Pra quem já nasceu na era tecnológica, da interatividade e da instantaneidade, pensar que o ensino à distância possa ter passado por grandes transformações ao longo dos últimos anos é quase impensável. Para essa geração, tão acostumada e adaptada a tecnologia, o EAD nas escolas e universidades é uma realidade não só presente e constante como faz parte do sistema educacional da sociedade.
Mas, é fato que nem sempre foi assim. O sistema de ensino à distância levou, pelo menos, cinco séculos até se aperfeiçoar, se adaptar e se constituir como o conhecemos hoje em dia. Segundo artigo Educação à Distância e as Novas Tecnologias de Informação e Aprendizagem, do pesquisador João Roberto Moreira Alves, a educação a distância (EAD) teve início no século XV, quando Guttenberg inventou a prensa, uma mistura de palavras com caracteres móveis.
“(...) tornou-se desnecessário ir às escolas para assistir o venerando mestre ler, na frente de seus discípulos, o raro livro copiado. Antes, os livros, copiados manualmente, eram caríssimos e portanto inacessíveis à plebe, razão pela qual os mestres eram tratados como integrantes da corte. Conta a história que as escolas da época de Guttenberg resistiram durante anos ao livro escolar impresso mecanicamente, que poderia fazer com que se tornasse desnecessária a figura do mestre (...)”
O desenvolvimento da nossa sociedade acompanha, também, o desenvolvimento das tecnologias. À medida que vamos evoluindo, vamos descobrindo outras formas de nos comunicar, mais ágeis, precisas e modernas. Essa evolução, também impacta diretamente nos sistemas educacionais. As escolas e faculdades tiveram, obrigatoriamente, que se adaptar e se desenvolver à medida que fomos construindo e descobrindo essas novas tecnologias.
Segundo o professor Moacir Gadotti, da Universidade de São Paulo e Diretor do Instituto Paulo Freire, as conseqüências da evolução das novas tecnologias, centradas na comunicação de massa, na difusão do conhecimento, ainda não se fizeram sentir plenamente no ensino como previra McLuhan já em 1969. Muito embora, a educação à distância, sobretudo a baseada na Internet, seja a grande novidade educacional do início deste milênio.
“(...) A educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação a distância com base na Internet. Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, a cultura digital. (...)”
É preciso compreender, portanto, que nessa nova cultura, nessa nova era, o conhecimento não está mais concentrado apenas na figura do professor ou nos livros. Pelo contrário, o advento da internet, não só possibilitou com que nos comunicássemos com mais rapidez, como também democratizou a maneira como adquirimos o conhecimento. Quem nasceu na cultura digital, tem ao seu dispor uma infinidade de informações que antes se restringia apenas às escolas e universidades.
“(...)Se o conhecimento não se encontra todo disponibilizado – pois existem apropriações privadas como é o caso das patentes – há uma extraordinária quantidade de informações disponíveis em rede e acessíveis a todos os conectados. Tal possibilidade sugere que, em vez de transferência de conteúdos, a relação coletiva com as informações disponíveis leve a reconstruí-las gerando outro conhecimento que supere o anterior. (...)”
Com perspectiva, começamos a perceber de que forma a era digital, a internet e essas novas tecnologias impactaram e modificaram, positivamente, o EAD. Se antes existiam diversas barreiras técnicas para o desenvolvimento do ensino à distância, hoje essas barreiras caíram. Pelo menos uma, a cada três universidade, possuem um sistema de EAD. Além disso, esse tipo de ensino ultrapassou os limites físicos as escolas e das próprias universidades. É possível se profissionalizar, adquirir conhecimento, se aperfeiçoar em praticamente todas as áreas de interesse on-line. Basta ter um computador e acesso a internet para isso.
“(...) Estas tecnologias favorecem novas formas de interação social, novos estilos de vida modificando a visão acerca da tecnologia no que diz respeito a sua importância, utilização e papel social (...)”
Dessa forma, podemos concluir que as novas tecnologias não só aperfeiçoaram a maneira como interagimos uns com os outros, como também ajudaram a desenvolver e firmar o ensino à distância, como parte de uma cultura educacional moderna. Para Lévy, filósofo, sociólogo e pesquisador em ciência da informação e da comunicação, o desafio agora é encontrar formas para valorizar ainda mais a comunicação interativa, em que podemos participar e contribuir. E nisso, os sistemas de ensino à distância têm uma importância fundamental à medida em que fomentam e necessitam das tecnologias e seus avanços para que possam se desenvolver cada vez mais nos sistemas acadêmicos e educacionais.
Referências
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Acesso em: 8 de Nov. 2017.
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ADAMS, Telmo. Tecnologia Digitais e Educação para qual Desenvolvimento? Janeiro/Abril 2013. Disponível em:https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/2273454/mod_resource/content/1/artigoUnisinosTDigitais%20e%20educa%C3%A7%C3%A3o.pdf
Acesso em: 07 de Nov. 2017.
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