segunda-feira, 19 de junho de 2017

O impacto das redes sociais nos relacionamentos interpessoais



Aluno: Arthur Claudio Ventura

Matricula: 11201336


Antes de falarmos sobre como as redes sociais estão interferindo e modificando as relações pessoais e sociais, é preciso trazer o contexto no qual esse comportamento está inserido. Vivemos hoje a era da informação, da velocidade, das conexões. Tudo o que acontece no mundo está disponível na palma de nossas mãos a um clique. E nesse cenário, as redes sociais não só tiveram um papel extremamente importante, como foram o principal propulsor dessa disseminação intensa e instantânea de conteúdo.
E não podemos falar de redes sociais e instantaneidade sem mencionar, antes, de onde surgiu tudo isso. A cibercultura é a união da tecnicidade com a socialidade. Hoje, as distâncias se reduzem e a desterritorialização acontece fazendo com que as técnicas aplicadas à rede em um tempo real possibilite uma comunicação mais personalizada e bidirecional.
O sociólogo Michel Maffesoli entende que a pós modernidade é formada por várias tribos (CAMARGO, 2012), grupos de pessoas que, dentro dos seus interesses, culturas, costumes e hábitos, se encontram e compartilham, através da rede aquilo que desejam.

A cibercultura, como proposta de uma nova forma de viver a cultura, é uma janela aberta, onde o documentário está inserido. Entendê-la em uma visão social é importante pelo seu atual estágio de conexão entre as pessoas. (Doc e cibercultura, Aliana Camargo)

Em sua dissertação de mestrado a pesquisadora Aliana França Camargo coloca que a atual dinâmica social na qual vivemos traduz o desejo das pessoas de se conectarem através do ciberespaço, comunicado-se de uma maneira direta, eficaz e imediata. Camargo traz o autor Pierre Lévy que dá uma perspectiva um pouco maior sobre essa nova maneira de interação da sociedade:

[..] essa comunicação através do ciberespaço se dá de forma universal sem ser totalitária, porque incide sobre trocas de informações bidirecionais sem que haja uma homogeneização de sentidos, havendo multiplicação de muitas vozes. (Doc e ciberespaço, Lévy apud Camargo)

Esse movimento cada vez maior da sociedade para a comunicação em rede muda completamente as lógicas de produção. Se antes éramos apenas consumidores da informação, passamos a ser também produtores, interferindo diretamente no que é pautado pelos meios de comunicação tradicionais. Autonomia, domínio e velocidade, podemos dizer que essas são as três palavras que, hoje, definem as cibercultura e suas ramificações.
Contudo, não podemos mais ignorar o impacto que novas tecnologias, mas especificamente as redes sociais tiveram, e ainda têm, na vida das pessoas e nas suas vidas em sociedade. Em seu artigo A rede é a mensagem, a pesquisadora e especialista, Raquel Recuero traz McLuhan quando coloca que interessa, na visão desse estudiosos, são os efeitos desses meios, mais do que o seu conteúdo. Porque são esses efeitos que irão mostrar o quanto esses meios impactam os sentidos e influenciam os sujeitos.
Kleinberg e Easley (2010) explicam que a rede proporciona aos indivíduos
influenciarem-se uns aos outros. Parte dessa influência dá-se pela informação disponível que circula na rede. Quando essa informação consegue impactar a decisão de diversos indivíduos e gerar um comportamento de massa na sua difusão, há uma epidemia. Kleinberg e Easley (2010) chamam a esse comportamento de "cascata". Para os autores, a cascata é um efeito da circulação de informações em um determinado grupo, gerado pela imitação. (o meio é a mensagem, Raquel Recuero, pg 6)
A partir daí, é possível começar a analisar não só os efeitos das redes sociais, como também de que forma ela passou a proporcionar ao indivíduo novas possibilidade de interação social, culminando assim na virtualização da vida.
Em sua pesquisa, O Fenômeno Instagram: considerações sob a perspectiva tecnológica, Mariana Vassalo Piza traz que os indivíduos que passam a integrar essas comunidades virtuais, como o Instagram, por exemplo, não necessariamente se conhecem além da realidade virtual mas mantém laços mesmo que fracos e informais uns com os outros, principalmente por esse meios permitirem algo considerado importante na construção social: a popularização do indivíduo.
Para Castells depois da predominância das relações primária e secundárias, o novo padrão dominante é o terciário, personalizado, baseado em redes “egocêntricas” exaltando a individualidade. (Castells apud Piza. Pg 42 - Fenômeno Instagram: considerações sob a perspectiva tecnológica)
Diante dessa perspectiva, é possível concluirmos que ao encontrar um ambiente propício, como as redes sociais, o indivíduo, que antes restringia suas possibilidades de integração, interação e comunicação, ganha com as redes sociais um novo espaço para se expor como ser social e construir, mesmo que frágeis, sua rede de relacionamentos e impactando diretamente na forma como o ser social passa a se constituir e se colocar perante a sociedade.

Referências:
http://cpd1.ufmt.br/ecco/site/docs/dissertacoes/aliana_franca_camargo.pdf
http://www.raquelrecuero.com/arquivos/redemensagem.pdf

http://bdm.unb.br/bitstream/10483/3243/1/2012_MarianaVassalloPiza.pdf

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