quarta-feira, 13 de julho de 2016

Recursos Educacionais Abertos (Rea) – Iniciativas na educação básica do Brasil.

Recursos Educacionais Abertos (Rea) – Iniciativas na educação básica do Brasil.

Rafael Pereira Guimarães.

A cada dia que passa a educação vem se transformando, pois apenas o método de ensino tradicional, em um espaço fechado aonde o professor é o único detentor de conhecimento e os métodos de aprendizagem se encontram defasados estão se modificando, pois apenas este ambiente não consegue mas suprir todos os aspectos do conhecimento almejados pelos alunos.
Esta mudança de visão sobre os métodos de aprendizagem tiveram uma grande influência do estouro da internet nos anos noventa, pois com ela o acesso a informação e conhecimento se tornou algo mais dinâmico e facilitado, devido à grande interação entre indivíduos de todo mundo, e visando acompanhar esta inovação várias iniciativas estão sendo desenvolvidas em todo mundo visando assim modernizar os métodos como o conhecimento é repassado. Tentando assim complementar o sistema de ensino já existente, mostrando desde a maneira que o ensino vai muito além de quatro paredes.
Neste contexto surge os Recursos Educacionais Abertos, os quais são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos facilita o acesso e o reuso potencial dos recursos publicados digitalmente. Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento. (UNESCO/Commonwealth of Learning, 2011).
É um movimento emergente da educação, alavancado pela Internet, e que tem como marcas a colaboração e a interatividade. Ele surge pela premissa de que todos devem ter a liberdade de usar, personalizar, melhorar e redistribuir recursos educacionais, sem restrições.
O REA se apoia em três elementos principais: conteúdos de aprendizado, como cursos completos e metodologias de ensino e aprendizado; ferramentas técnicas, como sistemas de gerenciamento de conteúdo e comunidades de aprendizado online; e recursos para implementação, ou seja, licenças de propriedade intelectual para promover a publicação aberta de materiais. O usuário que esteja interessado em utilizar REA não precisa necessariamente estar vinculado a uma instituição de ensino. 
 Quanto aos tipos de REA, para Santos (2014) os mesmo devem ser adequados faixa etária em questão, pois os mesmo podem ser utilizados desde o ensino básico até o superior, e desta maneira os mesmos podem ser: objetos de aprendizagem; fotos, desenhos e imagens; arquivos de áudio (podcasts, músicas etc.); textos e livros; pesquisas; vídeos; jogos; cursos de tamanho e duração variados.
Brasil
            No Brasil particularmente, esse conceito se espalhou rapidamente, devido a facilidade do compartilhamento do conhecimento entre grupos sociais diversos, vinculados ou não a educação formal, a qual é realizada em um ambiente físico com um professor. Sendo assim podemos destacar três iniciativas de Reas presentes hoje em dia na educação básica brasileira, o quais são a Educopédia e o Projeto Folhas.

Fonte: Educopédia.com.br
            A Educopédia é uma plataforma online colaborativa de aulas digitais, onde alunos e professores podem acessar atividades autoexplicativas de forma lúdica e prática, de qualquer lugar e a qualquer hora. As aulas incluem planos de aula e apresentações voltados para professores que queiram utilizar as atividades nas salas, com os alunos. Cada uma delas possui temas, competências e habilidades contempladas nas orientações curriculares da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Essas orientações curriculares de cada ano e cada disciplina foram divididas em 32 aulas digitais, que correspondem às semanas do ano letivo, retiradas àquelas voltadas para avaliações e revisões.
       As atividades incluem vídeos, animações, imagens, textos, podcasts, mini-testes e jogos, seguindo um roteiro pré-definido que obedece a teorias de metacognição. A plataforma visa melhorar a qualidade da experiência educacional, a partir da utilização das novas tecnologias e novas descobertas da neurociência, para a criação de um modelo pedagógico que melhor responda às demandas das crianças e jovens. As aulas são criadas e revisadas por professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro.
A Educopédia é clara, direta e extremamente intuitiva para que alunos e professores possam utilizá-la sem a necessidade de treinamento. A navegação foi pensada para pessoas com qualquer nível de letramento digital. Além de uma opção prática para professores que desejam integrar novas tecnologias a seu dia-a-dia, a Educopédia passa a ser mais uma alternativa para alunos que perderam aulas; que não compreenderam o conteúdo; que precisam de um reforço escolar e também para o desenvolvimento constante e aprofundado de competências e habilidades.

Fonte: Educopédia.com.br
A 2ª versão da plataforma foi ao ar em julho de 2011. Nessa versão, facilitamos o processo de login, de mudança de aulas e atividades e incluímos novas ferramentas de interatividade (como o bate-papo) e colaboração (como as atividades extras). Todas as salas de aula das escolas de 2º segmento da rede municipal do Rio de Janeiro já têm o “kit Educopédia” (1 netbook, 1 projetor, caixas de som e internet sem fio) instalado para que as aulas digitais possam ser projetadas. As salas das escolas de 1º segmento também terão o kit.

Fonte: diaadiaeducação.pr.gov.br
De acordo com Hutner (2011) o Projeto Folhas foi uma ação de formação continuada de docentes implementada de 2003 a 2006 pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná. Foi inicialmente criado com a intenção de promover a ideia do professor como produtor do conhecimento, que deve ser compartilhado. O conteúdo do Projeto Folhas é uma produção colaborativa, na qual a avaliação de qualidade era feita primeiramente pelos pares e depois por um dos núcleos regionais de educação do Estado. Por último, a Secretaria Estadual de Educação aprovava e publicava os recursos na Internet.

Fonte: diaadiaeducação.pr.gov.br
O Projeto Folhas ainda seguindo com o autor não teve continuidade quando mudou a gestão do Estado do Paraná, mas os materiais já produzidos continuam disponíveis na Internet. Porém, a partir dele, nasceu o projeto Livro Didático Público, que é uma coletânea de folhas (do Projeto Folhas) produzidas por professores compondo um livro. Foram vários livros publicados no Portal Dia a Dia Educação, nas áreas de língua portuguesa, geografia, física, história e outras disciplinas. Eles possuem uma permissão expressa sobre o livre uso e compartilhamento dos mesmos, desde que os autores originais sejam citados.
       A parti do que foi apresentado pode perceber que a tecnologia está se tornando um importante aliado para a educação formal, pois estas novas formas de utilização da tecnologia permitem aos alunos e educadores trilharem caminhos que vão além da sala de aula. E graças à internet e aos Reas o conhecimento se torna cada vez mais fácil de ser compartilhado e transmitido para diversas pessoas e lugares, ainda mais em um país tão precário na educação básica pública como o nosso.

Referencias:
SANTOS, Andreia Inamorato dos. Inovação na Educação Básica e Tecnologias Educacionais: Aplicando os 4 Rs dos Recursos Educacionais Abertos. 2014.
Portal Uol. Recursos Educacionais Abertos: pelo livre acesso ao conhecimento. Disponível em:http://revistaescolapublica.com.br/textos/32/recursos-educacionais-abertos-pelo-livre-acesso-ao-conhecimento-289889-1.asp. Acesso em: 10 de Jul de 2016.
Portal Unesco/Oerworkshop. Taking OER beyond the OER Community. Disponível em: http://oerworkshop.weebly.com/.> Acesso em: 8 de Jul de 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário