domingo, 16 de junho de 2019

Facebook: Uma nova cultura?

No inicio do verão de 2017, Mark Zuckerberg divulgou a seguinte nota intitulada como "Facebook Community Summit" - Cúpula da comunidade do Facebook, traduzida literalmente. A intenção  da cúpula era de encorajar o uso de grupos no Facebook e revelar a nova missão da plataforma:

“Dar o poder de construir uma comunidade e aproximar as pessoas do mundo” (ZUCKERBERG, 2017)

Seu objetivo anterior de tornar o mundo mais aberto e conectado é sustentado por essa nova missão.


Para ressaltar a importância da comunidade e fornir a lógica que está por trás do desejo de buscar esta nova enfase para a plataforma, Mark Zuckerberg destacou alguns pontos, fazendo referencia as soluções que a comunidades resolvem e voltam nossas preocupações para questões amplas, fazendo com que simultaneamente nos ajudem a conhecermos as nossas individualidades  

“A lot of people now need to find a sense of purpose and support somewhere else.” - “ Muitas pessoas precisam encontrar um propósito e um suporte em qualquer lugar” - diz Mark, fazendo relação ao seu produto.


Após esta divulgação, o facebook teve sua intenção comparada as das igrejas. O conceituado jornal Britânico, The Daily Telegraph, faz citação a um bispo inglês o qual acredita que a ideia do "Facebook substituirá a igreja" é uma mera ilusão (RUDGARD, 2019). No entanto, ao analisar a quantidade de usuários ativos mensalmente na plataforma (dados disponibilizados pelo site Statista ), vamos nos deparar com números na casa do bilhão - mesmo sendo considerada em decadência e caindo em desuso, de acordo com Andrew Hutchinson - isso é maior do que os números de pessoas que estão se convertendo a religiões “consolidadas”.

Mesmo o Facebook tendo traços e atuações como uma religião tradicional, entendesse que a religião é a crença e adoração de uma divindade, especialmente um Deus(es). (OXFORD, 1989) Dessa maneira, do ponto de vista da mensagem religiosa, a comunidade virtual é descartável.

No entanto, o sociólogo Thomas Luckmann, define a religião como:

“um sistema de símbolos socialmente construído, mais ou menos solidificado, mais ou menos obrigatório.” o qual inclui, “ uma posição em relação ao mundo, a legitimação de ordens naturais e sociais e significados... que transcendem o indivíduo com instruções práticas sobre como viver e com obrigações pessoais.” (LUCKMANN, Thomas)




Assumindo o ponto de vista sociológico, entendesse mais pontos em comum entre as redes sociais e as “comunidades não virtuais”.

Conectados a rede praticamos desabafos através de posts, confessamos e fazemos nossos rituais de selfies e em seguida aguardamos nossas aprovações através de reações e curtidas. Assim como tempos atrás as pessoas se modelavam aos parâmetros da comunidade religiosa, hoje moldamos nossas vidas ao modelo social virtual, da qual não depende de um Deus julgador, pois os próprios usuários já assumem esse papel.

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