quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Redes Sociais, Eleições e Democracia


As redes sociais certamente expandiram as possibilidades de acesso à informação, comunicação entre indivíduos e participação de grupos. Ferramenta fruto da revolução digital, popularizam-se na última década, tomando hoje grande parte do tempo diário do brasileiro médio. Nos últimos anos, essas também passaram a chamar atenção pelo potencial político que tem, visível e também oculto. Devemos nos preocupar quanto aos efeitos das redes sociais em nossas democracias? As redes estão destruindo ou ressuscitando a democracia?
Os seres humanos nunca tiveram tanta informação disponível como agora na era em que vivemos. Nunca tiveram, também, um potencial de comunicação tão rápido, conectando agentes ao redor do mundo em segundos. Vivemos em mundo novo, onde as fronteiras perdem força frente a uma comunidade virtual global em que os indivíduos têm força ativa e informação de fontes descentralizada. Essa crescente também impulsiona o questionamento dos poderes estabelecidos, seja da mídia tradicional como também das estruturas governamentais. Enquanto as redes fortalecem o indivíduo, boa parte dos sistemas vigentes ainda parecem não compreender direito como se reinventar. A nova era necessita de capacidade de transformação, focando-se no desenvolvimento de mecanismos capazes de incluir o mundo digital nas instâncias democráticas.
Reinventar a democracia passa pela capacidade de se viver em sociedade numa sociedade conectada, prezando por princípios minimamente éticos, como o combate a mentira, a falsidade. As chamadas fake news, termo popularizado em meio à eleição dos EUA de 2016, são uma ameaça real, e por vezes difíceis de serem combatidas. Reinventar também passa pela capacidade de melhorar o nível de discussões em redes, buscando promover a solução de problemas reais. Isso deve ser foco conjunto de forças governamentais, sociedade civil e provedoras dessas ferramentas, providenciando educação para o uso das mesmas, ampliando o exercício da cidadania.
Temos visto muito da capacidade revolucionária das redes por meio de campanhas e mobilizações que uniram milhares de cidadãos. Seja em escancarar sérios problemas, equacionando uma coletividade rumo a um objetivo inicialmente individual, ou em movimentos como em “Junho de 2013” que levaram centenas de milhares de brasileiros às ruas, as redes sociais vêm se provando elemento crucial dos dias de hoje. Esse é o potencial político visível das redes.
Há, porém, um potencial político oculto, que se tornou público mais recentemente. Empresas como a Cambridge Analytica, pioneira e evidenciada por participação na eleição de Donald Trump usou dados de usuários na condução do período de campanha, favorecendo o então candidato. Em outras eleições ao redor do mundo, inclusive no Brasil, iniciativas parecidas ou outras com meios de atuação diferentes – como por meio de bots influenciadores - estão cada vez mais presentes. Uma regulamentação rígida quanto ao uso dessas ferramentas “invisíveis” é extremamente necessária.
As democracias possuem mecanismos de correção e reinvenção, mas também são frágeis. Na história mundial, por vezes a democracia sucumbiu a outras formas que governo, onde se viu diminuição das liberdades e crescente autoritarismo. Por outro lado, podemos ver ainda iniciativas como consultas públicas e mesmo votações influentes já sendo feitas em certos lugares, em um vislumbre de uma democracia mais direta. Em suma, o potencial das redes depende de nós, do que queremos como sociedade e como estamos trabalhando para atingir esse objetivo. A preocupação quanto a elas deve ser constante, mas maior deve ser a nossa vontade de construir uma comunidade mais integrada, respeitosa, propositiva e transformadora.

Um comentário:

  1. excelente abordagem, nós também trabalhamos assim em nossa agencia de marketing digital sp, adorei ler esse post, parabéns pelo conteudo aplicado

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