terça-feira, 8 de novembro de 2016

A Exposição nas Redes Sociais

O ser humano sempre apresentou a necessidade de se sentir importante frente a seus iguais na sociedade, para isso, ele sempre foi engenhoso em criar maneiras de expor seus atos e ações buscando aprovação e atenção dos demais. É de se imaginar que tal comportamento seria cada vez mais comum com o avanço e disseminação das redes sociais, mas será que não estamos perdendo o controle do limite dessa exposição?
Como comentei anteriormente, uma das necessidades mais básicas do ser humano é ser amado, nas redes sociais, entretanto, essa necessidade é suprida através dos likes, mas nem sempre essa popularidade se reflete no mundo real. Usando a fala de Claudete Pagotto, coordenadora do curso de Ciências Sociais da Universidade Metodista de São Paulo, Noronha (2014) diz que a ilusão de que a quantidade de curtidas determina a aceitação das pessoas pode dar ao indivíduo a sensação de que é aceito socialmente, mas não quer dizer que exista realmente uma amizade duradoura, no contato pessoal, baseada na confiança mútua, isso leva a pessoa, somado também o incentivo desses “amigos”, a continuar a buscar essa atenção, o que a leva, cada vez mais, a fazer postagens perigosas.
A psicóloga Katty Zúñiga Pareja (2012) também concorda com esse ponto, defendendo que "do ponto de vista psicológico, o desejo é explicado como um querer, um impulso de alguém para obter algo, seja pessoas ou objetos. O ego encontrou nas redes sociais um terreno fértil para testar esses limites". Segundo ela, o apoio dos amigos pode levar o internauta a postagens mais "perigosas", como publicar suas próprias fotos usando pouca roupa, falar mal do seu chefe publicamente, expor situações comprometedoras do parceiro (principalmente quando foram traídos), entre outros exemplos.  Ainda complementa que "o apoio eventualmente recebido alimenta ainda mais o seu desejo e esse sentimento vai crescendo exponencialmente".
Dito isso, é também comum que as pessoas usem as redes sociais como um diário, onde elas escrevem seus desejos mais íntimos e pensamentos. Mais tudo isso é compartilhado e visto em um mundo virtual, e é fácil esquecer que é um espaço público. Segundo a psicóloga Jeremina Morais Veras, as pessoas falam de si mesmas, de como se sentem, pois, talvez, não encontrem esse espaço na vida real, e utilizam as redes sócias para interagirem e serem ouvidas. No entanto, elas não têm real dimensão do alcance que suas postagens podem ter (apud RIBEIRO, 2012).
Sendo assim, muito do que as pessoas compartilham nas redes sócias pode impactar diretamente na sua carreira atual e também futura. Atualmente as empresas se preocupam que o perfil dos candidatos esteja alinhado com os valores da empresa. É importante existir concordância entre a imagem da empresa, seus objetivos e o perfil do profissional a ser contratado ou já é empregado. Em pesquisa recente publicada pela multinacional Manpower mostrou que as empresas brasileiras são as que mais controlam o perfil pessoal nas redes sociais, a pesquisa contou com 34 mil empresas no mundo (MAVICHIAN, 2016).
Hegel Botinha, do grupo Selpe, diz que já presenciou caso em que um executivo perdeu uma vaga porque divulgou na rede que gostava de esportes radicais e, como a oportunidade era para uma empresa de seguros, eles acharam que não era recomendado contratar alguém com esse perfil mais arriscado. Sendo assim, são necessários cuidados com as informações divulgadas na rede. “É preciso cuidado com o que você curte”, completa Botinha (apud MANSUR; CHOUCAIR, 2012).
Um outro ponto muito interessante é de que as indicações para vagas e afins aconteciam por carta de recomendação ou por meio de contatos do dia a dia. Mas é possível perceber essas indicações migrando gradualmente para as redes sociais. Algumas empresas chegam a ter uma pessoa específica para fazer busca nas redes sociais de candidatos e empregados, como LinkedIn, Facebook e Twitter.            
Com isso em mente, vale levantar a pergunta: existe a necessidade de se criar um “manual” de conduta para o que se deve ou não compartilhar na internet? A psicóloga Jemima Moraes, já citada aqui, acredita que deva existir sim um código que ofereça um norte, um limite que indique o que é aceitável ou não de ser compartilhado nas redes sociais e ainda complementa, dizendo que ainda vivemos em um momento onde ainda as questões de ética virtual. Inclusive empresas como a Embrapa e a Fibria (que podem ser vistos aqui e aqui) já possuem tais manuais disponíveis para seus colaboradores.
No entanto, Antônio Conderelli não concorda com essa questão, uma vez que ele defende que o mundo das redes virtuais está em constante mudança, esse ponto de vista dele é mais abordado em uma entrevista que pode ser lida no final desse artigo.
Queria destacar também o vídeo a baixo onde  o advogado especialista em direito digital e direito empresarial Adriano Mendes fala um pouco sobre a exposição nas redes sociais e as facetas da lei perante isso.

 Por fim, acredito que exista sim uma falta de noção dos usuários de redes sócias em saber qual o verdadeiro alcance de suas publicações, e isso pode impactar diretamente na vida e carreira dessa pessoa, porém, não acho que exista necessidade de existir guide lines para o que se deve ou não postar, pois acredito que bom senso não pode ser ensinado ou controlado. E você, qual sua opinião sobre esses aspectos das redes sociais?


EXPOSIÇÃO nas Redes Sociais com Adriano Mendes. Rio de Janeiro: Tv Gazeta, 2016. (13 min.), son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vBqau3L7ktc>. Acesso em: 01 nov. 2016.
NORONHA, Heloísa. Estamos perdendo o limite ao nos expormos nas redes sociais? 2014. Disponível em: <http://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2014/08/18/estamos-perdendo-o-limite-aos-nos-expormos-nas-redes-sociais.htm>. Acesso em: 03 nov. 2016
MAVICHIAN, Tiago. Como a exposição nas redes sociais pode impactar sua futura promoção. 2016. Disponível em: <https://www.ciadeestagios.com.br/rede-sociais-pode-impactar-sua-futura-promocao/>. Acesso em: 03 nov. 2016.
MANSUR, Carolina; CHOUCAIR, Geórgea. Exposição em redes sociais pode contribuir ou prejudicar vida profissional. 2012. Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2012/08/26/internas_economia,313905/exposicao-em-redes-sociais-pode-contribuir-ou-prejudicar-vida-profissional.shtml>. Acesso em: 03 nov. 2016.
PAREJA, Katty ZunigaOs Dois Lados da Auto-Exposição na Web. 2012. Disponível em: <http://nppi.psc.br/os-dois-lados-da-autoexposicao-na-web/>. Acesso em: 03 nov. 2016.

RIBEIRO, IsaacExposição nas redes Sociais. 2012. Disponível em: <http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/exposicao-nas-redes-sociais/223183>. Acesso em: 03 nov. 2016.

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