Há 20 anos esse barulinho começava a fazer parte da vida dos brasileiros. Em maio de 1995, a internet comercial chegava ao Brasil e iria transformar a maneira com que relacionamos. Junto com ela, vieram as redes sociais. Dos 48% dos brasileiros que usam a internet regularmente, 92% estão conectados por meio de redes sociais. Em 2013, o Brasil se tornou o segundo país do mundo com o maior uso do Facebook e ano passado, do Youtube ficando atrás dos Estados Unidos.
Fonte: Ministério das Comunicações |
foto: foradoeixo.org |
1. Hoje quantos fotógrafos compõe a MN? De maneira geral, qual formação possuem?
São centenas de fotógrafos colaborando com a rede. Cerca de 25 integram um núcleo mais orgânico da Mídia NINJA, que está planejando, pensando e produzindo diferentes projetos espalhados por regiões do brasile de outros países da América latina, como Holanda, em Nova Yorque e Uruguai. Temos formação empírica, pratica, de formaçã livre. A fotografia ninja nasce na cobertura dos espetaculos, shows e festivais do Fora do Eixo, e depois passa a se engajar nas pautas de ruas e dos movimentos sociais.\
2. Quais equipamentos utilizam? Qual são os instrumentos de trabalho de um Ninja?
De câmeras de celular DSLRs de ultima geração, cada situação pede um equipamento e muitas vezes fazemos simplesmente com o que temos, sobretudo nas transmissões ao vivo, que refletem a máxima 'baixa resolução e alta fidelidade'. Os instrumentos mais importantes, no entanto, são a coragem e a capacidade de se relacionar com seu entorno, a empatia e a solidariedade. São diversas pautas, a todo momento, e a fotografia tem um papel fundamental de aprofundar e qualificar as narrativas, traduzir e externalizar, independente do equipamento, com a visão de quem tá por dentro das lutas.
Para um cobertura em tempo real com qualidade alguns equipamentos são importantes, como modem 3G, cartões de memória wifi, notebooks com bateria durável, bateria de celular externa,aplicativos de tratamento de imagem no celular, etc.
3. Especificamente sobre as manifestações de junho de 2013, como os fotógrafos se dividiam para ir a diversos pontos da cidade?
Como rede, a Mídia NINJA tem uma estrutura descentralizada, há vários fotógrafos que colaboram ativamente com a plataforma.Vivenciamos alguns momentos em que existiam 5 ou 6 mobilizações no mesmo horário em apenas uma cidade, assim mapeavamos e contactavamos colaboradores para realizar a cobertura, e além daqueles que nos enviavam espontaneamente por email ou mensagem nas redes sociais. Organizamos tudo em planilhas digitais, a equipe de redes sociais está sempre atenta a tudo que acontece.
4. Depois de tirar a foto, há tempo de editá-la ou a publicação é feita de forma mais "crua"?
Houve momentos em que uma foto de celular, sem edição, mas publicada no momento em tempo real foi crucial para que o público interagisse com a ação. Nas ruas principalmente, o espaço de tempo que você tem para produzir a imagem e difundi-la com qualidade é obviamente mais curto quanto uma cobertura realizada em uma aldeia indígena sem internet, dando tempo hábil para escolher a melhor finalização para imagem.
O processo de edição é feito de diversas formas, varia de acordo com a situação. Na maioria dos momentos havia possibilidade de editar no computador que era levado para às ruas e no celular. Atualmente há ótimos aplicativos de edição de imagens para celular que acelera o processo de edição.
A busca por uma linguagem mais crua, entretanto, veio na colaboração com o projeto OffSide Brazil, da Magnum Photos, onde passamos a dialogar com uma estética mais leve.
5. A MN tem alguma cartilha ou material de orientação aos fotógrafos? Se sim, ela é disponibilizada ao público?
Sim, temos cartilhas e tutoriais que divulgamos e distribuímos abertamente para quem quiser utilizar. Tudo o que laboratoriamos enquanto o uso de tecnologias sociais, de equipamentos e softwares, são sistematizados e liberados para que sejam usado por todos, inclusive ampliando para as Universidades e outros campos de formação acadêmica.
6. Em termos de dispositivos móveis, o que a MN percebeu que funciona e o que não funciona em a cobertura de dispositivos móveis? Sobre operacionalização do trabalho, o que vocês aprenderam com a cobertura das manifestações?
Os dispositivos móveis estão cada vez mais concentrando programas e aplicativos, antes usado somente no computador. Hoje já conseguimos transferir as imagens direto da câmera para o celular, fazer edições, escolher resolução e publicar as imagens nas redes sociais, ou seja, um avanço enorme no processo edição móvel, e também um aperfeiçoamento nas câmeras desses dispositivos. Mas ainda há limitações, o tratamento em raw não tem muita qualidade, as postagens em geral comprimem muito a qualidade dos arquivos, e o respiro entre o ato fotográfico e a edição pode ser também importante para refletir e melhor compreender sobre o que se viu, ou pensa sobre determinados assuntos.
A cobertura em tempo real é muito útil para situações de alto impacto e também na logica de estar à frente dos veículos tradicionais, com imagens melhores e disponibilizadas de forma livre na rede. Ao mesmo tempo, é preciso qualificar todo o processo, entendendo a fotografia como uma linguagem capaz de aprofundar debates e percepções sobre a realidade.
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Outra maneira que os jornalistas tem se reinventado é no uso de novas plataformas e das redes sociais para produzir conteúdo. O que acontece nas redes sociais tem se tornado pauta dos grandes veículos. Um exemplo disso é a reportagem que o Fantástico fez sobre a polêmica do vestido. Essa discussão, que começou no Facebook foi tema de uma reportagem na revista eletrônica dominical.
Nesse ano, New York Times e The Guardian passam a publicar diretamente no Facebook ao invés de somente postagem de links. Além disso, a criação de plataformas de consumo de conteúdos mais longos como Medium e Atavist, tem aberto a porta para os profissionais publicarem conteúdo que normalmente não tem chance na grande mídia.
A internet e as redes sociais tem aberto novas possibilidades de negócios tanto para os jornalistas independentes quanto para os grandes conglomerados de comunicação.
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