sexta-feira, 12 de julho de 2024

A influência das redes sociais na vida financeira dos brasileiros

 A influência das redes sociais na vida financeira dos brasileiros

Autor: Saul Rafael Gallera Gonçalves

Matrícula: 20204874


Introdução

O uso das redes sociais estão cada vez mais presente na vida dos brasileiros. De acordo com um relatório produzido pela We Are Social em parceria com a Meltwater, no início de 2024, 144 milhões de brasileiros tinham contas ativas em redes sociais. Com um espaço cada vez mais relevante na vida da população, impulsionadas pela participação e aumento crescente do número de influenciadores digitais, as redes estão cada vez mais participativas nas escolhas da população. Segundo dados da Statista, 43% dos brasileiros afirmam já terem comprado algo por indicação de um influenciador, e, de acordo com a 12ª Pesquisa Anual da Deloitte, publicada em 2023, integrantes das Gerações Z e Millennials informam que, as redes sociais têm grandes impactos em suas vidas financeiras e nos investimentos.

O crescimento dos influenciadores no mercado financeiro

Influenciadores do mercado financeiro fazem parte destes números crescentes do meio digital. Divididos entre produtores de conteúdo, traders, investidores independentes e outros, apenas no segundo semestre de 2023, estes profissionais viram um aumento de 18.1% de seu nicho, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). O poder de influência obtido por eles pode afetar nas decisões de compras, no planejamento financeiro e nos investimentos dos brasileiros. Segundo pesquisa realizada pela Planejar, em 2023, 82.3% dos brasileiros preocupam-se com o planejamento financeiro de suas famílias, porém apenas 27.2% desta parcela busca apoio profissional para essa tarefa.


O impacto das redes sociais nas decisões de investimento

Um estudo realizado pela B3 (Bolsa de Valores brasileira) mostrou que 75% das pessoas começam a realizar seus investimentos com base em orientações disponibilizadas por influenciadores. Segundo André Bobek, as pessoas se familiarizam com o influenciador pela forma de falar ou pela realidade mostrada via redes sociais, mas aponta que só isso não é suficiente para, faz-se necessário garantir que o influenciador tem propriedade no assunto, que é de suma importância.

A influência das redes sociais no comportamento financeiro

Pesquisas realizadas para estudar a inadimplência do brasileiro, como o Raio-X da Inadimplência Brasileira, realizado pela MFM Tecnologia em parceria com o Instituto Locomotiva, mostram que 23% das pessoas afirmam que são incentivadas, por meio das redes, a terem um mau comportamento financeiro. Um estudo realizado pelo Swiss Finance Institute Research mostra que 56% dos conteúdos disponíveis nas redes sociais influenciam de forma prejudicial à saúde financeira dos usuários.

A predominância das redes sociais como má influência

As redes sociais se tornaram a principal "má influência" para a vida financeira, ultrapassando programas de TV e amigos, segundo brasileiros endividados. Segundo a pesquisa quantitativa “Raio X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”, realizada pelo Instituto Locomotiva e pela MFM Tecnologia, que atua no segmento de cobrança, 23% das pessoas com alguma dívida são influenciadas pelas redes. Na sequência, aparecem programas de TV com 13% dos endividados, em seguida, amigos com 11% e, por último, o cônjuge com 10%.

Na pesquisa do ano passado, as redes sociais apareciam apenas na terceira posição, citadas por 16%, atrás de programas de TV (então com 21%) e amigos (17%). Entre os fatores que podem explicar essa mudança de colocação das redes sociais, está o estímulo ao consumo e a tentativa de se equiparar a outros usuários, afirma o diretor de inovação e marketing da MFM, Luiz Ojima Sakuda. 

Em contrapartida, as redes também aparecem em destaque entre as boas influências para a vida financeira, citadas por 17% dos endividados, atrás apenas de marido ou esposa com 27%.

A pesquisa foi feita on-line e consultou 983 pessoas entre 11 e 22 de setembro, onde 251 são inadimplentes, 450 têm dívidas em dia e 282 não têm dívidas. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais. Entre os inadimplentes, 36% colocam a falta de planejamento como motivo, 34% citam a perda do emprego e 30%, um gasto não previsto com saúde. As dívidas mais citadas pelos inadimplentes são com cartão de crédito, 60% dos participantes e empréstimos de bancos, 43% deles.

O endividamento no Brasil e seus impactos

A pesquisa mostra que 77% dos lares brasileiros têm dívidas e 30% têm alguma delas atrasada. Após forte crescimento depois da pandemia, os indicadores deixaram de piorar, mas permanecem em nível elevado. Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que, em janeiro de 2020, antes da pandemia, 65,3% das famílias tinham dívidas a vencer. Três anos depois, esse percentual subiu para 78%, caindo para 76,6% em novembro.

O número de famílias inadimplentes também caiu em novembro, relativamente ao mesmo período de 2023. “O percentual alcançou 29%, representando o menor patamar desde junho de 2022. O número de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores recuou para 12,5%, mas continua superior ao nível de novembro do ano passado”, diz Felipe Tavares, economista-chefe da entidade empresarial.

Os impactos do endividamento na vida pessoal

A situação mais delicada no bolso tem implicações na vida pessoal dos inadimplentes. Segundo a pesquisa do Instituto Locomotiva e da MFM Tecnologia, 98% das pessoas dizem que o endividamento afeta negativamente pelo menos um aspecto da vida. Os maiores impactos estão no estado emocional, na felicidade e na autoestima, na vida familiar e no sono. Outro impacto é na vida profissional: o percentual de citações aumentou de 79% em 2022 para 84% em 2023.

Conclusão

As redes sociais se tornaram uma ferramenta presente na vida dos brasileiros, influenciando os hábitos de consumo, decisões financeiras e de compra. O aumento do número de influenciadores digitais, especialmente no nicho financeiro, demonstra o quanto essas plataformas impactam no planejamento e nos investimentos das pessoas. No entanto, é de suma importância que os usuários dessas redes saibam filtrar as informações úteis e separá-las das prejudiciais, buscando sempre validar o conhecimento dos influenciadores que seguem e verificar a veracidade do conteúdo. A educação financeira e o uso consciente das redes sociais podem ser ferramentas poderosas para melhorar a saúde financeira da população, desde que sejam utilizadas com responsabilidade. As redes sociais mostram ser uma influência tanto negativa quanto positiva na vida financeira dos brasileiros, o que reforça a necessidade de um uso equilibrado e meticuloso das plataformas, principalmente quando o assunto é dinheiro.

Referências

Redes sociais e influenciadores: ajudam ou atrapalham o planejamento financeiro?. Terra. Disponível em: https://www.terra.com.br/economia/redes-sociais-e-influenciadores-ajudam-ou-atrapalham-o-planejamento-financeiro,48a1b832484dcc89ad1e684c9bfaa98ayjy3vdzs.html. Acesso em: 11 jul. 2024.

Culpa do Insta? Redes sociais são as maiores vilãs da vida financeira, dizem endividados. Gazeta do Povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/culpa-do-insta-redes-sociais-sao-as-maiores-vilas-da-vida-financeira-dizem-endividados/. Acesso em: 12 jul. 2024.













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