ANÁLISE DE
REDES SOCIAIS E CONSELHOS ADMINISTRATIVOS DE EMPRESAS
A fim de
ampliar os horizontes e conhecer novas dinâmicas esta publicação tem como objetivo
apresentar como a análise de redes sociais vem impactando em modelos clássicos de
organização empresarial, mais especificamente em conselhos administrativos,
dado suas pesquisas e avanços.
Para atingir este objetivo será apresentada uma resenha de um
estudo sobre “A Influência das Redes de Relações Corporativas no Desempenho das
Empresas do Novo Mercado da BOVESPA” de Wesley Mendes-Da-Silva, Luciano
Rossoni, Diógenes Leiva Martin e Roy Martelanc, publicado na revista brasileira
de finanças em 2008.
O paper pode ser acessado pelo link, abaixo:
AFINAL,
O QUE É UM CONSELHO ADMINISTRATIVO?
Segundo Wikipédia,
conselho administrativo pode ser entendido como:
Um conjunto de membros eleitos ou designados, que conjuntamente
supervisiona as atividades de uma empresa
ou organização. Um bloco de atividades são determinadas pelos poderes, deveres
e responsabilidades delegadas a eles ou que lhe é conferido por uma autoridade
fora de si. Estas questões são tipicamente detalhada no estatuto
social da organização. O regimento interno comumente também
especificar o número de membros do conselho, como eles devem ser escolhidos, e
quando eles são para cumprir.
Para Mizruchi e Stearns (1988, p. 196), o processo de tomada de
decisões estratégicas em grandes empresas deve considerar não somente o desempenho
próprio e a estrutura de capital da firma, mas sim o ambiente econômico geral
no qual a empresa está inserida.
SINTESE DE CONSTRUÇÃO DE TAREFAS DO CONSELHO
ADMINISTRATIVO
ANÁLISE DE
REDES SOCIAIS E MÉTRICAS
As pesquisas
sobre redes sociais vêm aumentando em diversas áreas da Administração (Borgatti
e Foster, 2003). No Brasil, como exemplo, são referências os trabalhos
realizados por Rossoni e Guarido Filho (2007) e por Kirschbaum e Vasconcelos (2007).
Um dos usos
mais frequentes da análise de redes sociais é identificar os nós mais
importantes em uma rede social, ou melhor, aqueles nós mais centrais. A centralidade
pode ser vista como uma propriedade dos atores, dentro de uma determinada rede
(Wasserman e Faust, 1994). Para mensurar centralidade existem duas categorias:
local e global. Um ator é localmente central se ele apresenta um número maior
de conexões com outros. Porém, esse ator será globalmente central se ocupa uma posição
estratégica na rede de uma forma geral (Scott, 2000). Posto isto, as três métricas
mais frequentemente empregadas na análise de redes, por centralidade, são: i)
centralidade de grau (degree); ii) centralidade de intermediação (betweeness)
e; iii) centralidade de proximidade (closeness), não utilizada no estudo por limitações
estruturais.
EVIDENCIAS
EMPÍRICAS
O resultado das
relações entre os conselheiros das empresas listadas no Novo Mercado da Bovespa
refere-se à configuração da rede que os inclui. Desse modo, os resultados do
estudo, apontam para a formação de 30 componentes diferentes,
os quais agrupam os 615 conselheiros pesquisados. Destaque-se o tamanho do
componente principal, com 307 conselheiros (49,9%), e do segundo maior componente,
com 31 conselheiros (5%). A configuração estrutural da rede de conselheiros está
exposta na Figura 1. Nota-se que o maior componente engloba quase metade dos
conselheiros (nós), indicando que há um amplo canal de comunicação entre eles (laços),
segundo os autores do paper.
RESULTADOS
DO ESTUDO
Segundo os
resultados do estudo apresentado, pode-se dizer que existe relações entre
centralidade, densidade e coesão e desempenho de empresas (estudadas). Os
resultados indicaram que as formas presentes nas relações entre conselheiros,
fomentam possibilidade que empresas isoladas tendem a ter maior dificuldade
para conseguir. O estudo ainda destaca que vale diferenciar duas formas de
capital social, que foram utilizadas nesse estudo.
A primeira
forma se refere ao grau de imersão, que foram avaliadas em termos de grau,
densidade e coesão. Tal forma apresentou maior poder de explicação em relação à
rentabilidade da firma, o que indica que os laços diretos e a familiaridade com
grupos particulares levam as empresas a ter maior rentabilidade de seus ativos.
Mais estudos são necessários para entender como os relacionamentos afetam de
fato a rentabilidade das firmas de capital aberto.
A segunda
forma, que é vista como concorrente na literatura, mas empiricamente é
complementar (Lin, 2001), indica a formação de capital social em termos de
abertura, avaliada a partir da centralidade de intermediação. Tal forma mostrou-se
mais efetiva quando avaliada em termos de endividamento. Apesar de haver indícios
na literatura (Mizruchi, 1996) de que laços fracos possibilitam acesso
privilegiado a informação, tal mecanismo necessita maior investigação. Em suma,
a relação entre capital social a partir da imersão e da abertura é
complementar, levando organizações a ter benefícios de ambas as formas.
SINTESE
Podemos dizer
então que as novas dinâmicas de atuação de empresas, como é o caso algumas empresas
do novo mercado da BOVESPA, trabalhadas
no paper de Wesley Mendes-Da-Silva, Luciano Rossoni, Diógenes Leiva Martin e Roy
Martelanc, publicado na revista brasileira de finanças em 2008, demonstram a importância
e relevância dos avanços das pesquisas sobre a análise de redes sociais.
A relação
externa de membro de conselhos administrativo pluraliza as instituições,
tornando-as mais adaptadas, mais fortes e com melhores informações para tomadas
de decisões, estre processo é objeto de estudo de Mizruchi (1992) sobre decisões
políticas nas empresas. Neste estudo, as empresas foram analisadas em pares
semelhantes com diferença apenas na formação dos conselhos. Assim, constatou
que os líderes de empresas interligadas possuem mais chance de se comunicar com
outras empresas do que aquelas que não possuem ligação (exposição de fontes de
informação).
REFERÊNCIAS
Borgatti, S. P. & Foster, P. C. (2003). The network paradigm
in organizational research: A review and typology. Journal of Management,
29(6):991–1013.
Mendes-Da-Silva,
Wesley and Rossoni, Luciano and Martin, Diógenes Manoel Leiva and Martelanc,
Roy, A Influência Das Redes De Relações Corporativas No Desempenho Das Empresas
Do Novo Mercado Da BOVESPA (The Influence of Corporate Relationships Networks
on the Performance of Firms in the Novo Mercado of BOVESPA) (November 23,
2008). Revista Brasileira de Finanças, 6(3),
337-358, 2008. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2428380
Lin, N.
(2001). Social Capital: A Theory of Social Structure and Action.
Cambridge University Press, Cambridge.
Mizruchi, M. S. (1996). What do interlocks do? An analysis,
critique, and assesment of research on interlocking directores. Annual Review of Sociology, 22:271–298.
Mizruchi, M. S. & Marquis, C. (2006). Egocentric, sociocentric,
or dyadic? Identifying the appropriate level of analysis in the study of
organizational networks. Social Networks,
28:187–208.
Scott, J. (2000). Social Network Analysis: A Handbook. Sage Publications,
London, 2 edition.
Wasserman, S. & Faust, K. (1994). Social Network Analysis:
Methods and Applications. Cambridge University Press, Cambridge.
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