O ser humano sempre apresentou a
necessidade de se sentir importante frente a seus iguais na sociedade, para
isso, ele sempre foi engenhoso em criar maneiras de expor seus atos e ações
buscando aprovação e atenção dos demais. É de se imaginar que tal comportamento
seria cada vez mais comum com o avanço e disseminação das redes sociais, mas
será que não estamos perdendo o controle do limite dessa exposição?
Como comentei anteriormente, uma
das necessidades mais básicas do ser humano é ser amado, nas redes sociais,
entretanto, essa necessidade é suprida através dos likes, mas nem sempre essa popularidade
se reflete no mundo real. Usando a fala de Claudete Pagotto, coordenadora do curso de
Ciências Sociais da Universidade Metodista de São Paulo, Noronha (2014) diz que
a ilusão de que a quantidade de curtidas determina a aceitação das pessoas pode
dar ao indivíduo a sensação de que é aceito socialmente, mas não quer dizer que
exista realmente uma amizade duradoura, no contato pessoal, baseada na confiança
mútua, isso leva a pessoa, somado também o incentivo desses “amigos”, a
continuar a buscar essa atenção, o que a leva, cada vez mais, a fazer postagens
perigosas.
A psicóloga Katty Zúñiga Pareja (2012) também concorda com esse
ponto, defendendo que "do ponto de vista psicológico, o desejo é explicado
como um querer, um impulso de alguém para obter algo, seja pessoas ou objetos.
O ego encontrou nas redes sociais um terreno fértil para testar esses
limites". Segundo ela, o apoio dos amigos pode levar o internauta a
postagens mais "perigosas", como publicar suas próprias fotos usando
pouca roupa, falar mal do seu chefe publicamente, expor situações
comprometedoras do parceiro (principalmente quando foram traídos), entre outros
exemplos. Ainda complementa que "o apoio eventualmente recebido
alimenta ainda mais o seu desejo e esse sentimento vai crescendo
exponencialmente".
Dito isso, é também comum que as
pessoas usem as redes sociais como um diário, onde elas escrevem seus desejos
mais íntimos e pensamentos. Mais tudo isso é compartilhado e visto em um mundo
virtual, e é fácil esquecer que é um espaço público. Segundo a psicóloga
Jeremina Morais Veras, as pessoas falam de si mesmas, de como se sentem, pois, talvez, não encontrem esse espaço
na vida real, e utilizam as redes sócias para interagirem e serem ouvidas. No
entanto, elas não têm real dimensão do alcance que suas postagens podem ter (apud RIBEIRO, 2012).
Sendo assim, muito do que as
pessoas compartilham nas redes sócias pode impactar diretamente na sua carreira
atual e também futura. Atualmente as empresas se preocupam que o perfil dos
candidatos esteja alinhado com os valores da empresa. É importante existir
concordância entre a imagem da empresa, seus objetivos e o perfil do
profissional a ser contratado ou já é empregado. Em pesquisa recente publicada
pela multinacional Manpower mostrou que as empresas brasileiras
são as que mais controlam o perfil pessoal nas redes sociais, a pesquisa contou
com 34 mil empresas no mundo (MAVICHIAN, 2016).
Hegel Botinha,
do grupo Selpe, diz que já presenciou caso em que um
executivo perdeu uma vaga porque divulgou na rede que gostava de esportes
radicais e, como a oportunidade era para uma empresa de seguros, eles acharam
que não era recomendado contratar alguém com esse perfil mais arriscado. Sendo
assim, são necessários cuidados com as informações divulgadas na rede. “É
preciso cuidado com o que você curte”, completa Botinha (apud MANSUR; CHOUCAIR, 2012).
Um outro ponto
muito interessante é de que as indicações para vagas e afins aconteciam por
carta de recomendação ou por meio de contatos do dia a dia. Mas é possível
perceber essas indicações migrando gradualmente para as redes sociais. Algumas
empresas chegam a ter uma pessoa específica para fazer busca nas redes sociais
de candidatos e empregados, como LinkedIn, Facebook e Twitter.
Com isso em mente, vale levantar a
pergunta: existe a necessidade de se criar um “manual” de conduta para o que se
deve ou não compartilhar na internet? A psicóloga Jemima Moraes, já citada aqui, acredita que
deva existir sim um código que ofereça um norte, um limite que indique o que é
aceitável ou não de ser compartilhado nas redes sociais e ainda complementa,
dizendo que ainda vivemos em um momento onde ainda as questões de ética
virtual. Inclusive empresas como a Embrapa e a Fibria (que podem ser vistos aqui e aqui) já possuem tais manuais disponíveis para seus
colaboradores.
No entanto, Antônio Conderelli não concorda com essa questão, uma vez
que ele defende que o mundo das redes virtuais está em constante mudança, esse
ponto de vista dele é mais abordado em uma entrevista que pode ser lida no final desse artigo.
Queria destacar também o vídeo a baixo onde o
advogado especialista em direito digital e direito empresarial Adriano Mendes
fala um pouco sobre a exposição nas redes sociais e as facetas da lei perante
isso.
Por fim, acredito que exista
sim uma falta de noção dos usuários de redes sócias em saber qual o verdadeiro
alcance de suas publicações, e isso pode impactar diretamente na vida e
carreira dessa pessoa, porém, não acho que exista necessidade de existir guide lines para
o que se deve ou não postar, pois acredito que bom senso não pode ser ensinado
ou controlado. E você, qual sua opinião sobre esses aspectos das redes
sociais?
EXPOSIÇÃO nas Redes Sociais com Adriano Mendes. Rio de Janeiro: Tv Gazeta, 2016. (13 min.), son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vBqau3L7ktc>. Acesso em: 01 nov. 2016.
NORONHA, Heloísa. Estamos perdendo o limite
ao nos expormos nas redes sociais? 2014. Disponível em: <http://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2014/08/18/estamos-perdendo-o-limite-aos-nos-expormos-nas-redes-sociais.htm>.
Acesso em: 03 nov.
2016
MAVICHIAN, Tiago. Como a exposição nas redes sociais pode
impactar sua futura promoção. 2016. Disponível em: <https://www.ciadeestagios.com.br/rede-sociais-pode-impactar-sua-futura-promocao/>.
Acesso em: 03 nov. 2016.
MANSUR, Carolina; CHOUCAIR, Geórgea. Exposição em redes
sociais pode contribuir ou prejudicar vida profissional. 2012.
Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2012/08/26/internas_economia,313905/exposicao-em-redes-sociais-pode-contribuir-ou-prejudicar-vida-profissional.shtml>.
Acesso em: 03 nov. 2016.
PAREJA, Katty Zuniga. Os Dois Lados da
Auto-Exposição na Web. 2012. Disponível em: <http://nppi.psc.br/os-dois-lados-da-auto‐exposicao-na-web/>. Acesso em: 03 nov. 2016.
RIBEIRO, Isaac. Exposição nas redes
Sociais. 2012. Disponível em: <http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/exposicao-nas-redes-sociais/223183>. Acesso
em: 03 nov. 2016.
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