quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Arbitro de vídeo: como esse recurso transformou os esportes

O mundo dos esportes está o tempo todo se transformando, com adaptações às regras e mudanças que tornem o jogo mais justo e menos propenso a falhas. A origem dos esportes são das mais variadas, porém uma coisa todos possuem em comum, que são regras que garantam a justiça no jogo e que de fato o melhor vença. Mas para isso os times/jogadores/atletas não poderiam, em campeonatos, apenar ir jogar e fazerem seu próprio torneio. Algum indivíduo deveria estar lá o tempo inteiro no jogo para garantir que as normas estabelecidas seriam seguidas, assim surgiu o juiz.
A ideia de se ter um juiz em uma partida de futebol por exemplo, tem o mesmo sentido de um juiz em um tribunal, ele surge como um cidadão investido de autoridade pública com o poder-dever para exercer a atividade jurisdicional, julgando, em regra, os conflitos de interesse que são submetidas à sua apreciação.” Tal necessidade é advinda da percepção que o ser humano por si só, não segue as regras impostas pela sociedade tão facilmente.
Com isso, os juízes foram introduzidos ao esporte, onde em praticamente todas as modalidades esportivas existe um juiz ou arbitro que cuida de manter a ordem e seguindo as regras e normas de cada modalidade. E durante muito tempo apenas o juiz já era uma solução para o seguimento das normas do esporte, porém começou-se a perceber que mesmo com a presença de um indivíduo que analisa o jogo e está ali apenas para garantir essa regulamentação do esporte, já não garantia o mesmo.
A presença de um arbitro tornou-se algo costumeiro no esporte e os atletas começaram a enxergar maneiras de tentar “burlar” o sistema, de mesmo modo que os times, com seus presidentes gananciosos fizeram o mesmo. Com arbitragens facilmente movidas pela ganância e pela soberba, os resultados de alguns jogos já estavam determinados antes mesmo de o jogo começar. Subornar a arbitragem, principalmente no futebol, já é algo rotineiro e tais pontos diminuem o espetáculo de qualquer modalidade esportiva.
Com isso, novas medidas começaram a ser tomadas. Mais árbitros foram adicionados, chegando em alguns esportes a ter mais de 10 árbitros, como é o caso da natação, onde existe um arbitro por raia, um arbitro geral e dois árbitros que ficam nas laterais da piscina. Isso serve para tentar garantir ao máximo que as normas serão seguidas e aqueles que não a seguirem sejam punidos, seja com advertências em forma de cartões (amarelo e vermelho, no caso do futebol) ou desqualificações e suspensões (como no caso da natação).
Porém, notou-se que apenas acrescentar mais árbitros não era o suficiente e que seria a hora de acionar a tecnologia, assim começou-se a utilizar a arbitragem e vídeo. Muitos esportes são transmitidos pela televisão, e com o acesso a filmagens em câmera lenta e podendo ver repetidas vezes o mesmo lance, as falhas tornam-se muito menores. A decisão do juiz de dar uma falta ou de paralisar o jogo no momento em que está acontecendo o jogo, é uma decisão que deve ser tomada em questão de décimos de segundo. Por isso, por mais treinado que o profissional seja, está sujeito a falhas, ainda mais quando os próprios atletas tentarem “cavar faltas” e simulam muitas coisas.
Se todos os atletas fossem honestos, o recurso seria desnecessário, porém não é a realidade que presenciamos hoje. Então se utilizando o recurso de vídeo, o trabalho do juiz se tornava mais fácil e menos propenso a erros, existe algum motivo para não se utilizar o recurso? Durante muito tempo foi descartada tal ideia, temendo que o esporte ficasse muito mecanizado, refém das máquinas, porém notou-se que a tecnologia chegou para ajudar o homem e não para tomar o seu lugar. E assim, aos poucos, o recurso de vídeo começou a ser introduzido ao esporte.


Figura 1: estação de arbitragem de vídeo

No basquete esse recurso já é usado a anos. O recurso de vídeo funciona em lances duvidosos em que os árbitros não têm certeza em como apitar o lance, então param o jogo e analisam o vídeo e tomam a decisão correta. Isso deixa o jogo mais lento e demorado, porém o torna, de mesmo modo, mais justo e correto. Porém começaram a enxergar nesse momento, não um atraso no jogo, mas sim uma grande oportunidade de introduzir comerciais curtos no meio do jogo. E sim, esse recurso é utilizado mais do que devia, sendo que está se tornando saturado, no momento em que qualquer pausa no jogo já é motivo para passar um comercial extremamente apelativo de 20 segundos.
Outro esporte que utiliza muito o tipo de recurso de vídeo é o tênis, utilizando no mesmo sistema do vôlei. Esses dois esportes usam o recurso no modo de “desafio”, ou seja, quando um jogador ou treinador (no caso do vôlei), duvidam da decisão do juiz, o jogo para e então o lance é revisado por vídeo e pela recriação do lance digitalmente. Isso acontece, pois, a pessoa que está mais perto do lance é o jogador e acontece de o jogador estar certo no lance e o arbitro decidir de forma errônea. Porém existe um limite de desafios que o jogador/treinador pode pedir, para não tornar o jogo ultra mecanizado.


Figura 2: Recriação digital de lance em jogo de tênis

Já na natação, a arbitragem de vídeo é capaz de corrigir várias falhas que se tornam ainda mais imperceptíveis ao olho humano. Devido ao esporte acontecer debaixo d’água, com espuma e movimento da água, atrapalhando a visão do nado dos atletas, esse recurso torna-se indispensável. E o ponto alto é que os atletas sabem dessa condição e a utilizam ao máximo para tirar proveito, executando movimentos irregulares na hora da saída e viradas, que são quando a água está com a visibilidade muito prejudicada devido a espuma criada pelo atrito dos atletas com a água.

Agora esse tipo de acessório está sendo introduzido ao futebol, que durante muito tempo foi questionado, porém sabemos que para o público brasileiro, dificilmente alguma decisão será satisfatória. Ou seja, o seu time sempre será injustiçado.

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