Por Daiany Luisa Cunha Maia (22215917) - Disciplina: Redes Sociais e Virtuais
Introdução
Os algoritmos, que nada mais são do que sequências de instruções usadas para resolver problemas, estão presentes em quase tudo o que fazemos no ambiente digital. Nas redes sociais, eles deixaram de ser apenas mecanismos técnicos e passaram a atuar como filtros poderosos, capazes de decidir quais conteúdos cada pessoa vê. Plataformas como Facebook, TikTok e Instagram analisam curtidas, visualizações, buscas e comportamentos para entregar uma experiência personalizada.
Esse processo, embora eficiente, cria um efeito colateral preocupante: as chamadas bolhas algorítmicas. Dentro delas, o usuário passa a ser exposto quase exclusivamente a ideias, opiniões e conteúdos que reforçam suas preferências prévias, reduzindo contato com visões divergentes. É nesse ponto que a personalização deixa de ser apenas uma comodidade e se torna um fenômeno que influencia diretamente a percepção de mundo e o debate público.
O que são algoritmos
Um algoritmo é uma sequência organizada de passos que serve para resolver um problema. Funciona como um plano de ação: primeiro recebemos dados (entrada), depois fazemos algum tipo de transformação (processamento) e, por fim, obtemos um resultado (saída).
Mesmo tarefas simples seguem essa lógica. A entrada pode ser qualquer tipo de dado, usuário, arquivo, sensores. O processamento inclui cálculos, regras e tomadas de decisão. A saída é o resultado final, como a exibição de uma informação na tela.
Como funcionam nas redes sociais
Nas redes sociais, os algoritmos são responsáveis por decidir o que cada pessoa vê. Plataformas como Facebook, Instagram, TikTok e Twitter analisam curtidas, histórico de busca, tempo de visualização, interações e preferências para montar um perfil de interesses.
O processo é sempre contínuo: coleta de dados, análise e exibição. A partir disso, o algoritmo seleciona quais conteúdos aparecem primeiro, priorizando o que tem maior chance de prender a atenção do usuário. Essa personalização move o engajamento e molda o que se torna “tendência”.
As bolhas digitais
A personalização tem um lado delicado. Quanto mais a pessoa consome um tipo de conteúdo, mais desse conteúdo passa a aparecer. Com o tempo, forma-se a chamada bolha informacional: um ambiente em que o usuário só recebe ideias parecidas com as suas, deixando de ter contato com visões diferentes.
Isso cria a impressão de que determinados assuntos estão “em alta”, quando na verdade só aparecem mais porque reforçam o padrão de consumo daquele usuário. O contraditório some da tela. A pluralidade diminui. E a percepção de mundo fica limitada.
Essa dinâmica não depende apenas das plataformas. É uma responsabilidade compartilhada. Cabe às empresas mais transparência; aos governos, regulamentação; às pessoas, pensamento crítico e busca ativa por pontos de vista diferentes.
Pesquisas mostram que os algoritmos identificam padrões principalmente pelas interações diretas (curtidas, comentários, reações) e indiretas (tempo de visualização). Eles são eficientes em recomendar conteúdos, mas geram sobrecarga de informação e restringem o acesso a informações novas, favorecendo vícios, empobrecimento intelectual e até impactos emocionais.
Questões éticas e preocupações
Os algoritmos que constroem essas bolhas usam técnicas avançadas, como aprendizado profundo, capazes de analisar grandes volumes de dados e prever comportamentos. Essas tecnologias também são usadas para marketing, direcionamento de anúncios e estratégias de venda, nem sempre de forma ética.
Quando tudo é transformado em produto, o usuário se torna alvo. Seus dados passam a guiar publicidade, moldar preferências e reforçar hábitos. A consequência é um isolamento gradual, em que debates, opiniões e até questões políticas ficam presos dentro de pequenas câmaras de eco.
Opinião pessoal
Os algoritmos têm valor empresarial inegável. Permitem decisões baseadas em dados e aumentam a eficiência de diversos setores. O problema não está na tecnologia em si, mas no modo como é aplicada. Quando não monitorada, a personalização isola, radicaliza e estreita o campo de visão do usuário.
É necessário discutir o uso ético dos dados, a transparência dos processos e os impactos sociais desse modelo. O excesso de publicidade, o incentivo ao consumo, a exposição constante a conteúdos semelhantes e a polarização crescente são sinais de que precisamos repensar essa estrutura.
Como sociedade, é essencial desenvolver a chamada alfabetização algorítmica: entender como esses sistemas funcionam, questionar seus resultados e buscar, voluntariamente, a diversidade de ideias. O Estado também tem um papel importante na criação de políticas que protejam o bem-estar coletivo, promovam educação digital e enfrentem os efeitos das bolhas.
As redes cresceram rápido demais, e ninguém estava totalmente preparado. Agora lidamos com consequências profundas, sociais, emocionais e cognitivas, que precisam ser tratadas com mais seriedade.
Conclusão
Com a popularização da internet, as redes sociais se tornaram um dos principais espaços de comunicação. Seus algoritmos são eficientes em recomendar conteúdos, mas também criam bolhas que isolam usuários, favorecem fake news e afetam a forma como enxergam o mundo.
Referências
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Declaração de uso de Inteligência Artificial: Durante a preparação deste trabalho foi utilizada uma ferramenta de inteligência artificial generativa como apoio na organização das ideias e na revisão de clareza. O conteúdo foi revisado e finalizado pela autora, que assume total responsabilidade pela versão publicada.
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