copa-feminina/>


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