Recursos Educacionais Abertos (Rea) – Iniciativas na educação básica do Brasil.
Rafael Pereira Guimarães.
A
cada dia que passa a educação vem se transformando, pois apenas o método de
ensino tradicional, em um espaço fechado aonde o professor é o único detentor
de conhecimento e os métodos de aprendizagem se encontram defasados estão se
modificando, pois apenas este ambiente não consegue mas suprir todos os
aspectos do conhecimento almejados pelos alunos.
Esta
mudança de visão sobre os métodos de aprendizagem tiveram uma grande influência
do estouro da internet nos anos noventa, pois com ela o acesso a informação e
conhecimento se tornou algo mais dinâmico e facilitado, devido à grande interação
entre indivíduos de todo mundo, e visando acompanhar esta inovação várias
iniciativas estão sendo desenvolvidas em todo mundo visando assim modernizar os
métodos como o conhecimento é repassado. Tentando assim complementar o sistema de ensino já
existente, mostrando desde a maneira que o ensino vai muito além de quatro
paredes.
Neste
contexto surge os Recursos Educacionais Abertos, os quais são materiais de
ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob
domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam
utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos
facilita o acesso e o reuso potencial dos recursos publicados digitalmente.
Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos,
módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e
qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao
conhecimento. (UNESCO/Commonwealth
of Learning, 2011).
É um movimento emergente da educação,
alavancado pela Internet, e que tem como marcas a colaboração e a
interatividade. Ele surge pela premissa de que todos devem ter a liberdade de
usar, personalizar, melhorar e redistribuir recursos educacionais, sem restrições.
O
REA se apoia em três elementos principais de acordo com Santos (2014): conteúdos de aprendizado, como
cursos completos e metodologias de ensino e aprendizado; ferramentas técnicas,
como sistemas de gerenciamento de conteúdo e comunidades de aprendizado online;
e recursos para implementação, ou seja, licenças de propriedade intelectual
para promover a publicação aberta de materiais. O usuário que esteja
interessado em utilizar REA não precisa necessariamente estar vinculado a uma
instituição de ensino.
Quanto aos tipos de REA, para Santos (2014) os
mesmo devem ser adequados faixa etária em questão, pois os mesmo podem ser
utilizados desde o ensino básico até o superior, e desta maneira os mesmos
podem ser: objetos de aprendizagem; fotos, desenhos e imagens; arquivos de áudio
(podcasts, músicas etc.); textos e livros; pesquisas; vídeos; jogos; cursos de
tamanho e duração variados.
Brasil
No
Brasil particularmente, esse conceito se espalhou rapidamente, devido a
facilidade do compartilhamento do conhecimento entre grupos sociais diversos,
vinculados ou não a educação formal, a qual é realizada em um ambiente físico
com um professor. Sendo assim podemos destacar duas iniciativas de Reas
presentes hoje em dia na educação básica brasileira, o quais são a Educopédia e
o Projeto Folhas.
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Fonte: Educopédia.com.br |
A Educopédia é uma plataforma online colaborativa de
aulas digitais, onde alunos e professores podem acessar atividades
autoexplicativas de forma lúdica e prática, de qualquer lugar e a qualquer
hora. As aulas incluem planos de aula e apresentações voltados para professores
que queiram utilizar as atividades nas salas, com os alunos. Cada uma delas
possui temas, competências e habilidades contempladas nas orientações curriculares
da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Essas orientações
curriculares de cada ano e cada disciplina foram divididas em 32 aulas
digitais, que correspondem às semanas do ano letivo, retiradas àquelas voltadas
para avaliações e revisões.
As
atividades incluem vídeos, animações, imagens, textos, podcasts, mini-testes e
jogos, seguindo um roteiro pré-definido que obedece a teorias de metacognição.
A plataforma visa melhorar a qualidade da experiência educacional, a partir da
utilização das novas tecnologias e novas descobertas da neurociência, para a
criação de um modelo pedagógico que melhor responda às demandas das crianças e
jovens. As aulas são criadas e revisadas por professores da rede municipal de
ensino do Rio de Janeiro.
A Educopédia é clara, direta e
extremamente intuitiva para que alunos e professores possam utilizá-la sem a
necessidade de treinamento. A navegação foi pensada para pessoas com qualquer
nível de letramento digital. Além de uma opção prática para professores que
desejam integrar novas tecnologias a seu dia-a-dia, a Educopédia passa a ser
mais uma alternativa para alunos que perderam aulas; que não compreenderam o
conteúdo; que precisam de um reforço escolar e também para o desenvolvimento
constante e aprofundado de competências e habilidades.
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Fonte: Educopédia.com.br |
A 2ª versão da plataforma foi ao ar em
julho de 2011. Nessa versão, facilitamos o processo de login, de mudança de
aulas e atividades e incluímos novas ferramentas de interatividade (como o
bate-papo) e colaboração (como as atividades extras). Todas as salas de aula
das escolas de 2º segmento da rede municipal do Rio de Janeiro já têm o “kit
Educopédia” (1 netbook, 1 projetor, caixas de som e internet sem fio) instalado
para que as aulas digitais possam ser projetadas. As salas das escolas de 1º
segmento também terão o kit.
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Fonte: diaadiaeducação.pr.gov.br |
O Projeto foi uma ação de formação
continuada de docentes implementada de 2003 a 2006 pela Secretaria Estadual de
Educação do Paraná. Foi inicialmente criado com a intenção de promover a ideia
do professor como produtor do conhecimento, que deve ser compartilhado. O
conteúdo do Projeto Folhas é uma produção colaborativa, na qual a avaliação de
qualidade era feita primeiramente pelos pares e depois por um dos núcleos
regionais de educação do Estado. Por último, a Secretaria Estadual de Educação
aprovava e publicava os recursos na Internet.
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Fonte: diaadiaeducação.pr.gov.br
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O Projeto Folhas não teve continuidade quando
mudou a gestão do Estado do Paraná, mas os materiais já produzidos continuam
disponíveis na Internet. Porém, a partir dele, nasceu o projeto Livro Didático
Público, que é uma coletânea de folhas (do Projeto Folhas) produzidas por
professores compondo um livro. Foram vários livros publicados no Portal Dia a
Dia Educação, nas áreas de língua portuguesa, geografia, física, história e
outras disciplinas. Eles possuem uma permissão expressa sobre o livre uso e
compartilhamento dos mesmos, desde que os autores originais sejam citados.
A
partir do que foi apresentado pode perceber que a tecnologia está se tornando um
importante aliado para a educação formal, pois estas novas formas de utilização
da tecnologia permitem aos alunos e educadores trilharem caminhos que vão além
da sala de aula. E graças à internet e aos Reas o conhecimento se torna cada
vez mais fácil de ser compartilhado e transmitido para diversas pessoas e
lugares, ainda mais em um país tão precário na educação básica pública como o
nosso.
Referências:
SANTOS,
Andreia Inamorato dos. Inovação na
Educação Básica e Tecnologias Educacionais: Aplicando os 4 Rs dos Recursos
Educacionais Abertos. 2014.
Portal Uol. Recursos
Educacionais Abertos: pelo livre acesso ao conhecimento. Disponível em:http://revistaescolapublica.com.br/textos/32/recursos-educacionais-abertos-pelo-livre-acesso-ao-conhecimento-289889-1.asp.
Acesso em: 10 de Jul de 2016.
Portal Unesco/Oerworkshop. Taking OER beyond the OER Community. Disponível em: http://oerworkshop.weebly.com/.>
Acesso em: 8 de Jul de 2016.
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