Introdução
Evoluções tecnológicas têm
demarcado, com o passar dos anos, as eras históricas da civilização. A
Revolução Industrial é um exemplo, instituindo o processo capitalista e
o modo de produção serial. Início da Idade Contemporânea, o movimento
revolucionário francês deu origem aos ideais de que a ciência seria a
solução para as questões da sociedade moderna. Com a exponencialidade
do desenvolvimento técnico, o ode à razão nunca foi tão presente.
Hoje, paralelo à evolução da
engenharia vanguardista, foi demarcado um novo período na linha do
tempo terrena - a Era da Informação. O progresso da computação e das
telecomunicações têm influenciado o modo de vida global, reformulando a maneira
como os indivíduos interagem entre si.
O jornalismo moderno
é resultado desta mudança de paradigmas - a imprensa e a mídia foram
compulsivamente influenciadas por este processo iluminista. Os celulares e tablets instituíram uma nova ordem de
consumo transformando os meios de comunicação, e o chamado Jornalismo
Móvel é resultado desta repaginação da identidade homem versus meio.
A internet transfigurou a maneira como se ordena e adquire dados
- uma literal expansão da capacidade humana no que diz respeito ao
processamento de conhecimento.
É
evidente que a maneira como o ser humano apropria e consome informação está se
transformando. A revolução tecnológica tem influenciado a mídia de maneira
crucial, e os meios de comunicação têm buscado maneiras de se adaptar neste
novo meio. O caráter exponencial do progresso reflete diretamente na interação
do homem com o ambiente em que está inserido, assim como o modo como ele se
atualiza e informa do que acontece ao seu redor.
Uma análise temporal mostra, com o passar dos anos e com
o desenvolvimento da sociedade, esta dinamicidade dos meios comunicativos. De
gravuras em pedra às ondas de rádio, o homo
sapiens tem encontrado formas de transferir conteúdo para seus semelhantes
e descendentes, eternizando o conhecimento através da palavra. Embora
controverso, o papel da propaganda sempre foi crucial para o intercâmbio de
culturas e ideias, nada contrário ao que é verificado hoje.
Neutralidade da noticia
O ideal liberal iluminista baseado na expressão
individual acredita em uma imprensa independente, livre da censura e exercendo
um papel de contraposição aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Contudo, sua autoridade pode ser controversa - É nesse meio que surge a ideia
do Jornalismo como “Quarto Poder”, referindo-se ao potencial dos meios de
comunicação para manejar e influenciar a opinião pública, atuando diretamente
sobre as escolhas dos indivíduos.
O conteúdo selecionado é
altamente prejudicial para o caráter neutro da notícia. Através de algoritmos,
é possível “hackear a mídia”,
manipulando a forma e o conteúdo da informação que efetivamente chega até os
seus usuários. Grandes corporações e marcas têm manobrado e reformulado
narrativas, adulterando a propaganda ao seu bel prazer e em conformidade com
objetivos próprios. Poderosos atores transformaram os conglomerados midiáticos,
excluindo a essência liberal da ideia de quarto poder como a neutralidade da
verdade.
É neste ambiente que
veículos de mídia independente se tornam essenciais, assegurando à população a
ética no conteúdo jornalístico. Por “Mídia Independente” entende-se grupos de
comunicação que estão isentos de influências políticas ou governamentais, em
contramão com a mídia corporativa e ignorando ideologias ou causas.
O Centro de Mídia
Independente (CMI) é vanguarda deste movimento - Uma rede internacional de
produtores autônomos de informação, oferece informação alternativa e crítica,
buscando contribuir para o estabelecimento da comunicação livre de influências
externas e igualitária. Através de uma plataforma que incentiva a
disponibilização de textos, vídeos, sons e imagens por qualquer pessoa, é um
contraponto à mídia que distorce os fatos e está impregnada de interpretações.
Além do CMI, existem
diversos outros movimentos voltados à veracidade do conhecimento. Coletivos
como a Mídia Ninja e Oximity são exemplos desta busca pela imprensa livre.
Baseados na verdade de que a internet revolucionou o jornalismo, estes grupos
têm como objetivo realizar uma reengenharia da indústria de notícias, em
oposição ao fornecimento de conteúdo mainstream.
Este ativismo digital é de
suma importância para a mobilização da sociedade na rede. Em uma sociedade onde
a informação acontece em escala global e intrínseca, o monopólio da opinião
pública deve ser afrontado e extinguido. A democratização dos meios de
comunicação é a única solução para a distribuição equânime do conhecimento.
Conclusão
Neste âmbito, percebe-se a importância do estabelecimento
desta nova era informativa nos processos midiáticos, revolucionando a notícia e
o jornalismo moderno. Através da internet o mundo se tornou globalizado –
através da mídia, tomou conhecimento de si próprio. Regiões longínquas são
acessadas com um toque de dedos, e o contato social se estabelece a milhares de
quilômetros de distância. Os aparelhos móveis mudaram a essência do conteúdo,
que hoje é disponível e abundante.
Contudo, a utilização destes veículos informativos deve
ser discutida amplamente. As pessoas se tornaram variáveis algorítmicas, tendo
seus interesses e buscas bombardeados e direcionados em suas diversas telas diárias.
Esta extrema personalização (proposital e ao mesmo tempo involuntária) do
conteúdo é prejudicial – É extinguida a imparcialidade da notícia. Grandes
grupos se utilizam das ferramentas disponíveis na grande rede a fim de
mobilizar a opinião popular. O Quarto Poder é falhou em sua essência.
Desta forma, é primordial o estabelecimento de coletivos
independentes voltados à neutralidade informativa, incentivando publicações
autônomas e indiferentes no quesito raça, credo, localização ou ideal. Um ambiente
isento de julgamentos prévios ou pré-conceitos deve ser objetivo único do
jornalismo moderno, a fim de evitar o manejo social e a falsificação da verdade
e promover sua justa e igualitária distribuição.
Referências
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(Acessado em 23/11/2015)
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