segunda-feira, 5 de abril de 2021

As redes sociais como um meio de ativismo

     Desde o surgimento das redes sociais já se pode falar do ativismo digital. Sabemos que é consideravelmente mais fácil para uma pessoa se engajar com uma causa no meio virtual do que no meio físico, e este é só um dos vários motivos que tornam o ativismo digital relevante no momento atual. Neste artigo, vamos entender um pouco mais sobre o surgimento do ciberativismo e a evolução dessa forma de mobilização social a partir da elucidação de conceitos e citação de exemplos relevantes. 

Fonte: Blog "Comunicação e Política"

    Começando do início: ativismo nas redes sociais é um conceito que faz referência a atividades que utilizam das redes para promover o apoio a uma causa específicaEle tem potencial de impactar pessoas, grupos, organizações, órgãos governamentais e internacionais, e, assim, se transforma em arma para a reinvidicação de demandas. primeiro registro de ativismo online, segundo postagem da Stoodi, de que se tem notícias aconteceu praticamente junto ao surgimento da própria internet, em meados da década de 1980. Eram distribuídos, via e-mail, listas e sites voltados para a distribuição de informações sobre direitos e conciliação de discussões internacionais. 
    O meio digital hoje faz parte integralmente da vida das pessoas (sem desconsiderar, é claro, a parcela da população que não possui acesso). Em 2020, em relatório lançado pelas empresas We Are Social e Hootsuite, no Brasil 140 milhões de pessoas têm contas ativas em redes sociais (cerca de 66% da população geral). Existem ainda dados divulgados de 2017 que mostram que 60% dos brasileiros acreditam que as redes sociais contribuem para a mudança de opinião a respeito de algum problema social e 9,5 milhões já participaram de movimentos sociais ou políticos através das redes. Dá para imaginar como esses números devem estar hoje após o início da pandemia e a eclosão de movimentos globais como o Black Lives Matter ou a influência de figuras como Luisa Mell no Brasil pelos direitos dos animais.  
    Outro fator importante e bastante conhecido por conta dos fenômenos políticos contemporâneos é que as redes, utilizadas com esse intuito, também podem representar uma conotação negativa, como é o caso da disseminação de fake news que comprovadamente influenciou eleições ao redor do mundo, incluindo no Brasil em 2018. Existem, ainda, estudos que apontam que o ciberativismo pode ser mais perigoso que o físico, pois pode ter efeitos mais duradouros - uma vez que a informação está nas redes, é praticamente impossível tirá-la. Deste modo, além da conotação negativa que as fake news trazem, temos inúmeros casos de vazamentos de dados e "hackitivismo" que geram polêmicas repercussões globais. Segundo o especialista Anchises Moraes (analista de inteligência em ameaças na empresa da segurança RSA), em entrevista para o G1, "no protesto físico, quebrou, conserta e tudo bem. Mas no protesto online se expões os dados do dono do instituto, do dono de uma escola (...) uma vez expostos, os dados estão para sempre na internet". 

    É claro e evidente que a repercussão do ciberativismo evoluiu ao longo do tempo, adquirindo novas conotações, novas propostas para movimentos sociais existentes e tradicionais, além de também ser frequente sua utilização de forma negativa, como disseminar notícias falsas visando influenciar o comportamento de grandes massas. De qualquer forma, o ativismo digital foi responsável por levar a mobilização social a um outro nível: é mais fácil e possível engajar um número muito maior de pessoas por uma causa, além de não haver limites de tempo e espaço.
    Em um contexto de isolamento e quarentena, as comunidades digitais têm ganhado um novo papel de mobilização. Os hábitos de consumo e comportamentos que já vinham migrando para o "online" tiveram ainda mais um "boom" de transmutação para a internet, adaptando até mesmo eventos tradicionalmente presenciais como a Parada do Orgulho LGBTQ+. Esse cenário alerta a necessidade de olharmos o ativismo digital com cautela e criticidade, dado que também passou a ser espaço para oportunismo e apoio às causas mais midiáticas com fins econômicos.     
    Isso, certamente, levantou alguns questionamentos ainda debatidos e estudados: como regular a disseminação da informação sem prejudicar a liberdade de expressão? Quais os limites da expressão pelas redes? O ativismo continua além das redes ou pode ser considerado "falso" ou "passageiro"? Independente disso, o ativismo digital é real e sua penetração na sociedade é tão fluida quanto a das redes sociais, pois mais do que ferramentas de comunicação, as redes são verdadeiros ambientes de discussão, onde se criam heróis e vilões, elegem-se e destituem-se presidentes e definem-se os rumos de uma nação. 
    Aos interessados em aprofundar o conteúdo deste artigo, disponibilizo o Ted Talk de André Luis Bordignon sobre o tema, de 2015,


e uma provocação através da charge:



Disponível em: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl6WTn5MMeOe7yqf5BdWYB_7poOkwDhN9v6KC2Np8dQl3OtTilv7poJXMw03lyIwIS0e0WgQvcQDwTg1HMqxXZ9K0OhjpKgLnxF_r7uUoSVORUyNH33RdF7Y5H0aTEpgfj410_b2lLNTQa/s1600/249958_367713803323737_1653968151_n.jpg 


Referências:

CASSIANO, Adriele. Ativismo a partir das redes sociais. Disponível em: https://paineira.usp.br/celacc/sites/default/files/media/tcc/426-1204-1-PB.pdf. Acesso em 29 mar. 2021. 

COMUNICAÇÃO E POLÍTICA. Ciberdemocracia, ciberativismo e política: O caminho para realidade virtual. Disponível em: https://www.imakay.org/compol/democracia-digital/ciberdemocracia-ciberativismo-e-politica-o-caminho-para-realidade-virtual/. Acesso em 29 mar. 2021. 

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO. Ativismo nas Rede Sociais: Características, impactos e exemplos. Disponível em: https://fia.com.br/blog/ativismo-nas-redes-sociais/Acesso em 29 mar. 2021. 

G1 GLOBO.COM. Protesto on-line pode ser mais perigoso que o físico, diz especialista. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2013/10/protesto-line-pode-ser-mais-perigoso-que-o-fisico-diz-especialista.htmlAcesso em 29 mar. 2021. 

PROPMARK. Ciberativismo e relevância no contexto de isolamento. Disponível em: https://propmark.com.br/digital/ciberativismo-e-relevancia-no-contexto-de-isolamento/Acesso em 29 mar. 2021. 

STOODI. Ativismo nas Redes Sociais. Disponível em: https://www.stoodi.com.br/blog/redacao/ativismo-nas-redes-sociais/Acesso em 29 mar. 2021. 


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