UNIVERSIDADE FEDERAL
DE SANTA CATARINA - UFSC
Levantamento do Histórico e Evolução da Capacitação
Profissional até a Educação a Distância
Bettina Barreto
RESUMO
Este
trabalho é estruturado na forma de elaboração de levantamento teórico referente
à evolução da Área de Recursos Humanos ao longo do tempo, finalizando no
enfoque da subárea da capacitação profissional a distância.
Palavras-chave:
Recursos Humanos. Capacitação Profissional. Educação a Distância.
1.
INTRODUÇÃO
Este trabalho
acadêmico surge na necessidade de unir duas questões de grande interesse e
relevância no contexto atual do mercado de trabalho brasileiro: a necessidade
de qualificação profissional e o pouco tempo e recursos disponíveis para isso.
Sendo assim, uma proposta de solução é a incorporação da educação a distância
aberta ou institucional para o alcance da melhoria das qualificações,
resultando numa solução para o profissional que deseja se diferenciar e evoluir
na carreira, mas também para as corporações que precisam dessa mão de obra
constantemente atualizada para que consiga inovar processos e alcançar
vantagens competitivas a partir dos seus recursos humanos.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é oferecer ao leitor uma síntese teórica referente ao desenvolvimento da área de Recursos Humanos ao longo do tempo, focalizando na capacitação profissional a distância, a partir da descrição da evolução histórica da Administração de Recursos Humanos e da evolução da Educação a Distância, da síntese das teorias de práticas de treinamento e capacitação de pessoas e das teorias de mensuração e avaliação de resultados, além da conexão da teoria de Educação a Distância e a de Educação Corporativa.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é oferecer ao leitor uma síntese teórica referente ao desenvolvimento da área de Recursos Humanos ao longo do tempo, focalizando na capacitação profissional a distância, a partir da descrição da evolução histórica da Administração de Recursos Humanos e da evolução da Educação a Distância, da síntese das teorias de práticas de treinamento e capacitação de pessoas e das teorias de mensuração e avaliação de resultados, além da conexão da teoria de Educação a Distância e a de Educação Corporativa.
A ideia de unir a
Educação a Distância e a Educação Corporativa em um referencial teórico é
bastante atual, dado o crescimento e a importância crescente que a modalidade
de Educação a Distância vem alcançando no Brasil, seja na formação acadêmica ou
profissional.
Esse sucesso do
modelo “não tradicional” deve seu sucesso à percepção de ser uma modalidade de
menor custo no longo prazo, além de oferecer maior comodidade ao aluno que sabe
aproveitar a flexibilidade de tempo e lugar que são oferecidas em detrimento da
necessidade de maior autonomia, pró-atividade e organização para o efetivo
transferimento de conhecimento.
Esse estudo não é
original, mas abre oportunidades de aprofundamento e possível alinhamento ao
Trabalho de Conclusão de Curso a ser defendido, sendo assim relevante
academicamente e, possivelmente, continuado como um estudo de caso relacionado
no futuro.
2.
SÍNTESE TEÓRICA
A seguir serão descritos os
conteúdos levantados para representar as transições da área de Recursos
Humanos.
2.1. Administração de Recursos Humanos: Evolução dos processos e da Gestão de
Pessoas
É visível a transição da área de gestão de recursos humanos ao longo do
tempo, passando de uma área reduzida e pouco influente para uma de caráter
estratégico para as transformações organizacionais. Segundo Girardi (2009), a
atual estrutura estratégica da área é resultado de anos de transformações
influenciadas pelas teorias da Administração e também por fatores políticos e
econômicos. As quatro evoluções dos modelos de gestão de pessoas exposto por
Fischer (2002) serão sintetizadas no parágrafo a seguir com a finalidade de
criar um cronograma das transições ocorridas.
Segundo o autor, o princípio foi o departamento de pessoal. Essa área
tratava os funcionários apenas como um dos fatores produtivos, sendo seus
custos geridos também pela área de produção. Esta proposta evoluiu para o
segundo modelo que é o de Gestão do Comportamento Humano. Nessa fase, a gestão
era voltada para a integração, o comprometimento dos empregados e a
adaptabilidade. Em seguida, o terceiro modelo é o de Gestão Estratégica de
pessoas como uma integração da área com os pontos estratégicos da organização,
adaptar a área à necessidades organizacionais e, por fim, tratar as pessoas
como um fator diferencial. Finalmente, o último modelo explicitado pelo autor é
o de Gestão de Pessoas baseado por Competências, descrito a partir dos anos 80,
relacionando desempenho humano e o alcance dos resultados organizacionais e
buscando o benefício para os clientes externos.
Estes modelos, ainda conforme André Fischer (2002), foram modificados
por fatores como cultura, estratégias, tecnologias, ambiente interno e externo,
porém essas transições não ocorreram de forma simultânea em todos os mercados,
sendo possível ainda existirem empresas amarradas à modelos mais antigos.
Além destes modelos, teorias da Administração também impactaram na
realidade da área quanto seus modelos e processos conforme exposto por Girardi
(2009).
Exemplificando, o autor discorre, sobre o início do século XX, a
abrangência da Teoria Científica trouxe ao mercado as perspectivas de Taylor,
Estados Unidos da América, e Fayol, França, quanto à administração e ao
trabalho. O primeiro trouxe a ideia de racionalização do trabalho, mecanização
da produção, simplificação de movimentos e tempos no trabalho, já Fayol
desenvolveu a doutrina administrativa, abordando tópicos como conhecer, prever,
organizar, comandar, coordenar e controlar.
Outro inovador foi Ford, massificando e padronizando a produção,
oferecendo menor jornada de trabalho e maior remuneração para maximizar a
produtividade. Esse contexto empurrou a realidade industrial para a necessidade
de um departamento de pessoal capaz de prover especialização e treinamentos,
tratando o trabalho como um fardo mecânico e limitante da pessoa. Essa
perspectiva conduzia com a visão autocrática dos pensadores deste momento.
Já em 1927, é realizado em Chicago o estudo dos impactos da iluminação
na produtividade, índice de acidentes e fadiga, conhecido como experiência de
Hawthor. Apesar deste foco específico, um dos resultados foi a percepção da
influência de fatores psicológicos e sociais no desempenho dos trabalhadores e
a consequente relevância do fator humano. Essa importância foi reforçada no pós
Segunda Guerra com o aumento do poder dos sindicatos, ressaltando a necessidade
da melhoria das condições de trabalho e da relação empregador e empregado. Esse
contexto impactou na transição do modelo acima de Departamento de Pessoal para
o Departamento de Relações Industriais.
A partir de 1960, por influência da Abordagem Sistêmica, o Departamento
de Relações Industriais foi renomeado de Administração de Recursos Humanos,
unindo a Teoria Geral dos Sistemas à gestão de pessoas. Essa fase é marcada
pela percepção de empresa como um conjunto de partes interagentes, necessitando
assim a expansão da função de recursos humanos. Ivancevich (2008) ressalta que,
até essa transição, a área se relacionava apenas aos operários e funcionários e
só depois passou a atuar na solução de crises nas organizações.
Nos anos 80, com o início na globalização, iniciou-se uma transição onde
em 1990 surgiu o conceito de Gestão de Pessoas, idealizando as pessoas como
parceiras para a geração de valor organizacional. Essa geração de valor passou
a ser o grande desafio na busca de vantagens competitivas com o reforço da
importância das pessoas nessa procura.
Gil (2001) trata esse novo conceito com diferentes nomes, como Gestão do
Capital Intelectual, do Capital Humano, de Talentos e outras nomenclaturas.
Dutra (2002) sobre todas essas transições sintetiza a Administração
Científica, os novos conceitos e as demandas ambientais modificaram as funções
de Recursos Humanos de modo inicialmente operacional, evoluindo para o
gerencial e finalizando com foco estratégico. Complementando, Ivancevich (2008)
trata que a área não era vinculada aos lucros ou resultados sendo, contexto
presente, crucial ao planejamento e visão estratégica corporativa, sendo
responsável por definir a visão e missão da área, análise do ambiente e dos
próprios de recursos humanos.
2.2 Práticas de Treinamento e Capacitação de pessoas
Reforçado pela globalização, o mercado mostrou-se cada vez mais
competitivo para trabalhadores e empresários. Ou seja, é crescente a
dificuldade de conseguir um emprego e, além de fixar-se, crescer nele, mas
também é crucial que a organização mantenha-se atualizada, com os melhores
profissionais e diversos outros fatores internos e externos.
Sendo assim, as práticas de treinamento e capacitação de pessoas surgem
como uma vantagem para os dois lados: os colaboradores tem sua mão de obra
atualizada e aprimorada e a organização consegue obter vantagens competitivas
por meio de uma equipe qualificada, atualizada e, muitas vezes, motivada por
práticas que as desenvolvem. Por este motivo, Eboli (2004) ressalta a
importância que as áreas de Treinamento e Desenvolvimento dentro da Gestão de
Pessoas, tornando-se basilar da gestão empresarial bem sucedida.
Seguindo esta lógica, a autora ainda ressalta que o modelo tradicional
de treinamento e desenvolvimento, onde a aprendizagem é direcionada
pontualmente com treinamento de habilidades específicas deve ser modificado
para a aprendizagem é um processo contínuo de crescimento e fortalecimento dos
colaboradores talentosos e competentes e a organização deve atentar-se a manter
o ambiente de trabalho favorável à educação corporativa.
2.2.1 Nascimento e Modelagem do Projeto de Educação Corporativa
Meister (1999) discorre que o fator essencial na concepção de um projeto
de educação corporativa é que ele deve suprir a necessidade da organização de
resolver questões críticas do negócio, desenvolvendo nos colaboradores
competências essenciais.
Entretanto, Eboli e Moraes (2010) tratam esse diagnóstico de
competências críticas como uma etapa que necessita cautela e parceria com as
lideranças corporativas para que a definição seja de fato significativa na
análise das necessidades organizacionais para elaboração das de qualificação de
equipe para solucioná-las. O resultado desse diagnóstico é a definição dos
principais eixos de competências organizacionais ou principais pilares da
estratégia competitiva do negócio.
2.2.1.1 Principais Fases do Projeto de Concepção
Nesse tópico será exposto o que foi levantado na literatura sobre as
fases de concepção de um projeto de Educação Corporativa.
2.2.1.1.1 Primeira fase: Alinhamento Estratégico
O programa de educação corporativa deve ser seguir as diretrizes
estratégicas organizacionais. Eboli (2004) reforça essa ideia tratando da
necessidade de clareza das diretrizes para que o processo de treinamento e
desenvolvimento seja direcionado a resolver as necessidades críticas do
negócio. Essa fase, segundo Meister (1999), deve ser participativa, mas com
principal participação da alta administração.
2.2.1.1.2 Segunda fase: Mapeamento das Competências
Em seguida, começa o mapeamento das competências que são o conjunto de
competências, habilidades e atitudes pessoais ou da organização. Fase crucial
no desenvolvimento do projeto, uma vez que Eboli e Moraes (2010) formalizam que
não há sistema de educação corporativa sem que as competências organizacionais
sejam mapeadas aos seus diversos públicos. Ou seja, o sistema não visa apenas desenvolver
habilidades no indivíduo, mas criar as competências exigidas pelo negócio.
A competência organizacional exigida pode ser entendida como descrito
por Dalmau, Tecchio, Nunes e Tosta (2011) como uma diferença entre as
competências internas disponíveis e as competências que são necessárias para o
alcance dos objetivos estratégicos que foram estabelecidos na primeira fase de
concepção do projeto de educação corporativa.
A metodologia de pesquisa desse mapeamento de competências pode ser
definida conforme a preferência da organização, apenas ressaltando por Brandão
e Bahry (2005) que as competências internas, com o passar do tempo, podem
deixar de ser cruciais e por isso é necessária periodicidade no mapeamento e
planejamento das competências necessárias para o alcance dos objetivos
organizacionais, tornando assim o processo cíclico.
2.2.1.1.3 Terceira fase: Validação Estratégica do Sistema de Educação Corporativa
Essa fase é responsável pela definição dos objetivos, diretrizes e
recursos necessários pelo sistema de educação corporativa que será definido.
Essas definições garantem o alinhamento entre estratégia corporativa e o
sistema, além de garantir o compromisso de a alta administração garantir esses
fatores essenciais para o sucesso do sistema.
Sobre isso, Eboli e Moraes (2010) ainda discorrem sobre a possibilidade
de definição de missão, visão e valores do sistema educacional a ser definido,
porém é arriscado fazê-lo, uma vez que pode resultar num afastamento entre
sistema e organização, o que impactaria também no alinhamento estratégico
esperado entre as partes e, consequentemente, sendo mais prejudicial que
benéfico para o projeto.
Sendo assim, Eboli (2008) a definição dos objetivos deve ser iniciada
pela do objetivo geral, onde deve ser descrita a expectativa da empresa do
sistema sobre a necessidade de desenvolvimento e, após definido, deve-se
construir os objetivos específicos do mesmo que será a trajetória para alcançar
o objetivo geral.
Em seguida, parte-se para a definição de diretrizes que conforme Eboli e
Moraes (2010) representam a forma como o sistema irá desempenhar seu papel e
elas também direcionarão as ações antes, durante e após a implementação dele.
Ainda ressaltam pontos usualmente abordados nas diretrizes, como as formas de
ensino, as práticas organizacionais, a necessidade do envolvimento das
lideranças, entre outros pontos.
Finalmente, Eboli e Moraes (2010)
ainda discorrem quanto à definição dos recursos necessários para a
implementação e manutenção do sistema visa formalizar os investimentos que
serão necessários.
2.2.1.1.4 Quarta fase: Escolas de Educação Corporativa
Angel e Izard (2010) separam os sistemas de educação corporativa em
escolas baseadas no tipo de educação oferecida e das competências que visam ser
desenvolvidas. Complementando, Eboli (2004) ressalta a importância dessa fase,
uma vez que é nela que ocorre a escolha da escola, programas de formação,
produtos do sistema e o seu formato.
Conforme Eboli e Moraes (2010) uma escola do sistema de educação
corporativa consiste num conjunto de conteúdos referentes a uma competência
humana específica, logo ao criar uma escola é necessária a definição clara das
competências que serão trabalhadas, qual o público alvo, quais programas serão
criados e, por fim, como eles estarão agrupados.
Essas quatro fases são intimamente ligadas e dependentes, sendo que o
sucesso da etapa seguinte depende as anteriores. É um trabalho que deve ser
feito com cautela para o alcance do sucesso de suas definições.
2.3 Mensuração e Avaliação dos Resultados
Como exposto por Hourneaux (2010), a questão mais debatida e controversa
referente à gestão de pessoas é a parte de mensuração e avaliação de resultados
dos treinamentos, desenvolvimento e educação organizacional.
Essa atitude é necessária para que ocorra o reforço da necessidade de
gerenciar o desempenho da educação corporativa para a valorização estratégica
da área de gestão de pessoas e consequente alcance de maior efetividade do
sistema.
Existem variadas metodologias para realizar, porém, na percepção de
Marinelli (2006), a mais famosa é a proposta de Donald Kirkpatrick. Essa
metodologia é composta pela avaliação do sistema em quatro níveis: reação,
aprendizado, comportamento e resultados.
Sobre isso, Hourneaux (2010) ilustra que o primeiro nível, reação, é
utilizado um questionário ou semelhante para mensurar se os participantes
gostaram do curso, já no segundo nível, aprendizado, são aplicadas tipologias
de testes e exames para mensurar o quanto os participantes aprenderam no curso,
partindo para o terceiro nível, comportamento, por meio da mensuração
comparativa do desempenho dos participantes antes e após o treinamento é
observado o quanto do curso oferecido foi aplicado no trabalho e, por fim, o
quarto nível, resultados, é a análise do retorno do treinamento sobre o
investimento por meio do custo-benefício.
2.4 Evolução da Educação a Distância
Conceituar educação a distância se torna uma tarefa complexa uma vez que
este se trata de um tema amplamente estudado na comunidade acadêmica e utilizado
em larga escala por todo tipo de organizações. Desta forma, iniciando a
discussão quanto à evolução do que se entende por Educação a distância no
Brasil, faremos uso daquilo que foi proposto por Guarezi (2009, p. 129) onde
EaD é “um processo evolutivo, que começou como uma abordagem na separação
física das pessoas e chega ao processo de comunicação, incluindo, no final do
século XX, as tecnologias da informação”.
Este primeiro conceito se torna relevante uma vez que ele trás a tona a
relação entre EaD e tecnologia. Atualmente se torna impossível dissociar na
mente das pessoas EaD de inovação, internet e acesso a informação. Desta forma,
o conceito de educação a distância em boa medida passa pela percepção das
pessoas quanto à tecnologia envolvida no processo de aprendizagem e sua
evolução ao longo do tempo.
Neste sentido, de acordo com o Ministério da Educação no Decreto n°
5622, de dezembro de 2005, que regulamenta EaD, o conceito desta modalidade é
entendido como:
Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos
(GUAREZI,2009,p.20).
Contudo, diversas inciativas no sentido de transmitir o conhecimento de
forma diferente do modelo tradicional, onde dependia primariamente da relação
aluno-professor no mesmo local, foram realizadas ao longo da história. Apesar
de existir certa controvérsia entre os estudiosos da área quanto às primeiras
experiências neste sentido, cabe ressaltar algumas iniciativas dignas de nota.
Desde a expansão da imprensa escrita na Alemanha, passando pelas aulas por
correspondência, e experiências pontuais em universidades da Inglaterra, França
e Estados Unidos com cursos regulares, o espaço destinado a esse tipo
experimental de educação foi aumentando e tomando forma.
O principal motivo para que o fato do EaD ter se desenvolvido de forma
mais rápida em outros países quando comparado com o Brasil deve-se
principalmente ao fato de que em outros lugares existia uma maior liberdade e
espaço para inovação e maior acesso a tecnologia (LITTO, 2002), desta forma
tornando não tornando viável modelos de educação que em outros países teriam
espaço para desenvolvimento.
A partir da década de 60, com o processo de evolução tecnológica e a
introdução de novas tecnologias nas organizações, faz-se possível à
incorporação de novos modelos as praticas pedagógicas tradicionais. Em especial,
o uso de propostas audiovisuais de meios de comunicação que permitiam maiores
interações entre alunos e professores se fez notável.
No que tange a EaD a principal mudança neste contexto foi que não
somente se fazia uso da escrita para educação, um novo leque de possibilidades
que conferiam maior flexibilidade e customização da educação se fez possível.
Desta forma, o tom industrializado que a EaD possuía, foi perdendo espaço para
a contextualização do aprendizado e do direcionamento gradual do ensino.
Com a evolução dos meios tecnológicos e o uso de estações multimídias, a
partir da década de 90, a integração se tornou mais acentuadas e os modelos
mais tradicionais com baixo nível de interatividade foram perdendo espaço.
Sobre este período Guarezi (2009, p.32) faz a seguinte análise:
Esse período caracterizou-se pela ruptura das estruturas
industriais hierarquizadas e extremamente burocráticas existentes nos modelos
anteriores. Entretanto, o que ocorreu no que chamamos de novos tempos foi a
coexistência dos três modelos de produção capitalista (fordista, neofordista e
pós-fordista). Assim também foi direcionada às práticas na educação, tanto nas
concepções quanto na utilização dos diversos modelos. (...). Pode-se observar
que a educação é por si muito complexa e resistente a mudanças. Exige-se,
portanto, essa clareza nos campos da EAD.
O Brasil, seguindo tendência mundiais, tem a evolução da EaD pautada
pelo desenvolvimento e disseminação da tecnologia voltada a comunicação.
Segundo Alves (2009. p.9), a trajetória da Educação a distânica no Brasil
passou por momentos de instabilidade, com altos e baixos devido a falta de
políticas publicas que dessem o aporte necessário para o setor. Ainda de acordo
com o Alves (2009), o Brasil estava entre os principais países no
desenvolvimento de EaD até os anos de 1970. Após este período o país sofreu um
período de gradual estagnação.
Existem registros diversos quanto a iniciativas isoladas desde antes de
1900 que seguiam a tendência mundial de cursos por correspondência, seguida por
iniciativas no rádio e posteriormente na televisão. Contudo, foi somente no
final da década de 1990, após um período de significativa falta de apoio, que
com a expansão da internet e do maior número de pessoas conectadas fez com que
o EaD voltasse a ter espaço e atenção nas políticas públicas.
Em suma, podemos dividir a história da educação à distância no Brasil em
três momentos. A fase inicial onde estava vinculada principalmente a Escolas
Internacionais e cursos por correspondência, a segunda fase onde se fez uso em
sua essência de cursos por radiodifusão e por fim, uma terceira fase onde a
criação de organizações como a Associação Brasileira de Teleducação (ABT), o
Instituto de Pesquisas Especiais Avançadas (IPAE) e a Associação Brasileira de
Educação a Distância (ABED);
2.5 Educação a Distância como ferramenta no ambiente corporativo
Como visto anteriormente a educação a distância possibilita um modelo de
transferência de conhecimento flexível e customizado, sem a necessidade de ter necessariamente
várias pessoas em um mesmo local em um dado momento. Este contexto, quando
aplicado à realidade dinâmica das empresas onde tempo e conhecimento são
insumos básicos pode trazer resultados significantes para as organizações, pode
resultar em vantagem competitiva.
Neste contexto, ressaltamos a figura da Universidade Corporativa, que
visa possibilitar o desenvolvimento dos colaboradores de forma e serem obtidos
resultados significativos a todos os participantes, sejam eles tanto
colaboradores quanto gestores da empresa. Desta forma, observamos o conceito
proposto por Meister (1999), onde este afirma que Universidade Corporativa é:
O guarda-chuva estratégico para o desenvolvimento e educação
de funcionários, clientes e fornecedores, com o objetivo de atender às
estratégias empresariais de uma organização. Com ênfase no autogerenciamento,
nas realizações individuais e de equipe e na identificação com o
aperfeiçoamento da carteira de qualificações do funcionário, ou seja, o
aprendizado permanente.
O EaD vem ao encontro deste conceito de forma a oferecer um modelo que
estimula o desenvolvimento dos colaboradores de forma que estes atinjam metas
pessoais de forma orientada para atingir melhores resultados pessoais e
organizacionais. De acordo com Luca (2006), para se obter o colaborador que
atenda as necessidades da empresa, a educação corporativo precisa desenvolver
as competências básicas para o retorno do negócio. De forma similar, Amaral
(2003, p.42) defende que:
Educação Corporativa é o sistema educacional de uma
organização que contempla um conjunto multidimensional de possibilidades de
desenvolvimento humano e oportuniza um processo contínuo, crescente e
cumulativo de aprendizagens individuais e coletivas na organização
(colaboradores e membros da cadeia de valor), tendo a finalidade de organizar a
capacitação da em presa para atuar num contexto de competência
O foco dentro desta perspectiva, quando voltada ao ambiente EaD, faz com
que as empresas passam a tirar proveito das vantagens que este modelo
proporciona na aprendizagem mais acelerada e dinâmica, maior abrangência de
colaboradores e a reciclagem do conhecimento. De forma similar os colaboradores
tiram proveito quanto à flexibilização do espaço e do tempo necessários para
atender as suas demandas pessoais de desenvolvimento e aprendizado.
Segundo Martins (2009), algumas Universidades Coorporativas já são
concebidas para serem essencialmente virtuais, sendo importante recurso dentro
do contexto empresarial. Cabe às organizações permitirem que iniciativas como
estas se desenvolvam dentro de suas instalações e que façam parte da sua
cultura.
3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no
histórico acima, fica evidenciada a importância da área de Recursos Humanos
para as organizações e também para o desenvolvimento do profissional. Além
disso, o crescimento da Educação a Distância tem grande impacto na
transferência de conhecimento de forma positiva para os dois lados interessados,
uma vez que o profissional ganha maior autonomia e flexibilidade para estudos e
a empresa, a longo prazo, percebe um custo menor da área de capacitação de
pessoal.
Para estudos futuros, recomendo
aplicar testes de viabilidade de implementação de ferramentas para viabilizar a
Educação a Distância.
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