A influência das redes sociais na vida financeira dos brasileiros
Autor: Saul Rafael Gallera Gonçalves
Matrícula: 20204874
Introdução
O uso das redes sociais
estão cada vez mais presente na vida dos brasileiros. De acordo com um
relatório produzido pela We Are Social em parceria com a Meltwater, no início
de 2024, 144 milhões de brasileiros tinham contas ativas em redes sociais. Com
um espaço cada vez mais relevante na vida da população, impulsionadas pela
participação e aumento crescente do número de influenciadores digitais, as
redes estão cada vez mais participativas nas escolhas da população. Segundo
dados da Statista, 43% dos brasileiros afirmam já terem comprado algo por
indicação de um influenciador, e, de acordo com a 12ª Pesquisa Anual da
Deloitte, publicada em 2023, integrantes das Gerações Z e Millennials informam que,
as redes sociais têm grandes impactos em suas vidas financeiras e nos
investimentos.
O crescimento dos influenciadores
no mercado financeiro
Influenciadores do mercado financeiro fazem parte destes números crescentes do meio digital. Divididos entre produtores de conteúdo, traders, investidores independentes e outros, apenas no segundo semestre de 2023, estes profissionais viram um aumento de 18.1% de seu nicho, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). O poder de influência obtido por eles pode afetar nas decisões de compras, no planejamento financeiro e nos investimentos dos brasileiros. Segundo pesquisa realizada pela Planejar, em 2023, 82.3% dos brasileiros preocupam-se com o planejamento financeiro de suas famílias, porém apenas 27.2% desta parcela busca apoio profissional para essa tarefa.
O impacto das redes sociais
nas decisões de investimento
Um estudo realizado pela B3 (Bolsa de Valores brasileira) mostrou que 75% das pessoas começam a realizar seus investimentos com base em orientações disponibilizadas por influenciadores. Segundo André Bobek, as pessoas se familiarizam com o influenciador pela forma de falar ou pela realidade mostrada via redes sociais, mas aponta que só isso não é suficiente para, faz-se necessário garantir que o influenciador tem propriedade no assunto, que é de suma importância.
A influência das redes sociais
no comportamento financeiro
Pesquisas realizadas para
estudar a inadimplência do brasileiro, como o Raio-X da Inadimplência
Brasileira, realizado pela MFM Tecnologia em parceria com o Instituto
Locomotiva, mostram que 23% das pessoas afirmam que são incentivadas, por meio
das redes, a terem um mau comportamento financeiro. Um estudo realizado pelo
Swiss Finance Institute Research mostra que 56% dos conteúdos disponíveis nas
redes sociais influenciam de forma prejudicial à saúde financeira dos usuários.
A predominância das redes
sociais como má influência
As redes sociais se
tornaram a principal "má influência" para a vida financeira,
ultrapassando programas de TV e amigos, segundo brasileiros endividados. Segundo
a pesquisa quantitativa “Raio X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”,
realizada pelo Instituto Locomotiva e pela MFM Tecnologia, que atua no segmento
de cobrança, 23% das pessoas com alguma dívida são influenciadas pelas redes. Na
sequência, aparecem programas de TV com 13% dos endividados, em seguida, amigos
com 11% e, por último, o cônjuge com 10%.
Na pesquisa do ano passado, as redes sociais apareciam apenas na terceira posição, citadas por 16%, atrás de programas de TV (então com 21%) e amigos (17%). Entre os fatores que podem explicar essa mudança de colocação das redes sociais, está o estímulo ao consumo e a tentativa de se equiparar a outros usuários, afirma o diretor de inovação e marketing da MFM, Luiz Ojima Sakuda.
Em contrapartida, as redes também aparecem em destaque entre as boas influências para a vida financeira, citadas por 17% dos endividados, atrás apenas de marido ou esposa com 27%.
A pesquisa foi feita
on-line e consultou 983 pessoas entre 11 e 22 de setembro, onde 251 são
inadimplentes, 450 têm dívidas em dia e 282 não têm dívidas. A margem de erro é
de 3,1 pontos percentuais. Entre os inadimplentes, 36% colocam a falta de
planejamento como motivo, 34% citam a perda do emprego e 30%, um gasto não
previsto com saúde. As dívidas mais citadas pelos inadimplentes são com cartão
de crédito, 60% dos participantes e empréstimos de bancos, 43% deles.
O endividamento no Brasil
e seus impactos
A pesquisa mostra que 77%
dos lares brasileiros têm dívidas e 30% têm alguma delas atrasada. Após forte
crescimento depois da pandemia, os indicadores deixaram de piorar, mas
permanecem em nível elevado. Um levantamento da Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que, em janeiro de 2020,
antes da pandemia, 65,3% das famílias tinham dívidas a vencer. Três anos
depois, esse percentual subiu para 78%, caindo para 76,6% em novembro.
O número de famílias
inadimplentes também caiu em novembro, relativamente ao mesmo período de 2023.
“O percentual alcançou 29%, representando o menor patamar desde junho de 2022.
O número de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses
anteriores recuou para 12,5%, mas continua superior ao nível de novembro do ano
passado”, diz Felipe Tavares, economista-chefe da entidade empresarial.
Os impactos do endividamento
na vida pessoal
A situação mais delicada
no bolso tem implicações na vida pessoal dos inadimplentes. Segundo a pesquisa
do Instituto Locomotiva e da MFM Tecnologia, 98% das pessoas dizem que o endividamento
afeta negativamente pelo menos um aspecto da vida. Os maiores impactos estão no
estado emocional, na felicidade e na autoestima, na vida familiar e no sono. Outro
impacto é na vida profissional: o percentual de citações aumentou de 79% em
2022 para 84% em 2023.
Conclusão
As redes sociais se
tornaram uma ferramenta presente na vida dos brasileiros, influenciando os
hábitos de consumo, decisões financeiras e de compra. O aumento do número de
influenciadores digitais, especialmente no nicho financeiro, demonstra o quanto
essas plataformas impactam no planejamento e nos investimentos das pessoas. No
entanto, é de suma importância que os usuários dessas redes saibam filtrar as
informações úteis e separá-las das prejudiciais, buscando sempre validar o
conhecimento dos influenciadores que seguem e verificar a veracidade do
conteúdo. A educação financeira e o uso consciente das redes sociais podem ser
ferramentas poderosas para melhorar a saúde financeira da população, desde que sejam
utilizadas com responsabilidade. As redes sociais mostram ser uma influência
tanto negativa quanto positiva na vida financeira dos brasileiros, o que
reforça a necessidade de um uso equilibrado e meticuloso das plataformas,
principalmente quando o assunto é dinheiro.
Referências
Redes sociais e
influenciadores: ajudam ou atrapalham o planejamento financeiro?. Terra.
Disponível em:
https://www.terra.com.br/economia/redes-sociais-e-influenciadores-ajudam-ou-atrapalham-o-planejamento-financeiro,48a1b832484dcc89ad1e684c9bfaa98ayjy3vdzs.html.
Acesso em: 11 jul. 2024.
Culpa do Insta? Redes
sociais são as maiores vilãs da vida financeira, dizem endividados. Gazeta do
Povo. Disponível em:
https://www.gazetadopovo.com.br/economia/culpa-do-insta-redes-sociais-sao-as-maiores-vilas-da-vida-financeira-dizem-endividados/.
Acesso em: 12 jul. 2024.
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