quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O Quarto Poder

Introdução

    Evoluções tecnológicas têm demarcado, com o passar dos anos, as eras históricas da civilização. A Revolução Industrial é um exemplo, instituindo o processo capitalista e o modo de produção serial. Início da Idade Contemporânea, o movimento revolucionário francês deu origem aos ideais de que a ciência seria a solução para as questões da sociedade moderna. Com a exponencialidade do desenvolvimento técnico, o ode à razão nunca foi tão presente.
    Hoje, paralelo à evolução da engenharia vanguardista, foi demarcado um novo período na linha do tempo terrena - a Era da Informação. O progresso da computação e das telecomunicações têm influenciado o modo de vida global, reformulando a maneira como os indivíduos interagem entre si. 
     O jornalismo moderno é resultado desta mudança de paradigmas - a imprensa e a mídia foram compulsivamente influenciadas por este processo iluminista. Os celulares e tablets instituíram uma nova ordem de consumo transformando os meios de comunicação, e o chamado Jornalismo Móvel é resultado desta repaginação da identidade homem versus meio. A internet transfigurou a maneira como se ordena e adquire dados - uma literal expansão da capacidade humana no que diz respeito ao processamento de conhecimento.
            É evidente que a maneira como o ser humano apropria e consome informação está se transformando. A revolução tecnológica tem influenciado a mídia de maneira crucial, e os meios de comunicação têm buscado maneiras de se adaptar neste novo meio. O caráter exponencial do progresso reflete diretamente na interação do homem com o ambiente em que está inserido, assim como o modo como ele se atualiza e informa do que acontece ao seu redor.
            Uma análise temporal mostra, com o passar dos anos e com o desenvolvimento da sociedade, esta dinamicidade dos meios comunicativos. De gravuras em pedra às ondas de rádio, o homo sapiens tem encontrado formas de transferir conteúdo para seus semelhantes e descendentes, eternizando o conhecimento através da palavra. Embora controverso, o papel da propaganda sempre foi crucial para o intercâmbio de culturas e ideias, nada contrário ao que é verificado hoje.


Neutralidade da noticia

            O ideal liberal iluminista baseado na expressão individual acredita em uma imprensa independente, livre da censura e exercendo um papel de contraposição aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Contudo, sua autoridade pode ser controversa - É nesse meio que surge a ideia do Jornalismo como “Quarto Poder”, referindo-se ao potencial dos meios de comunicação para manejar e influenciar a opinião pública, atuando diretamente sobre as escolhas dos indivíduos.
O conteúdo selecionado é altamente prejudicial para o caráter neutro da notícia. Através de algoritmos, é possível “hackear a mídia”, manipulando a forma e o conteúdo da informação que efetivamente chega até os seus usuários. Grandes corporações e marcas têm manobrado e reformulado narrativas, adulterando a propaganda ao seu bel prazer e em conformidade com objetivos próprios. Poderosos atores transformaram os conglomerados midiáticos, excluindo a essência liberal da ideia de quarto poder como a neutralidade da verdade.
É neste ambiente que veículos de mídia independente se tornam essenciais, assegurando à população a ética no conteúdo jornalístico. Por “Mídia Independente” entende-se grupos de comunicação que estão isentos de influências políticas ou governamentais, em contramão com a mídia corporativa e ignorando ideologias ou causas.
O Centro de Mídia Independente (CMI) é vanguarda deste movimento - Uma rede internacional de produtores autônomos de informação, oferece informação alternativa e crítica, buscando contribuir para o estabelecimento da comunicação livre de influências externas e igualitária. Através de uma plataforma que incentiva a disponibilização de textos, vídeos, sons e imagens por qualquer pessoa, é um contraponto à mídia que distorce os fatos e está impregnada de interpretações.
Além do CMI, existem diversos outros movimentos voltados à veracidade do conhecimento. Coletivos como a Mídia Ninja e Oximity são exemplos desta busca pela imprensa livre. Baseados na verdade de que a internet revolucionou o jornalismo, estes grupos têm como objetivo realizar uma reengenharia da indústria de notícias, em oposição ao fornecimento de conteúdo mainstream.
Este ativismo digital é de suma importância para a mobilização da sociedade na rede. Em uma sociedade onde a informação acontece em escala global e intrínseca, o monopólio da opinião pública deve ser afrontado e extinguido. A democratização dos meios de comunicação é a única solução para a distribuição equânime do conhecimento.

 Conclusão
           
            Neste âmbito, percebe-se a importância do estabelecimento desta nova era informativa nos processos midiáticos, revolucionando a notícia e o jornalismo moderno. Através da internet o mundo se tornou globalizado – através da mídia, tomou conhecimento de si próprio. Regiões longínquas são acessadas com um toque de dedos, e o contato social se estabelece a milhares de quilômetros de distância. Os aparelhos móveis mudaram a essência do conteúdo, que hoje é disponível e abundante.
            Contudo, a utilização destes veículos informativos deve ser discutida amplamente. As pessoas se tornaram variáveis algorítmicas, tendo seus interesses e buscas bombardeados e direcionados em suas diversas telas diárias. Esta extrema personalização (proposital e ao mesmo tempo involuntária) do conteúdo é prejudicial – É extinguida a imparcialidade da notícia. Grandes grupos se utilizam das ferramentas disponíveis na grande rede a fim de mobilizar a opinião popular. O Quarto Poder é falhou em sua essência.
            Desta forma, é primordial o estabelecimento de coletivos independentes voltados à neutralidade informativa, incentivando publicações autônomas e indiferentes no quesito raça, credo, localização ou ideal. Um ambiente isento de julgamentos prévios ou pré-conceitos deve ser objetivo único do jornalismo moderno, a fim de evitar o manejo social e a falsificação da verdade e promover sua justa e igualitária distribuição.


Referências

https://ninja.oximity.com/ (Acessado em 23/11/2015)

https://www.oximity.com/ (Acessado em 23/11/2015)

CMI – O Coletivo Que Fundou o Ativismo Digital – Tatiana de Mello Dias; http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI341647-17773,00-CMI+O+COLETIVO+QUE+FUNDOU+O+ATIVISMO+DIGITAL.html (Acessado em 23/11/2015)

http://www.midiaindependente.org/ (Acessado em 23/11/2015)


O Quarto Poder Se Assanha – Robson Sávio Reis Souza;

O Poder da Mídia, Contradições e Incertezas – Venício A. de Lima;

A Ilusão do Quarto Poder – Venício A. Lima;

Media Hacking – John Borthwick;

The Rise of Digital Omnyvores – Mark Donovan;

Few Thoughts on the Near Future of Media, Content and Consumers – Marta Kusnierska;

Uma Breve História do Jornal Impresso – Meios e Linguagens;

Acta Diurna – Roy Atwood;

Gutenberg Não Inventou a Imprensa – Olivier Tosseri;

PAVLIK, J. 2001. Journalism and New Media. New
York, Columbia University Press, 246 p.

CANAVILHAS, J. 2013. Jornalismo Móvel e Realidade Aumentada: O Contexto na Palma da Mão. Unisinos.

HOWARD, A. B. 2014. The Art And Science of Data-Driven Journalism. Columbia University Press.

MENDEL, T. 2009. Liberdade de Informação: Um Estudo de Direito Comparado. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.









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