domingo, 27 de novembro de 2016

O papel da tecnologia na economia compartilhada

            Os tempos modernos são de renovação na economia, a internet não só proporcionou a expansão dos modelos de negócios já existentes como também através das mudanças de hábitos de consumo das pessoas a criação de novos, modelos esses baseados em uma prática já antiga que é a da economia compartilhada.

            A economia compartilhada ou colaborativa é tão antiga quanto a humanidade, ela é baseada na negociação entre pessoas que tem um serviço ou bem ocioso e gostariam de compartilhar isto com outra pessoa que tem o interesse em adquirir tal serviço ou utilizar-se de tal bem. Esse tipo de economia como já dito não é nenhuma novidade pois as pessoas já praticavam ela só que numa escala muito menor que atualmente, um exemplo desse modelo de negócio é quando alguém compartilha algo com outra pessoa em troca de dinheiro para dividir os custos de tal bem ou serviço.

            Esse tipo de negócio nos últimos anos tem ganhado uma proporção muito maior e de escala mundial graças à internet, anteriormente negociações do tipo só aconteciam com pessoas próximas de seu círculo social por se basearem na confiança, porém graças a aproximação das pessoas proporcionada pelas redes sociais é possível através de outras ferramentas e aplicativos conectar pessoas interessadas em compartilhar um bem ou serviço com outras pessoas e por esses meios classificar a confiabilidade dos seus usuários. Exemplos de empresas que utilizam esse modelo de negócios são a Airbnb e o Uber.

            Outro fator que contribuiu para dispersão desse modelo de negócios foi a mudança de hábito das pessoas como consumidores, que segundo Carpanez & Ferreira “A posse do objeto ou do espaço não é mais o fim em si. Há uma materialização de uma vida on demand, como já é na vida digital. A experiência é o foco do consumo. ”. Com o foco passando do objeto para a experiência a necessidade de possuir certos bens para usufruir deles foi deixando de ser uma realidade.

        A mudança de foco dos objetos para experiência não só possibilitou o compartilhamento de bens materiais como também permitiu que algumas empresas explorassem serviços digitais que substituiriam por completo a necessidade de se possuir alguns bens, exemplo disso são a Netflix e o Spotify, ambas são empresas no ramo de transmissão de conteúdo no formato digital, no caso da Netflix seu conteúdo é áudio visual e no caso do Spotify é apenas de áudio. Ambas as empresas popularizaram o uso dos serviços de streaming pelo mundo, fazendo com que a necessidade de se possuir uma mídia física para ver filmes e séries ou ouvir a músicas deixasse de existir.

            Mas afinal de contas que outras vantagens os serviços baseados em economia compartilhada trouxeram para ambos os fornecedores quanto para os consumidores além da substituição de alguns bens físicos para meios digitais? Para os fornecedores de serviços como Airbnb e Uber esse modelo de negócios trouxe uma oportunidade de ganhar uma renda extra em cima de um bem ocioso e que geralmente traria apenas despesas. Já no lado do consumidor trouxe a ideia de estabelecer vínculos comerciais diretamente com outras pessoas e não com empresas específicas, ou seja cortando o intermediário, isso possibilita uma redução de preço na oferta desses serviços quando comparados aos mesmos tipos de serviço fornecidos pelo modelo tradicional.

        A Airbnb é um site que traz uma ferramenta que possibilita usuários no mundo todo que tem espaço livre em sua residência disponibilizarem ele para pessoas que tem o interesse em hospedar-se na região e não querem contratar os serviços de um hotel, a ferramenta traz o que foi comentado anteriormente que é uma maneira de classificar se um usuário é confiável ou não através de pontuação que os usuários dão uns aos outros após usufruir do serviço. Outro ponto atrativo do serviço fora os preços serem geralmente mais acessíveis do que os oferecidos por um hotel é também a questão da troca cultural que o serviço possibilita ao fazer com que a pessoa hospedada tenha contato direto com uma pessoa que mora na região ou por vezes a residência estar localizada em lugares menos conhecidos da cidade, fazendo com que a pessoa hospedada tenha uma experiência próxima a de quem vive na região.



         O Uber é uma empresa que possui um aplicativo para smartphones que possibilita seus usuários se cadastrarem como motoristas e como passageiros, viabilizando também o contato entre as duas partes, a empresa nesse caso tem um papel mais regulador do que no caso da Airbnb, que por sua vez tem como função apenas conectar as pessoas, no caso do Uber a empresa traz uma série de requisitos mínimos aos usuários que querem ser motoristas, isso com intuito de ter um padrão de qualidade no serviço oferecido. O serviço fornecido pelo aplicativo também é baseado na classificação das duas partes, geralmente usuários que procuram uma carona irão buscar por motorista com uma avaliação alta, o que também funciona como um mecanismo de segurança para evitar que pessoas más intencionadas possam oferecer carona.

            Porém nem todos veem esses tipos de serviço de uma maneira positiva, principalmente se o serviço oferecido está substituindo a utilização de outro que tem que seguir uma regulamentação maior por parte do governo, pois o poder judiciário de muitos países não consegue se adaptar a mudanças tão rápidas decorrentes da tecnologia e isso acaba por deixar alguns serviços desregulamentados por parte do governo. As partes que não tem uma imagem positiva desse modelo são geralmente empresas que tem um negócio que está concorrendo com os novos serviços fornecidos ou o governo pois o mesmo por faltar regulamentação não consegue arrecadar com os novos serviços.

            Segundo Dana “É um caminho sem volta, criado pela tecnologia. ” apesar de haver pressão por parte de governos e outras empresas a tendência é que cada vez mais serviços baseados na economia compartilhada comecem a aparecer no mercado, pois do outro lado tem a pressão dos consumidores que estão cada vez mais receptivos a esse tipo de serviço, fazendo com que o sistema judiciário de alguns países aja mais rapidamente na liberação ou regularização desses serviços.


            Por Thiago Santarem de Ávila

REFERÊNCIAS
CARPANEZ, Juliana; FERREIRA, Lilian. Economia Compartilhada. Disponível em: <http://tab.uol.com.br/economia-compartilhada>
MENA, Isabela. Verbete Draft: o que é Economia Compartilhada. Disponível em: <http://projetodraft.com/verbete-draft-o-que-e-economia-compartilhada>
NOVAIS, Leandro. Economia compartilhada: entenda o que é e como funciona. Disponível em: <http://educandoseubolso.blog.br/2015/04/20/economia-compartilhada-entenda-o-que-e-e-como-funciona>
TELLES, David. Dumping na economia colaborativa: uma análise crítica. Disponível em:<https://davidtelles.jusbrasil.com.br/artigos/228596228/dumping-na-economia-colaborativa-uma-analise-critica?ref=topic_feed>

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