quarta-feira, 9 de novembro de 2016


Avaliação em ambientes virtuais de aprendizagem

Com a chegada da internet e de todas as outras novas formas tecnológicas destinadas à comunicação, o professor que era um intermediário de informações, acabou ficando sem mais tanto poder absoluto. A grande demanda por avaliações de projetos de aprendizagem virtual à longa distância tem requerido métodos que transcendem o campo da educação. A educação em ambientes virtuais se refere a experiências de aprendizagem que utilizam recursos hiper midiáticos em ambientes apoiados por uma tecnologia de comunicação online. Este artigo busca mostrar um pouco dos métodos de avaliação nesses ambientes virtuais, bem como os tipos de avaliações. Para ilustrar um pouco o que são ambientes virtuais de aprendizagem, aqui está um pequeno vídeo resumindo um pouco deste novo conceito.


A avaliação pode ser definida como a aplicação sistemática de procedimentos metodológicos para determinar, a partir dos objetivos propostos e com base em critérios internos e/ou externos, a relevância, a efetividade e o impacto de determinadas atividades com a finalidade de tomada de decisão. Na avaliação de tecnologias, suas diversas definições contemplam, de acordo com Panerai e Mohr (1989), as repercussões das tecnologias nos seus distintos níveis e o grau de planejamento dessas repercussões, com destaque para a natureza benéfica ou adversa das suas conseqüências. A avaliação, nos contratos didáticos em construção, carece de ressignificação a partir de olhares amplos que incidam em paisagens ainda pouco conhecidas. Na amplidão de paisagens que anunciam possibilidades e compromissos, identificamos a necessidade de se cultivar a paciência para aprender, o zelo em se distanciar da massificação, o desapego às respostas, o olhar carinhoso às perguntas e a multiplicidade de opções na escolha de caminhos para aprendizagens
A avaliação tem papel importante na formação de hábitos intelectuais, auxiliando os alunos no mapeamento do que é mais importante o cotidiano escolar e no universo dos estudos e das aprendizagens. Com ela, o professor explicita por onde seguir seus sonhos educacionais e vocação.
A avaliação da aprendizagem é a expressão dos fins que atribuímos à educação, das nossas crenças epistemológicas e da forma como cuidamos do nosso poder de controle sobre os alunos. Oferece abrigo às diversas manifestações da cultura escolar, entre elas o culto ao armazenamento de conhecimentos.

Os tipos de avaliação de ambientes virtuais de aprendizagem podem tomar como base para sua investigação as condições em que a aprendizagem se realiza (estrutura), os modos pelos quais os estudantes são capazes de interagir sendo apoiados nas suas atividades (processos) e o alcance dos objetivos e das metas propostos (resultados).

Segundo Valcke e Leeuw (2000), existem cinco tipos de avaliação:
1.       avaliação interna e análise de desempenho (inquéritos e a construção de indicadores relacionados à atuação do aluno ao longo do curso);
2.       externa com enfoque no ambiente sociocultural (identificação da formação de uma rede interinstitucional de recursos intelectuais e físicos e a participação de agentes locais na constituição de comunidades de aprendizagem vinculadas a canais de comunicação e interação);
3.       avaliação do ambiente de aprendizagem (abordagem teórica que orienta a sua forma, as oportunidades oferecidas aos alunos para discussão e trabalho em grupo);
4.       avaliação externa com abordagem dos coordenadores e promotores/stakeholders (os objetos de estudo são a variedade de níveis, os conflitos de interesses e o envolvimento dos responsáveis pelos cursos dentro da proposta de EaD digital);
5.       e o quinto e último tipo que engloba outros métodos e abordagens de avaliação, tais como a seleção e o uso de mídias adequadas à EaD digital; avaliação da qualidade para garantia de disponibilidade de acesso, igualdade de oportunidades, relevância e adequação dos cursos e dos materiais; análise dos escores dos aprendizes, taxas de conclusão ou evasão.

                Segundo Benigno e Trentin (2000), na avaliação de ambientes virtuais de aprendizagem, é necessário dispor de dados sobre as características individuais dos participantes, do ambiente de aprendizagem, da participação, da comunicação, dos materiais e da tecnologia utilizados.
O método mais utilizado na avaliação de cursos online é o uso de questionários. Os questionários podem ser aplicados presencialmente, enviados pelo correio, preenchidos online ou por telefone e apresentam as seguintes vantagens: facilidade de codificação das respostas fechadas, rapidez na coleta dos dados, uso de grandes amostras, menor custo de administração e processamento, uso de abordagens padronizadas e taxas de retorno mais altas (Dixon, 2001).
Outro método que pode-se destacar são as entrevistas de grupo focal. As entrevistas de grupo focal têm sido empregadas nas avaliações de ambientes virtuais de aprendizagem como uma técnica para coleta de dados qualitativos sobre percepções, crenças, atitudes e ideias dos usuários de cursos online. Os grupos focais são entrevistas estruturadas de grupo, conduzidas por um facilitador, nos quais as pessoas compartilham suas visões em um espectro de questões. A realização de grupos focais online, apesar de ser uma estratégia pouco utilizada no meio acadêmico, apresenta as vantagens de maior congruência com o ambiente sob estudo, maior facilidade de comunicação entre os participantes, maior igualdade de participação na discussão, incluindo os estudantes com restrições de distância e tempo, anonimato dos participantes, economia de custos e habilidade para recrutar populações diversas e abordar temas controversos (Burton; Goldsmith, 2002). As desvantagens dos grupos focais online estariam relacionadas à perda de recursos verbais e não verbais durante a comunicação, problemas de proteção da privacidade da discussão, alta taxa de não-comparecimento entre os participantes, etc.
Existe ainda um método chamado de grid qualitativo que leva em conta número de mensagens, características de interatividade das mensagens, extensão na qual as mensagens cobrem os tópicos sugeridos e profundidade na qual os tópicos são explorados de modo a avaliar qualidade da participação e conteúdo

                Para se definir o tipo de abordagem da avaliação de um curso em um ambiente virtual, é preciso levar em consideração o tipo de proposta educacional e os interesses dos grupos envolvidos. São necessários estudos que avaliem quais as propostas pedagógicas que são adequadas às distintas necessidades dos provedores e usuários, tomando como foco as potencialidades e limitações dos recursos tecnológicos. A avaliação é um processo empírico e isso nunca pode ser esquecido, pois a metodologia mais adequada será aquela que melhor se adequar ao contexto e as condições do curso.

Ass.: Gabriel Bessa Maes.

REFERÊNCIAS

VALCKE, M. M., LEEUW, F. L. Evaluating digital distance learning programs and activities. Washington: World Bank Institute, 2000.

BENIGNO, V.; TRENTIN, G. The evaluation of online courses. Journal of Computer Journal of Computer Assisted Learning, v.16, p. 59-70, 2000.

DIXON, J. Evaluation tools f tion tools for flexible deliver (workshop version). Melbourne: TAFE frontiers, 2001.

BURTON, L.; GOLDSMITH, D. The medium is the message: using online focus group to study online learning. New Britain: Connecticut Distance Learning Consortium, 2002



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