Com tantas facilidades e inovações surgindo a todo momento no mundo tecnológico, não para de crescer o número de usuários dependentes da tecnologia. De acordo com um estudo realizado em 2015 pela Flurry, consultoria da empresa de tecnologia Yahoo, 280 milhões de pessoas no mundo são viciadas em aplicativos para celular.
Desde que chegou ao mercado, em 2009, o WhatsApp é um destes aplicativos que têm exercido forte influência sobre a vida dos internautas de plantão. Segundo informações do Mobile Report de 2014,– ele é o quarto aplicativo mais utilizado na Internet móvel brasileira. Isso se deve principalmente à sua facilidade de acesso, praticidade e custo, que é nulo.
Dentre nove grandes mercados pesquisados pelo MEF (Mobile Ecosystem Forum), o Brasil é o segundo que mais utiliza o WhatsApp. Segundo relatório da pesquisa, 76% dos assinantes móveis no Brasil fazem uso regular do aplicativo. São mais de 100 milhões de usuários, os quais fazem uso do serviço para manter contato com a família, amigos e até mesmo fazer negócios.
Em relação a outras redes sociais, Jesper Rhode, diretor de marketing da Ericsson na América Latina, em entrevista ao G1 explica que “se você olhar quanto tempo as pessoas gastam com Instagram, o WhatsApp ganha disparado. Ganha até do Facebook. E o uso dele é maior ainda entre os mais jovens”. A facilidade de acesso, a baixa utilização de dados móveis, as possibilidades de envio de mensagens instantâneas de texto e áudio, além das imagens, vídeos, documentos e, mais recentemente, as gifs – são fatores que explicam a acelerada expansão e utilização do aplicativo.
A decisão do Facebook, em 2014, de comprar o WhatsApp, sem dúvidas foi uma escolha acertada. “Cada vez mais usuários deixam de lado o site em favor da proposta prática e ágil do WhatsApp, que já representa o principal canal de comunicação para muitos jovens - uma verdadeira rede social móvel para esse público, espécie de Facebook do futuro”, afirma o jornalista Rennan Setti, do Jornal O Globo.
O WhatsApp pode também ser utilizado para negócios. A jornalista Tatiani Fernandes afirma que é uma maneira ágil, prática e barata de divulgar produtos e serviços, além de ser capaz de estreitar a relação com os clientes. Porém, é preciso estar atento à alguns aspectos. É imprescindível tomar muito cuidado com a linguagem utilizada e com a frequência no envio de mensagens, pois se esta for muito alta, pode gerar certo desconforto para quem recebe. Assim, é importante que se tenha muito claro o público-alvo do negócio, para não encaminhar conteúdos irrelevantes.
Apesar das facilidades para comunicação com família, amigos, colegas de trabalho e clientes, a utilização em excesso do aplicativo têm sido tema de discussão e motivo de preocupação em famílias, instituições de ensino, empresas e psicólogos. Seu uso contínuo pode acarretar em reflexos negativos nos relacionamentos, nos estudos, no trabalho e na vida social como um todo. Não são poucas as pessoas que passam horas conectados à telinha, sem mesmo perceber o tempo passar. Quando se dão conta, perderam um tempo que poderia ter sido aproveitado produzindo alguma coisa.
Dora Goés, psicóloga do programa de dependências tecnológicas do Hospital das Clínicas, afirma que “as pessoas não estão conscientes de que estão se tornando viciadas no WhatsApp”. O mais preocupante é que a faixa etária da maioria destas pessoas é de 18 a 30 anos, jovens que estão em época de estudos ou no ápice de suas carreiras profissionais, podendo o vício no aplicativo comprometer seus desempenhos.
Três dos principais centros de pesquisa em dependência tecnológica do Brasil já atenderam pelo menos algum caso relacionado diretamente ao uso abusivo do WhatsApp. Mas, como muita gente ainda não tem consciência de que usa de maneira exagerada o aplicativo, os especialistas apontam que número de pessoas que procuram tratamento ainda é mínimo, de acordo com os especialistas.
Felizmente existem diversos tipos de tratamentos para a dependência digital: desde um simples “detox” digital ou até mesmo terapia em grupo e com aconselhamento médico. Dados deste ano de uma redação da revista Exame apontam que “no Hospital das Clínicas, por exemplo, o usuário passa por uma triagem para diagnóstico da dependência em tecnologia. Em caso afirmativo, ele inicia um programa de 18 semanas, no qual psicólogos avaliam a origem e nível do vício”.
De acordo com o que for diagnosticado, a pessoa pode ser encaminhada a um psiquiatra ou continuar no grupo para receber educação digital. Para Anna King, psicóloga e fundadora do Instituto Delete, o que preocupa a comunidade de psicólogos é que grande parte da população brasileira usa a tecnologia de forma abusiva.
Para quem pretende se prevenir para não se tornar mais um viciado, a boa notícia é a de que existem alguns meios que facilitam o controle do uso do WhatsApp. Aplicativos como BreakFree, Menthal e Moment são capazes de monitorar o tempo que o usuário gasta com o aplicativo. Com isso, o usuário passa a ter noção do tempo que passa conectado e pode se regrar melhor quanto a isso. É uma sugestão para aqueles que estão percebendo que perdem muito tempo do seu dia enviando mensagens ou àqueles que simplesmente pretendem controlar melhor seu tempo de permanência no aplicativo.
Visto isso, é indiscutível que o WhatsApp facilita muito a comunicação e aproxima as pessoas que estão distantes, porém, da mesma forma, pode afastar daqueles que estão por perto, além de poder prejudicar a rotina de quem passa muitas horas no aplicativo. Assim, é preciso saber quando e quanto tempo usar o aplicativo, para que o ele facilite a vida das pessoas e acabe causando um efeito inverso.
Autora: Aline Carolina Zatelii
Referências
Jovens já preferem WhatsApp a Facebook e tem a chegada de propagandas
após a compra. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/jovens-ja-preferem-whatsapp-facebook-temem-chegada-de-propagandas-apos-compra-11667459>
Acesso em: 24 out. 2016
O lançamento do WhatsApp e sua influência no mundo dos negócios. Disponível
em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-lancamento-do-whatsapp-web-e-sua-influencia-no-mundo-dos-negocios/84225/>
Acesso em: 22 out. 2016
Não perca mais tempo: apps controlam quantas horas você gasta no
celular. Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/08/nao-perca-mais-tempo-apps-controlam-quantas-horas-voce-gasta-no-celular.html>
Acesso em: 22 out. 2916
Psicólogos já tratam viciados em Whatsapp. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/psicologos-ja-tratam-viciados-em-whatsapp/>
Acesso em: 21 out. 2016
WhatsApp alcança 1 bilhão de usuários. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/02/whatsapp-alcanca-1-bilhao-de-usuarios.html>
Acesso em: 23 out. 2016
WhatsApp é o 4o maior aplicativo da internet móvel do Brasil. Disponível
em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/02/whatsapp-e-o-4-maior-aplicativo-da-internet-movel-do-brasil.html>
Acesso em: 21 out. 2016
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