domingo, 27 de novembro de 2016

ANÁLISE DE REDES SOCIAIS E CONSELHOS ADMINISTRATIVOS DE EMPRESAS


ANÁLISE DE REDES SOCIAIS E CONSELHOS ADMINISTRATIVOS DE EMPRESAS

A fim de ampliar os horizontes e conhecer novas dinâmicas esta publicação tem como objetivo apresentar como a análise de redes sociais vem impactando em modelos clássicos de organização empresarial, mais especificamente em conselhos administrativos, dado suas pesquisas e avanços.

Para atingir este objetivo será apresentada uma resenha de um estudo sobre “A Influência das Redes de Relações Corporativas no Desempenho das Empresas do Novo Mercado da BOVESPA” de Wesley Mendes-Da-Silva, Luciano Rossoni, Diógenes Leiva Martin e Roy Martelanc, publicado na revista brasileira de finanças em 2008.



O paper pode ser acessado pelo link, abaixo:



AFINAL, O QUE É UM CONSELHO ADMINISTRATIVO?

Segundo Wikipédia, conselho administrativo pode ser entendido como:

Um conjunto de membros eleitos ou designados, que conjuntamente supervisiona as atividades de uma empresa ou organização. Um bloco de atividades são determinadas pelos poderes, deveres e responsabilidades delegadas a eles ou que lhe é conferido por uma autoridade fora de si. Estas questões são tipicamente detalhada no estatuto social da organização. O regimento interno comumente também especificar o número de membros do conselho, como eles devem ser escolhidos, e quando eles são para cumprir.

Para Mizruchi e Stearns (1988, p. 196), o processo de tomada de decisões estratégicas em grandes empresas deve considerar não somente o desempenho próprio e a estrutura de capital da firma, mas sim o ambiente econômico geral no qual a empresa está inserida.

SINTESE DE CONSTRUÇÃO DE TAREFAS DO CONSELHO ADMINISTRATIVO



ANÁLISE DE REDES SOCIAIS E MÉTRICAS

As pesquisas sobre redes sociais vêm aumentando em diversas áreas da Administração (Borgatti e Foster, 2003). No Brasil, como exemplo, são referências os trabalhos realizados por Rossoni e Guarido Filho (2007) e por Kirschbaum e Vasconcelos (2007).

Um dos usos mais frequentes da análise de redes sociais é identificar os nós mais importantes em uma rede social, ou melhor, aqueles nós mais centrais. A centralidade pode ser vista como uma propriedade dos atores, dentro de uma determinada rede (Wasserman e Faust, 1994). Para mensurar centralidade existem duas categorias: local e global. Um ator é localmente central se ele apresenta um número maior de conexões com outros. Porém, esse ator será globalmente central se ocupa uma posição estratégica na rede de uma forma geral (Scott, 2000). Posto isto, as três métricas mais frequentemente empregadas na análise de redes, por centralidade, são: i) centralidade de grau (degree); ii) centralidade de intermediação (betweeness) e; iii) centralidade de proximidade (closeness), não utilizada no estudo por limitações estruturais.

EVIDENCIAS EMPÍRICAS

O resultado das relações entre os conselheiros das empresas listadas no Novo Mercado da Bovespa refere-se à configuração da rede que os inclui. Desse modo, os resultados do estudo, apontam para a formação de 30 componentes diferentes, os quais agrupam os 615 conselheiros pesquisados. Destaque-se o tamanho do componente principal, com 307 conselheiros (49,9%), e do segundo maior componente, com 31 conselheiros (5%). A configuração estrutural da rede de conselheiros está exposta na Figura 1. Nota-se que o maior componente engloba quase metade dos conselheiros (nós), indicando que há um amplo canal de comunicação entre eles (laços), segundo os autores do paper.



RESULTADOS DO ESTUDO

Segundo os resultados do estudo apresentado, pode-se dizer que existe relações entre centralidade, densidade e coesão e desempenho de empresas (estudadas). Os resultados indicaram que as formas presentes nas relações entre conselheiros, fomentam possibilidade que empresas isoladas tendem a ter maior dificuldade para conseguir. O estudo ainda destaca que vale diferenciar duas formas de capital social, que foram utilizadas nesse estudo.

A primeira forma se refere ao grau de imersão, que foram avaliadas em termos de grau, densidade e coesão. Tal forma apresentou maior poder de explicação em relação à rentabilidade da firma, o que indica que os laços diretos e a familiaridade com grupos particulares levam as empresas a ter maior rentabilidade de seus ativos. Mais estudos são necessários para entender como os relacionamentos afetam de fato a rentabilidade das firmas de capital aberto.

A segunda forma, que é vista como concorrente na literatura, mas empiricamente é complementar (Lin, 2001), indica a formação de capital social em termos de abertura, avaliada a partir da centralidade de intermediação. Tal forma mostrou-se mais efetiva quando avaliada em termos de endividamento. Apesar de haver indícios na literatura (Mizruchi, 1996) de que laços fracos possibilitam acesso privilegiado a informação, tal mecanismo necessita maior investigação. Em suma, a relação entre capital social a partir da imersão e da abertura é complementar, levando organizações a ter benefícios de ambas as formas.

SINTESE

                Podemos dizer então que as novas dinâmicas de atuação de empresas, como é o caso algumas empresas do novo mercado da BOVESPA, trabalhadas no paper de Wesley Mendes-Da-Silva, Luciano Rossoni, Diógenes Leiva Martin e Roy Martelanc, publicado na revista brasileira de finanças em 2008, demonstram a importância e relevância dos avanços das pesquisas sobre a análise de redes sociais.

                A relação externa de membro de conselhos administrativo pluraliza as instituições, tornando-as mais adaptadas, mais fortes e com melhores informações para tomadas de decisões, estre processo é objeto de estudo de Mizruchi (1992) sobre decisões políticas nas empresas. Neste estudo, as empresas foram analisadas em pares semelhantes com diferença apenas na formação dos conselhos. Assim, constatou que os líderes de empresas interligadas possuem mais chance de se comunicar com outras empresas do que aquelas que não possuem ligação (exposição de fontes de informação).



 REFERÊNCIAS

Borgatti, S. P. & Foster, P. C. (2003). The network paradigm in organizational research: A review and typology. Journal of Management, 29(6):991–1013.



Mendes-Da-Silva, Wesley and Rossoni, Luciano and Martin, Diógenes Manoel Leiva and Martelanc, Roy, A Influência Das Redes De Relações Corporativas No Desempenho Das Empresas Do Novo Mercado Da BOVESPA (The Influence of Corporate Relationships Networks on the Performance of Firms in the Novo Mercado of BOVESPA) (November 23, 2008). Revista Brasileira de Finanças, 6(3), 337-358, 2008. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2428380

Lin, N. (2001). Social Capital: A Theory of Social Structure and Action. Cambridge University Press, Cambridge.


Mizruchi, M. S. (1996). What do interlocks do? An analysis, critique, and assesment of research on interlocking directores. Annual Review of Sociology, 22:271–298.



Mizruchi, M. S. & Marquis, C. (2006). Egocentric, sociocentric, or dyadic? Identifying the appropriate level of analysis in the study of organizational networks. Social Networks, 28:187–208.



Scott, J. (2000). Social Network Analysis: A Handbook. Sage Publications, London, 2 edition.



Wasserman, S. & Faust, K. (1994). Social Network Analysis: Methods and Applications. Cambridge University Press, Cambridge.

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