A influência da tecnologia na educação infantil

Universidade Federal de Santa Catarina

Milena Becker Xavier

Ambientes Virtuais de Aprendizagem
A influência da tecnologia na educação infantil

       No capitalismo moderno, houve grandes mudanças nas relações sociais e interpessoais devido à influência do uso de tecnologia como forma de interação. Antunes (2018, p.19) aponta que com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), muitos acreditaram que haveria  uma nova era de felicidade, no qual o trabalho manual, físico, seria substituído por trabalhos digitais e virtuais. Nesse quadro de desenvolvimento tecnológico, ocorreu um impacto na formação e desenvolvimento infantojuvenil, como por exemplo, brincadeiras infantis não são as mesmas vivenciadas em outras épocas. Atualmente, os smartphones e aparelhos eletrônicos são utilizados como instrumentos de distração e entretenimento para as crianças, porém, tornou-se, acima de tudo, instrumentos de aprendizagem.
      O principal alvo do uso das tecnologias na infância é a Geração Alpha, nome denominado às crianças nascidas a partir de 2010. Uma das principais diferenças entre a Geração Alpha e a Geração Z - a anterior, datada para nascimentos entre 1992 a 2010 - é o meio na qual elas se desenvolveram, visto que a Geração Z passou por um processo de mudança e aprendizagem em relação à tecnologia que a cada ano tornava-se ainda mais surpreendente, e a Geração Alpha nasceu no ápice das novidades tecnológicas, assim então sendo influenciados pela era digital desde recém-nascidos. Deste modo, a educação para a Geração Alpha despertou diferentes estímulos em contraposição às demais gerações, visto que a tecnologia tornou o aprendizado mais atraente e instigante. Contextualizando esse quadro, Carvalho (2016, p.5) aponta que "a inserção das tecnologias no contexto escolar traz novos desafios e possibilidades importantes para o processo de ensino e aprendizagem na educação infantil", inovando cada vez mais a educação.

Disponível em: https://ceudeborboletas.com.br/privacidade-e-algo-que-as-criancas-da-geracao-alpha-nao-conhecem-no-mundo-virtual/. Acesso em 29/10/2018

      Ainda há controvérsias sobre a utilização da tecnologia na educação, visto que os educadores muitas vezes não possuem total conhecimento na tecnologia ou são adeptos a "educação tradicional" - nada mais que a lousa e livros. De acordo com Gomes (2011, p. 269), "[...] a escola não deve negar-se a mudar; pelo contrário, ela deve buscar formas de trazer essas tecnologias — que fazem parte do cotidiano social de grande parte dos alunos — para dentro de seu espaço, de forma a auxiliar no processo de socialização, ensinoaprendizagem e produção de conhecimento", logo, o intuito não é substituir a educação tradicional, e sim, juntamente com as TIC, adaptar o processo de aprendizagem à Geração Alpha e às futuras gerações que estão por vir. Essa iniciativa deve partir desde o ensino básico, afinal, em seu ambiente familiar, a criança tem contato com a tecnologia, em grande parte, desde seu primeiro ano de vida. Assim, a criança já está imersa nessa modernização quando inicia na educação básica, então não sentirá um impacto quando começar a ter contato com a relação educação-tecnologia. Dessa forma, será estimulada desde o início da sua formação de aprendizado a realizar um bom proveito do conhecimento que a Era Digital a fornece.
     Para isso, requer um preparo direcionado ao meio digital do corpo docente, uma vez que por mais atraente e imersivo seja a virtualidade para as crianças, não basta apenas ter um contato supérfluo para o fim educacional. "Faz-se necessário que o professor oriente o trabalho do aluno com as tecnologias, de forma a auxiliá-lo na pesquisa de informações, [...]  de modo a contribuir para o processo de construção do conhecimento pelo aluno, sob a mediação do professor" (GOMES, 2011,  p. 270), salientando a importância do professor mesmo em uma era tecnológica. A preparação para os educadores pode se dar através de cursos, workshops, congressos, seminários, todos com intuito de esclarecer e mostrar a ligação que pode e deve ser feita para abrir fronteiras e explorar todo o leque de conteúdo e informação disponível. Por se tratar do ensino infantil, há opiniões contrárias ao uso de tecnologia para a população desta faixa etária, afinal, é necessário um cuidado a mais dos professores e familiares já que, embora a virtualidade ofereça um vasto espaço de conhecimento e informação, também abriga entretenimentos vazios.

Disponível em: https://cryptoid.com.br/destaques/o-cerco-a-privacidade-infantil/ foto. Acesso em 29/10/2018

      Em contrapartida, outro ponto positivo é a forma na qual os aparelhos tecnológicos são interativos e imersivos, concentrando o foco da criança, que, por sua natureza, tem tendência a ser dispersa e enérgica. Hoje é possível através da tecnologia apresentar novos meios de aprender como utilizar um jogo onde podemos apresentar conteúdos dados em sala de aula de maneira que chame a atenção da criança na hora do aprender (Carvalho, 2016). Para a faixa etária do ensino infantil, jogos são fundamentais para a educação e, além de desenvolver as coordenações, incentiva também o convívio grupal com os colegas, tendo por consequência a educação tanto intelectual quanto social. De acordo com Francisco e Silva (2015) "durante a interação com o jogo a criança pode desenvolver hipóteses e pode também manifestar sua criatividade, descobrindo assim seu próprio eu", explorando cada vez mais sua personalidade.
      Por fim, é possível constatar que, se utilizado adequadamente, a tecnologia tende a melhorar as formas educacionais e instigar a ânsia de conhecimento das crianças, principalmente por ter como base aparelhos eletrônicos que são atrativos às mesmas. Embora a inovação tecnológica ainda não seja uma prática comum em grande parte das instituições de ensino, inevitavelmente se tornará, afinal, a modernização afetou de forma contundente e direta todas as áreas da sociedade, e lentamente atingirá de forma maior a educação. Analisando especificamente a tecnologia na educação infantil, ao mesmo tempo que há um conhecimento, há também entretenimento, tornando equivalente os principais fatores da infância: diversão e aprendizado.



Referências

CARVALHO, Gardênia Gomes Braga de. A utilização da tecnologia na educação infantil. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 3., 2016, Mamanguape. Anais... . Mamanguape: Realize Eventos & Editora, 2016. p. 1 - 6.

FRANCISCO, Deise Juliana; LOURENÇO DA SILVA, Adriana Paula. CRIANÇA E APROPRIAÇÃO TECNOLÓGICA: UM ESTUDO DE CASO MEDIADO PELO USO DO COMPUTADOR E DO TABLET. HOLOS, [S.l.], v. 6, p. 277-296, dez. 2015. ISSN 1807-1600. Disponível em: <http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/2702/1227>. Acesso em: 29 out. 2018. doi:https://doi.org/10.15628/holos.2015.2702.

GOMES, Elaine Messias. Uma experiência com o uso da Lousa Digital Interativa por profissionais da educação infantil. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 12, p. 268-286, nov. 2010. ISSN 1676-2592. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/1213>. Acesso em: 28 out. 2018. doi:https://doi.org/10.20396/etd.v12i0.1213.
https://www.oficinadanet.com.br/post/13498-quais-as-diferencas-entre-as-geracoes-x-y-e-z-e-como-administrar-os-conflitos