Uma pesquisa realizada com 100 empreenderes do município de Belo Horizonte em Minas Gerais mostrou que há uma relação entre a abertura de empresas com as redes de relacionamentos dos empresários.
A amostra dos empresários, escolhidos para a pesquisa, foram
retirados do cadastro, com cerca de 4100 inscritos, de empresas da Federação
das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Essas empresas são de setores
tradicionais como confecção, alimentação metalúrgica entre outros. Das empresas
selecionadas 99 delas eram de micro e pequeno porte.
A pesquisa
foi realizada através de um questionário estruturado, onde buscou saber qual o
vínculo do empresário com o setor em que a empresa atua antes de cria-la, qual
era o Estrato Social dos pais e o motivo da criação da
empresa. Depois disso buscou-se relacionar os dados da seguinte forma:
Variáveis Independentes (Ver definição).
Redes sociais
e Estrato social.
Os estratos
sociais foram apurados e observou-se que que apenas 1 dos empreendedores veio
de um estrato Médio alto e este foi rejeitado pelo pesquisador. O restante
ficou dividido entre Médio com 45%, médio baixo com 41% e baixo com 14%.
Já as redes
sociais foram divididas em três grupos para saber em qual desses os empresários
tiveram contato com o setor em que a empresa opera. Ficaram subdivididas em
redes familiares, que são as redes sociais que contém os familiares dos
empresários, redes profissionais, que envolve todas as pessoas que o empresário
teve contato durante sua vida profissional e redes difusa que não tem relação
com o segmento de mercado de interesse.
Variáveis Dependentes.
Motivos da criação: os motivos que levarão a criação
da empresa.
Redes sociais dos empreendedores: as relações que
os empreendedores tinham com o setor da empresa antes da criação.
Formas de acesso a clientes: as formas com que
se divulgava o empreendimento.
Os resultados.
A partir da análise
inicial dos dados, os pesquisadores tentaram descobrir se existia alguma
relação entre as variáveis dependentes e independentes.
Redes sociais X Criação da empresa.
Concluíram que,
dos empresários que tiveram contato com o setor em redes profissionais, 30%
criaram a empresa por estar insatisfeito com o emprego em comparação com as
redes familiares e difusas esse número cai para 21% e 7% respectivamente. Outro
ponto citado pelos participantes da pesquisa classificados como redes profissionais,
como motivo de criação, foi usar os relacionamentos acumulados na área com 65%,
sendo que os de redes familiares citaram 55% e os difusas 35%.
Outro motivo de
criação das empresas citado pelos empresários foi a capacidade de usar as
influencias e experiências dos familiares, onde 50% dos entrevistados que
tiveram contado com a área pelas redes familiares citaram esse motivo, em comparação
com 20% das redes profissionais e 17% das redes difusas. A rede familiar também
ganhou destaque quando o motivo de criação foi dar ocupação aos familiares com
29% em comparação com 13% e 6% respectivamente.
Estratificação social X Criação da
empresa.
Fazendo a
mesma comparação entre motivo de criação com a estratificação social não se
observou associação significativa entre os três estratos (médio, médio baixo e
baixo), entretanto levando em consideração apenas os estratos médio baixo e
baixo pode-se observar que 73% dos empresários de estrato médio baixo apontaram
que o motivo para abrir o negócio foi a identificação de oportunidades, contra
43% dos empresários de estrato baixo.
Já as pessoas
classificadas como estrato baixo citaram como motivo de abrir o negócio o
desemprego com 29% e dar emprega a familiares com 36%, já os empresários de
estrato médio baixo com 7% e 10% respectivamente.
Redes sociais X Comunicação
A comunicação
para chegar a novos clientes no início da vida da empresa também foi outro
ponto abordado pelos pesquisadores. O relacionamento pessoal dos funcionários teve
maior destaque nas redes familiares com 19% sendo que as redes profissionais e
sem vínculo com a empresa representaram 9% e 7% respectivamente. Já a
comunicação através de catálogos, revistas, internet, publicidade entre outros
tiveram uma importância de 32% na rede sem vínculo, 24%na profissional e 37% na
familiar.
Considerações
Com o estudo
pode-se observar que profissionais que estão insatisfeitos com o emprego tem
mais chance de empreender nas áreas relacionadas com suas redes profissionais.
Podemos observar,
pelo estudo, que as redes sociais tem influência na criação de um
empreendimento, seja esta relação profissional ou pessoal. Porem a estratificação
social também tem influência na criação das empresas com uma diferenciação no
motivo entre os estratos médio baixo e baixo.
NOTA: A pesquisa tem um grau de confiabilidade de 95,5% com um
erro amostral de 10 pontos percentuais.
Fonte: Vale, Glaucia M. Vasconcellos. Fatores Condicionantes do Empreendedorismo: Redes Sociais ou Classes Sociais? 2015. Disponivel em : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-92302015000400583&lang=pt Data de acesso: 22 nov. de 2016.
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