Os investimentos globais em campanhas com criadores de conteúdo devem atingir US$ 32,55 bilhões em 2025 (INFLUENCER MARKETING HUB, 2025). Paralelamente, a carreira de creator desperta fascínio: três em cada quatro jovens brasileiros gostariam de se tornar influenciadores (O TEMPO, 2024). O fenômeno é alimentado pelo baixo custo de entrada e por narrativas de sucesso amplamente divulgadas. Ao mesmo tempo, a lógica algorítmica das plataformas privilegia conteúdos que geram engajamento, ampliando a visibilidade de publicações patrocinadas e reforçando ciclos de consumo.
A UNESCO define alfabetização midiática e informacional como o conjunto de competências que permite ao cidadão acessar, avaliar, usar e criar conteúdos de forma crítica (UNESCO, 2024). No contexto do marketing de influência, tais competências envolvem recohecer quando um vídeo é patrocinado, identificar vieses e refletir sobre os impactos das recomendações na formação de preferências de consumo e na autoestima. No entanto, apenas 58% dos adolescentes afirmam saber “verificar se uma informação encontrada na internet está correta”, e diferenciar conteúdo patrocinado permanece um desafio (CGI, 2023). A assimetria entre a sofisticação das técnicas de publicidade nativa e as habilidades críticas dos jovens evidencia a urgência de políticas educativas específicas.
Consequências observadas
Entre os efeitos percebidos, destacam-se o aumento das compras impulsivas, 49% dos jovens pedem produtos aos responsáveis após ver uma publicidade online (CGI, 2023), a intensificação de sentimentos de inadequação devido a curadorias irreais de beleza e estilo de vida (UNESCO, 2024) e o risco de endividamento precoce, potencializado por meios de pagamento instantâneos como o pix (CONAR, 2023). Tais consequências extrapolam o âmbito individual, impactando famílias e escolas, que passam a lidar com desafios de consumo, autoestima e saúde mental.
Caminhos para uma educação midiática
Boas práticas de marcas e influenciadores
O marketing de influência veio para ficar, mas sua força sobre o imaginário juvenil impõe dever de cuidado compartilhado entre escolas, famílias, plataformas e anunciantes. Investir em alfabetização midiática não é demonizar influenciadores; é capacitar adolescentes a distinguir desejo genuíno de impulso moldado por algoritmos. Cidadãos críticos são condição para democracias saudáveis (UNESCO, 2024). Se quisermos que a próxima geração seja mais autora que alvo, o ensino sobre publicidade nativa deve ocupar lugar cativo no currículo.
Referências
CGI COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023: uso da Internet por crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: CGI.br, 2023. Disponível em: https://cetic.br/media/analises/tic_kids_online_brasil_2023_principais_resultados.pdf.
CONAR CONSELHO NACIONAL DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA. Guia de Boas Práticas para a Publicidade Online Voltada ao Público Infantil. São Paulo: CONAR, 2023. Disponível em: http://www.conar.org.br/pdf/guia-infantil-conar.pdf. Acesso em: 05 jun. 2025.
INFLUENCER MARKETING HUB. Influencer Marketing Benchmark Report 2025. Londres, 2025. Disponível em: https://influencermarketinghub.com/influencer-marketing-benchmark-report/.
O TEMPO. 75 % dos jovens brasileiros sonham em ser influencers, diz pesquisa. Belo Horizonte, 17 out. 2024. Disponível em: https://www.otempo.com.br/interessa/2024/10/17/75--dos-jovens-brasileiros-sonham-em-ser-influencers--diz-pesqui.
UNESCO. Media and Information Literacy. Paris: UNESCO, 2024. Disponível em: https://www.unesco.org/en/media-information-literacy.
SCHULZ, Madeleine. What influencer marketing budgets should look like in 2025. Vogue Business, London, 6 jan. 2025. Disponível em: https://www.voguebusiness.com/story/companies/what-influencer-marketing-budgets-should-look-like-in-2025.
Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: Eu, Victoria Rhaisa Knapik, declaro que, na elaboração deste trabalho, utilizei a inteligência artificial ChatGPT para aprimorar o texto. Enviei trechos de minha autoria para que a IA reescrevesse, buscando melhorar a estrutura e a clareza das informações. Além disso, as ferramentas foram empregadas para automatizar processos, como a organização das referências no formato ABNT. Ressalto que, após o uso dessas ferramentas, todos os textos foram revisados e editados por mim, garantindo que o conteúdo esteja em conformidade com o método científico. Assumo total responsabilidade pelo conteúdo final desta publicação.
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